Milton Corrêa Ed. 1245

CRESCE O NÚMERO DE BRASILEIROS QUE CONVERSAM SOBRE O ORÇAMENTO FAMILIAR EM CASA, APONTA PESQUISA CNDL/SPC BRASIL E BANCO CENTRAL

85% dos entrevistados costumam falar dos gastos com os familiares, sendo que metade trata do assunto frequentemente. Já 79% tomam decisões relacionadas às despesas domésticas em conjunto com todos da família. Falar sobre dinheiro tem sido uma rotina cada vez mais frequente entre as famílias brasileiras. É o que revela uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Banco Central do Brasil (BCB). Os dados mostram que 85% dos entrevistados conversam em casa sobre o orçamento, sendo que metade (51%) discute com frequência – número que cresceu 7 p.p. em relação ao ano passado – e 21% apenas quando a situação financeira não está boa. Além disso, 15% assumem não tocar no assunto.

Considerando a forma como os rendimentos da família são organizados, 51% mantêm os ganhos em contas separadas, com cada um administrando suas   finanças individualmente. Outros 25% possuem conta conjunta envolvendo todo o rendimento da família e, em 19% dos casos, cada familiar separa parte dos rendimentos para guardar na conta única da família e faz o que quiser com o restante do seu dinheiro. Quando se observa como os casais pensam no que se refere à reserva financeira da família, 23% dos entrevistados afirmaram nunca ter sobras no orçamento familiar, fazendo com que o dinheiro seja sempre direcionado para o pagamento de contas básicas. Em 17% dos casos, quando há sobras, esse recurso é destinado para uso pessoal — percentual que sobre para 23% entre os mais jovens. Para outros 17%, o dinheiro fica guardado para gastos do mês seguinte, enquanto 15% direcionam para poupança ou algum tipo de investimento pessoal e outros 15% guardam o valor que sobra em um investimento da família. Ainda de acordo com o estudo, 79% dos brasileiros que moram com familiares tomam decisões sobre os gastos em conjunto com todos da casa. Já 21% afirmam que a última palavra cabe a um único morador. No que diz respeito ao uso do próprio dinheiro no dia a dia, 91% disseram tomar as próprias decisões. “Independentemente de quem paga as contas, se não há diálogo, a tendência é que surjam divergências e gastos que vão extrapolar o orçamento. É muito importante manter conversas frequentes para estabelecer alguns pontos, como valor disponível para as despesas da casa, se haverá sobras para gastos extras e, acima de tudo, definir uma quantia que possa servir de reserva para imprevistos e realização de planos da família”, ressalta o Chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central, Luis Mansur. 46% dos casais costumam brigar por questões ligadas a dinheiro; gastos além das condições financeiras estão entre os principais motivos para as desavenças

Quando o assunto é dinheiro, no entanto, manter um diálogo em casa nem sempre é tarefa fácil, já que cada pessoa possui uma forma própria de lidar com as contas no dia a dia. O levantamento revela que 46% dos casais admitem brigar por questões financeiras, sendo que o principal motivo das desavenças está ligado aos gastos realizados pelo parceiro além de suas condições financeiras (38%). Já 54% não costumam entrar em conflito por causa de dinheiro.

As discussões também são motivadas pelo fato de o cônjuge gastar tudo o que ganha e não formar uma reserva financeira (27%), existir discordâncias em relação aos gastos da casa (25%) e os atrasos no pagamento das contas (25%). Além disso, o hábito de consumir além da capacidade financeira também é considerado prejudicial à saúde do orçamento familiar, de acordo com o levantamento. Metade dos entrevistados (51%) acredita que algum dos familiares compromete com frequência o equilíbrio das contas, sendo o cônjuge apontado como um dos maiores responsáveis (20%). O estudo mostra ainda que 40% costumam gastar mais do que podem para satisfazer as vontades do marido ou da mulher. Questionados sobre quem costuma ser mais cuidadoso em administrar as finanças da casa, entre os casados ou que vivem em união estável, 52% consideram ter um controle melhor do que seus cônjuges. Já 27% declararam que ambos são igualmente controlados e 18% que é o outro. Apenas 2% reconhecem que ambos são descontrolados. “Dividir a vida com outra pessoa requer compartilhar não apenas sonhos e planos, mas sobretudo a realidade dos gastos pessoais e da família, com maior abertura possível. Não é saudável deixar para conversar com o parceiro apenas na hora em que acontece um problema. A confiança acaba sendo comprometida, com desgaste no relacionamento”, avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Três em cada dez entrevistados contam ao parceiro apenas parte das compras que fazem; principais itens omitidos são roupas e calçados

A pesquisa também constatou que 89% dos entrevistados compartilham com o cônjuge ou companheiro quanto ganham por mês, sendo que 60% sabem o valor exato e 29% apenas a quantia aproximada. A grande maioria (95%) costuma abrir seus gastos pessoais ao parceiro, sendo que 66% contam todas as compras que fazem e 29% apenas algumas. Entre os itens omitidos em relação aos gastos, estão roupas, calçados e acessórios (32%), maquiagem, perfumes e cosméticos (27%), além de comida ou guloseimas (25%). A principal razão apontada para não contar para o cônjuge as compras feitas é evitar brigas ou conflitos (45%). Outros 25% reservam parte do dinheiro para gastar como quiser no dia a dia e 15% evitam comentar quanto consomem por não gostar de ter seu dinheiro controlado pelas pessoas.

Ao avaliar se os casados pensam no futuro, 42% responderam que têm um planejamento de vida em conjunto para os próximos cinco anos e respeitam a estratégia traçada para atingir a meta — especialmente os mais jovens, com 80% das menções. Em contrapartida, 31% dos casais não possuem qualquer tipo de plano, e 27% dos entrevistados afirmam ter planos financeiros para o futuro, mas não fazem nada de concreto para atingi-lo.

PLANTIOS EXPERIMENTAIS REVELAM POTENCIAL DA CASTANHEIRA PARA REFLORESTAMENTO

 Há mais de uma década, professor da Ufopa estuda e acompanha o crescimento de plantios de castanheiras na região do rio Trombetas, município de Oriximiná (PA). Maria Lúcia Morais – Comunicação/Ufopa. Quanto tempo uma castanheira leva para dar seus primeiros frutos? Dez, vinte ou cinquenta anos? Qual a melhor área para o plantio? Sombreada ou com muita luz? Qual a altura ideal da muda? Estas e outras perguntas norteiam estudos que vêm sendo realizados, há mais de dez anos, nas unidades de conservação da região do rio Trombetas – Floresta Nacional de Saracá-Taquera (FLONAST) e Reserva Biológica (REBIO) do rio Trombetas, situadas no município de Oriximiná, no noroeste do Pará. Desde 2007, Ricardo Scoles, professor do Centro de Formação Interdisciplinar (CFI) da Ufopa, pesquisa o plantio, a ecologia e o manejo de castanhais nas unidades de conservação da região. O trabalho envolve tanto o estudo e o monitoramento de plantios experimentais de castanheira em diferentes condições ambientais na FLONAST, quanto a investigação da dinâmica populacional e da regeneração da castanheira nativa nos castanhais da REBIO e seu entorno. A pesquisa começou durante o doutorado de Scoles no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, que teve como objetivo avaliar o impacto do extrativismo na regeneração da castanheira. “Durante o doutorado, planejamos uma plantação experimental para ver o desempenho da castanheira jovem em três ambientes diferentes: roçado, capoeira e floresta”, lembra. Para facilitar o monitoramento, os plantios foram feitos em áreas próximas entre si, dentro da Floresta Nacional de Saracá-Taquera. “É uma área de uso dos quilombolas da comunidade da Tapagem”, explica Scoles. Com o consentimento da comunidade, foram plantadas 48 mudas de castanheiras, com mais de 80 centímetros de altura, em cada ambiente. “Plantamos em roçados abandonados, em uma área de capoeira e em um castanhal próximo, de acesso por igarapé. Com a ajuda da comunidade, também acompanhamos, ano após ano, a plantação nesses três ambientes”. No plantio, foram utilizadas 144 mudas doadas pelo projeto do Banco de Germoplasma (INPA/MRN), coordenado pelo pesquisador Rogério Gríbel, do INPA, e financiado pela Mineração Rio do Norte (MRN). Situada em Porto Trombetas, a empresa possui um viveiro próprio, com matrizes oriundas de diferentes regiões da Amazônia. As mudas são utilizadas para o reflorestamento de áreas desmatadas pela extração da bauxita. “Utilizamos mudas selecionadas, que vieram de Trombetas, Amapá e Rondônia. As de Trombetas foram as que tiveram um desempenho melhor, seguramente porque estavam mais adaptadas ao clima local”. Situada no noroeste do estado do Pará, a Floresta Nacional de Saracá-Taquera (FLONAST) possui 441.152 hectares de área. Localizada entre os municípios de Terra Santa, Oriximiná e Faro, na fronteira com o estado do Amazonas, a FLONAST é adjacente à Reserva Biológica do Rio Trombetas. O acesso principal é feito pelo distrito de Porto Trombetas, na margem esquerda do rio Trombetas, e pelos municípios de Faro e Terra Santa, pelo rio Nhamundá.

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