Artigo – A fabulosa promessa que Xi fez no Brasil

Por Oswaldo Vasconcelos Bezerra*

O Relatório da Desigualdade Global da Escola de Economia de Paris mostrou que nunca, na história global, tantas pessoas saíram da pobreza extrema como nos últimos 40 anos. A China foi o país que mais contribuiu para o aumento da classe média no mundo. Isso faz lembrar da promessa de Xin Jinping no Brasil, por ocasião do encontro do BRICS de 2014, em Fortaleza no Ceará. Neste encontro o recém empossado presidente chinês fez uma promessa aos presidentes da Rússia, Brasil, Índia e África do Sul. A promessa era de que tornaria a China moderna, socialista e próspera até 2050. Também prometeu que a pobreza, em seu país, seria erradicada até 2020.

Xi Jinping é um engenheiro químico, com doutorado em química e em política. Sua vida profissional foi ligada ao Partido Comunista Chinês, até se tornar Secretário Geral do Partido e presidente da China. Durante o XIX congresso nacional do Partido Comunista da China, o presidente destacou que as perspectivas eram brilhantes, mas os desafios eram grandes. Naquele congresso Xi afirmou que a nova era veria a China se aproximar do centro do mundo e fazer grandes contribuições para a humanidade”.

A China é um país difícil de se administrar, com quase 1,4 bilhões de pessoas e uma pobreza que se concentra nas áreas rurais do país. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), pobre é quem vive com menos de 1 dólar por dia. Cerca 800 milhões de chineses foram deixando para trás a pobreza extrema desde 1978, ano da reforma política de Deng Xiaoping. Ele que introduziu as reformas econômicas que levariam o país a crescer cerca de 10% ao ano, por um longo período.

Quando Xi tomou posse, em 2013, conseguiu em 6 anos reduzir de 89 milhões para 13 milhões o número de pobres do país. Uma das ações do governo chinês foi fazer o Gabinete de Combate à Pobreza passar a destinar uma verba anual equivalente a 3,4% do orçamento público, ou R$ 67 bilhões (mais que o dobro do bolsa família), para atender as famílias pobres do país.

Mas a principal ação foi criar empregos para os pobres através de empresas privadas. As empresas privadas (inclusive estrangeiras) do país possuem em suas estruturas cúpulas internas do partido comunista, em atividade, para que acompanhem as políticas do governo, para se livrar de burocracias e claro, obter vantagens como empréstimos subsidiados. Mesmo os bilionários, donos das grandes corporações privadas chinesas, são filiados ao Partido Comunista Chinês.

E foi através das orientações do Partido, que o setor privado ampliou os investimentos no interior, área da concentração da pobreza, empregando mais pessoas pobres se livrando assim de altos custos de salários das áreas ricas do leste chinês.

Um sistema de registro “Hukou”, que é um controle de movimentação dos habitantes, ajuda o governo tanto a alocar a força de trabalho, geograficamente, como facilitar o controle sobre os terroristas do Kuomingtang, financiados por países do ocidente. Ao longo das últimas décadas, o crescimento chinês foi baseado em investimentos em infra-estrutura e empréstimos a empresas, com recursos estatais, para plataformas de exportação que usavam mão de obra em larga escala e barata.

Infelizmente, tanto crescimento também acompanhou desigualdade. Foi deixado para trás a característica de 10% mais ricos na China e os 50% mais pobres ficarem com cerca de um quarto renda cada. Hoje, os 10% mais ricos obtém mais de 40% dos rendimentos, e os 50% mais pobres obtém menos de 15%. A diferença entre pobres e ricos se acentuou no início dos anos 2000, quando da privatização de estatais. Estacionada em patamar elevado, felizmente a desigualdade vem parando de aumentar nos últimos anos.

A média da metade dos adultos mais pobres hoje ganha cerca de R$ 1.400 mensais, enquanto a média dos adultos da classe média recebem R$ 5.100. Valor que supera o ganho do brasileiro, por exemplo. Desde 1978 até hoje, a renda média chinesa saltou 780% como comparação, a alta nos EUA foi de 63%, e na França, de 38%.

O custo de tirar uma pessoa da miséria que era de 160 reais por ano, atualmente, está entre 800 a 4 mil reais, por causa da cada vez mais remota área onde o combate a pobreza atua. Mesmo assim, a China continua a passos firmes no caminho da erradicação da pobreza. Muitas são as críticas dos países do ocidente ao modelo de Capitalismo de Estado chinês. Contudo, as ações do presidente Xi, historicamente, protagoniza o programa de maior sucesso da humanidade no combate a desigualdade e à pobreza. Xi consegiu colocar a China no lado bom da globalização.

* É Geólogo pela UFPA e Mestre em “Administração e Política” pela UNICAMP.

RG 15 / O Impacto

 

2 comentários em “Artigo – A fabulosa promessa que Xi fez no Brasil

  • 9 de agosto de 2019 em 07:30
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    Xangai se escreve com X. O movimento guarda chuvas que é financiado pelos EUA, não foi em Xangai , foi sim na ilha de Hong Kong, a mesma que foi tomada pelos ingleses como ressarcimento da proibição de vender ópio na China no final da guerra do ópio. Dono da impagável dívida externa americana a China com suas 159 mil estatais chinesas empregam quase a metade da população do país. A renda dos trabalhadores chineses é maior que a do brasileiro.

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  • 8 de agosto de 2019 em 05:35
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    Teve que abrir seu mercado ao capital estrangeiro, reduziu a quase zero os impostos para que o capitalismo e as empresas multinacionais recém chegados desse emprego à massa de quase meio bilhão de pessoas desempregadas, fenômeno que o ditador chinês simplificou na frase “não interessa a cor do gato, desde que caçe os ratos”. Ali o mercado de capitais é supervisionado pelo partido comunista, que delimita também os direitos individuais, passando por cima dos direitos humanos, conforme a recente ameaça de usar o exército chinês contra os manifestantes de Changai, que ousam gritam por independência e democracia. O exemplo chinês do uso da economia de mercado não foi copiado por outro país comunista, como Cuba, Nicarágua, Venezuela, que se aferraram aos fracassados ditames do marxismo, geradores de miséria, fome, doenças e implacável destruição da economia !

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