Artigo – Primárias argentinas, uma paulada no Neoliberalismo

Por Oswaldo Bezerra

Visitei a Argentina em 2017, fui à cidade de Rosário. Terra dos times de futebol New Old Boys, formador do Messi, e do Rosario central. Diziam por lá que era a maior rivalidade do futebol argentino. Rosário também é a cidade onde nasceu Che Guevara, o ícone das lutas sociais e trabalhistas da América Latina. Curioso, perguntava aos argentinos qual o motivo de terem eleito Macri, era um momento em que o neoliberalismo já levava milhões a miséria na Argentina. A resposta era sempre a mesma: temíamos que Cristina nos transformasse em uma Venezuela.

Dois anos depois não foi surpreendente o resultado esmagador em favor de Alberto Fernández nas eleições primárias argentinas. A grande maioria dos argentinos decidiu punir fortemente um governo que, desde que assumiu, em 2015, aplicou políticas que tendem a favorecer uma pequena minoria e atingem as condições de vida da maioria, disse Daniel Filmus ex-ministro da Educação da Argentina.

Alberto Fernández e Cristina Kirchner obtiveram 47% enquanto Mauricio Macri e Miguel Ángel Pichetto ficaram só com 32%, deve ser interpretada como uma decisão enorme do povo argentino para mudar de rumo. Segundo o ex-ministro, os argentinos buscam escolher um governo que favoreça o desenvolvimento industrial, que recupere o salário, o trabalho e os interesses daqueles setores que querem uma Argentina produtiva, que desenvolva, mas distribua os benefícios entre todos.

Os eleitores argentinos se enquadram na rejeição dos povos da região às propostas de direita. Os governos neoliberais que chegaram à Argentina, Brasil ou Chile não tinham projetos novos para oferecer e reaplicaram as políticas que já haviam fracassado nos anos noventa. Os resultados estão à vista: os países se tornaram menores, a distribuição de renda foi mais regressiva, a indústria foi destruída.
Para Filmus, o resultado negativo para Macri foi a primeira resposta a esse respeito. Mas certamente haverá mais, previu um deputado da cidade de Buenos Aires, prevendo resultados favoráveis ​​para opções de esquerda na Bolívia e no Uruguai, que também realizarão eleições gerais em outubro.
Para o sociólogo argentino Atilio Borón, o resultado da primária é um exemplo dos direitos da Argentina e da região. “Eu acho que eles têm que olhar nesse espelho não apenas outros governos neoliberais, mas também vários candidatos que querem lançar programas semelhantes aos de Macri”.
O analista não hesitou em descrever a vitória de Fernandez como “um terremoto político que enterra por muitos anos a possibilidade do retorno da direita ao governo”. Borón disse ainda que a recuperação do peronismo deixa “muito preocupado” o governo dos EUA e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Trump apoiou Macri com fundos e esforços como ele não fez com nenhum outro país. O FMI deu ao Governo Macri o maior empréstimo individual em sua história, simplesmente porque o governo dos EUA. “Agora eles choram porque perdem um aliado muito importante em seus planos intervencionistas na Venezuela e agressão em Cuba”, afirmou Atilio Borón.

O analista também apontou que a magnitude dos resultados, juntamente com o fato do presidente brasileiro Jair Bolsonaro “estar na corda bamba”, “todos aqueles que falaram do fim do ciclo progressivo na região teriam que começar a repensar esta afirmativa.

O deputado uruguaio e presidente do Parlasur, Daniel Caggiani, descreveu o resultado das primárias como uma “espoliação do povo argentino ao neoliberalismo”. Segundo Caggiani, a eleição primária abre a possibilidade de que a Argentina tenha “um governo com uma visão latino-americana e com uma visão mais autônoma na construção de desafios internacionais”.

O legislador uruguaio concordou com Borón que o resultado deixa uma mensagem para o FMI e os EUA, que segundo ele mantinham uma relação de “sexo quase explícito” com o governo de Macri. A Primária envia “um sinal muito claro de que a América Latina quer se levantar e permanecer um continente que pode ter uma inserção internacional autônoma e independente.

Por outro lado, houve também uma forte reação de banqueiros tanto argentinos como brasileiros, que passaram a comprar fortemente a moeda americana, causando desvalorização da moeda argentina. A Direita não vai desistir tão fácil da eleição no país de “los hermanos”.

5 comentários em “Artigo – Primárias argentinas, uma paulada no Neoliberalismo

  • 15 de agosto de 2019 em 23:34
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    Será que o brasil esta mesmo no caminho certo?,, Será que é cortando direitos de trabalhadores, mulheres gravidas, trabalhadores doentes , desvalorizacao profissional, ataque aos diretos humano e outras aberrações, patrocinados por governantes corruptos e por um presidente sem escrupulo, sem projetos é que resolve os problemas de um pais??????

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  • 15 de agosto de 2019 em 10:46
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    Pobre Argentina, Pobre América Latina, O Chile é o que é devido a política Neo liberal implantada por Pinochet, Macri se tornou refém da economia justamente por não ter feito de imediato as reformas necessárias, Bolsonaro esta tendo esse mérito, mas ainda assim estamos na corda bamba porque temos progressistas demais espalhados e aparelhados por todo tipo de repartição e principalmente na mídia.

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  • 14 de agosto de 2019 em 16:42
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    A Argentina está realmente no caminho para venezuelização. Tal qual o Brasil, os desmandos dos governantes que se diziam “esquerda” comprometeram as finanças públicas, gerando desemprego e transformando a máquina estatal no quintal de suas casas. Se deliciaram com o erário. Não será em uma década que as coisas irão melhorar, e os abutres querem retornar.

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  • 14 de agosto de 2019 em 09:47
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    O colunista tem que convencer os chineses a abandonarem o neoliberalismo, voltando ao dirigismo estatal marxista, assim como se encontram os norte coreanos: miséria , fome e repressão! Mas gastando toda e pouca verba pública nas forças armadas e desfiles militares, na construção de mísseis nucleares e que se dane o povo! A China aplicou por mais de 30 anos a receita do neoliberalismo, conseguindo atrair as maiores empresas do mundo pra lá, gerando empregos e receitas ao estado, hoje numa invejável situação econômica ! Já por aqui, os comunistas tupiniquins querem que Argentina e Brasil se recuperem das roubalheiras nas estatais, do empreguismo descarado( cabides de emprego) e desastres econômicos de suas aventuras no socialismo, com os Kirchner e o PT de Lula, em menos de 3 anos na Argentina e 8 meses no Brasil ! Se pelo menos tivessem a capacidade de copiar o exemplo dos chineses, não repetindo a demagogia e as burrices dos comunistas venezuelanos, cujo dirigismo estatal levou, a outrora grande produtora de petróleo, a deixar faltar combustíveis nas bombas dos postos de abastecimento. O resto é pura demagogia para conquistar os votos dos incautos e imediatistas !

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  • 13 de agosto de 2019 em 23:11
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    Lá vem a velha demagogia comunista, símbolo centenário de fracassos econômicos, fuzilamentos, fome e doenças, deitar falsas esperanças aos argentinos que tal e qual os brasileiros já acreditaram nesse canto de sereia, recentemente, e deu no que deu: catástrofe econômica e roubalheiras em todos os escalões; lá com a família Kirchner aumentando o patrimônio em 800 % e por aqui o Lula chefiou o ataque aos cofres do Brasil, como todos sabem,ficou tão rico ao ponto do filho hoje ser o maior fazendeiro do Pará, com 1,5 milhão de hectares e 500.000 bois. A recuperação brasileira pelos estragos do PT levará muitos anos, mas será feita, com a garantia de governo honesto, competente e bem intencionado, que começou com o chefão do maior roubo da história mundial, o Lula, preso ! Já os imediatistas argentinos, ao que parece, cairão novamente no papo furado dos comunistas, não estão dispostos a um sacrifício coletivo, preferem o caos, o que daqui pouco tempo implicará em termos que acolher os hermanos nas fronteiras, dando-lhes comida ,remédios e abrigos, tal e qual ocorre com os venezuelanos. Quem viver verá,também, os nossos demagogos ficando de longe fazendo cara de paisagem, não contribuirão, sequer com um comprimido; os militares brasileiros que os socorram!

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