Miséria já atinge 40% da população do Estado
A pobreza extrema acelerou nos últimos meses e já atinge 40% da população paraense. Segundo os dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Ministério da Cidadania referentes ao mês de junho deste ano, 3.045.302 pessoas no Estado sobrevivem com renda familiar per capita de até R$ 89 por mês. Nos últimos sete anos, 327 mil paraenses entraram em situação de miséria, o que representa um avanço de 15% neste período. Destes, 57 mil paraenses passaram a encarar essa dura realidade nos primeiros seis meses de 2019.
O montante representa 65% dos 4.658.746 habitantes do Pará classificados entre os que vivem em situação de pobreza. Ou seja, 55% da população do Estado está atualmente inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Pelo levantamento, 578.643 pessoas (12%) ganham entre R$ 89,01 e R$ 178 por mês. Outros 721.501 (15%) estão no grupo de renda per capita familiar entre R$ 178,01 e meio salário mínimo (R$ 499), enquanto 313.300 (7%) recebem acima de meio salário.
De acordo com os dados da pasta da Cidadania, mesmo com intensificação das políticas sociais de combate a fome, mais de um milhão de paraenses passaram a viver abaixo da linha da pobreza entre 2012 e junho deste ano – um incremento de 27%. O ritmo ganhou ainda mais intensidade esse ano com a frustrante recuperação da economia brasileira. Ao longo do primeiro semestre de 2019, mais de 162 mil pessoas foram empurradas para a faixa da pobreza no Estado. Em dezembro de 2018 eram 4.497.122 pessoas cadastradas, sendo 2.988.300 delas com renda mensal inferior a R$ 89.
Em números absolutos, o Estado é o que possui o quinto maior registro de habitantes na extrema pobreza. Nas primeiras posições estão: Bahia, com 5,15 milhões de pessoas sobrevivendo nesta situação; São Paulo, com 3,84 milhões; Pernambuco, com 3,16 milhões; e Maranhão, com 3,122 milhões. Em todo o País, o último semestre contabilizou 13,2 milhões de pessoas na miséria, com acréscimo de mais de 500 mil pessoas ao longo dos últimos sete anos.
Mesmo com intensificação das políticas sociais de combate a fome, mais de um milhão de paraenses passaram a viver abaixo da linha da pobreza entre 2012 e junho deste ano (Igor Mota / O Liberal)
Vale lembrar que em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tirou o Brasil do Mapa da Fome, composto por países em que mais de 5% da população consome menos calorias do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, há o temor agora de que o País volte a fazer parte do grupo. No Pará, por exemplo, a elevação de famílias na extrema pobreza tem crescido 4,5% ao ano – considerando os dados entre junho de 2018 e junho deste ano. Essa é uma das cinco maiores variações do País, no entanto já há Estados como Roraima e Rio de Janeiro em que o aumento da extrema pobreza, registra elevações, no mesmo período, de 10,5% e de 10,4%, respectivamente.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim do ano passado já alertavam para esse cenário preocupante. Entre 2016 e 2017, a pobreza no Brasil passou de 25,7% para 26,5% da população. O número dos extremamente pobres, aqueles que vivem com menos de R$ 140 mensais, segundo critério usado pelo Banco Mundial, saltou, no período, de 6,6% para 7,4% dos brasileiros.
No Pará, o estudo identificou 3,83 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, o que representava 46% da população em 2017. São quase 30 mil habitantes nesta situação a mais do que em 2016 (3,80 milhões).Percentualmente, o Estado só aparece atrás do Maranhão, com mais da metade da população, 54,1%; Alagoas, com 48,9%; Amazonas, com 47,9%; e Acre, com 47,7%. Para efeito de comparação, Santa Catarina aparece na outra ponta, com a menor parcela de habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza: 8,5%.
Fonte: O Liberal