Artigo – A Síndrome de Genovese Brasileira

O fantástico exemplo de uma síndrome que fez uma nação ficar passiva diante de um crime sem precedentes na história. Esta é a síndrome de Genovese, também conhecida como Efeito Espectador, que se caracteriza por ser um fenômeno social psicológico, em casos em que espectadores de situações de perigo ou crimes não oferecem reação nem ajude vítimas, quando outras pessoas estão presentes como espectadores.

Em 2014, o Brasil vivia o melhor momento de sua economia conhecido como o “pleno emprego” (atingido o menor índice de desemprego da história). Nossa dívida externa era de apenas 60% do nosso PIB. Nossas reservas cambiais atingiram o maior pico da história (370 bilhões de dólares). Estávamos por começar a explorar um dos maiores reservatórios de petróleo medidos do mundo, o pré sal. A classe média crescia enormemente.  Um crime acabou com tudo isso.

Esse bom momento econômico foi fruto da política brasileira da primeira década dos anos 2000, inclinada ao mercado nacional. Política que já não cabia mais no contexto de Washington e precisou ser mudada. Documentos oficiais vazados pelo Wikileaks mostraram que a Polícia Federal brasileira junto com o MPF e juízes foram treinados na capital americana. O objetivo, segundo estes documentos, era criar uma operação para incriminar a indústria nacional e mudar o regime de governo. Teve início em abril de 2014 a sua primeira fase.

Esta operação só no primeiro ano impactou em R$ 140 bilhões a menos no PIB. A Lava Jato levou empresas brasileiras a vender mais de R$ 100 bilhões em ativos, desde 2015. Empreiteiras citadas na Lava Jato foram impedidas de participar de licitação e fechar contrato com verbas federais. As maiores empresas brasileiras perderam 85% de sua receita líquida. O setor da construção pesada perdeu um milhão de empregos somados aos 2,6 milhões de outras atividades.

O caso da JBS, um esquema criminoso, envolvendo o presidente Temer e o ex-deputado Eduardo Cunha, que na prisão e recebeu milhares de reais para ficar calado, só demonstrou que esta operação era cúmplice do esquema criminoso, junto com políticos em Brasília. Hoje devidamente esclarecida  pelo vazamento de informações da força tarefa.

A Bardella, fabricante de equipamentos para setores industriais, ajuizou pedido de recuperação judicial, após acumular débitos de R$ 387 milhões. Cláudio Bardella, dono da empresa, importante líder empresarial da indústria de base, no período da ditadura militar, destaca que a indústria brasileira entrou em “uma crise sem precedentes na história do país”, afetada pela piora da economia e os efeitos da Lava-Jato sobre os projetos da Petrobrás e parceiros.

Dizia-se nos tempos da ditadura, que era inútil votar para presidente já que quem mandava no Brasil era o embaixador americano. Em 2013, os EUA enviaram ao Brasil, Liliana Ayalde. Por onde ela passou deixou um rastro de golpes de estado. Primeiro foi em Honduras, onde ela derrubou Manuel Zelaya, depois, transferida ao Paraguai, ela derrubou Fernando Lugo. Finalmente no Brasil ela se encarregou da derrubada de Dilma Rousseff.

Foi transferida para Venezuela depois do golpe no Brasil mas não foi aceita por lá. Depois do golpe os EUA mandaram para cá Peter McKinley especialista em revoltas populares. Os EUA tinham certeza que o povo brasileiro iria criar uma revolta por conta do crime econômico que sofrera. Inesperadamente, os brasileiros sofreram com a síndrome de Genovese, e nada fizemos.

O povo não entendeu o quão é sério a redução da indústria de transformação no Brasil. Nos anos 80 e 90, quando estávamos começando a nos industrializar esse setor representava apenas 35% da produção nacional. Hoje não é nem 12% e está caindo. O Brasil está experimentando a maior desindustrialização da história, e em um período muito curto. Pior, a política atual é de depender de commodities primárias. Infelizmente há uma tendência de que o preço dos produtos caia no longo prazo, em comparação aos produtos manufaturados. Os países que dependem de commodities não conseguem controlar seu destino.

O governo atual tenta a mesma política de austeridade experimentada na América Latina, na África e em alguns países da Ásia nas décadas de 1980 e 1990, e que criou desastrosos resultados econômicos. Cortar gastos não foi adequado, um jeito melhor de reduzir o déficit é fazer a economia crescer. Essa política foi usada várias vezes, como no Brasil nas décadas de 1980 e 1990, sem sucesso. O Brasil está voltando no tempo no seu desenvolvimento econômico.

Hoje, algumas ações começam a tomar a sensatez devida. Em março deste ano o TCU suspendeu a punição a empresas ligadas a Lava Jato, estas proibidas de assumir contratos com a União (o que deixava livre o caminho para empresas estrangeiras). E a pergunta agora é: Onde é que estávamos, e por que não reagimos quando o maior crime econômico da história mundial estava sendo cometido no Brasil?

RG 15 / O Impacto