Artigo – É só esperar mais 4 aninhos
Por Oswaldo Bezerra
Em uma reportagem gigante na Folha de São Paulo o ministro Guedes fez um discurso em que se pedia mais prazo e falou de maneira intelectual na famosa maneira para inglês ver. O estelionato eleitoral é coisa comum na política brasileira. O ministro Guedes não fugiu desta regra. O ministro que prometia em 3 meses dobramos o PIB e esquecermos o desemprego, agora pede um aumento de prazo para 4 aninhos. Os milhões de desempregados e as empresas que teimam em quebrar não podem esperar, infelizmente.
Guedes afirmou a necessidade de um pacto federataivo. É a grande reforma que vem por aí. Guedes afirmou que o governo vai transformar o aparelho do estado absolutista de Thomas Hobbes moldado em estatais e bancos públicos para o Estado de Russeu para que possa atender as legítimas necessidades sociais.
Claro que o ministro usou o chamado pelos cariocas de “caô intelectual”, sabidamente que o repórter da Folha não teria nível para rebater questões econômicas. Também tem ele a certeza de que menos de 1% da população checaria suas informações.
Hobbes foi um pensador inglês que viveu em uma época absolutista. Por isso, cunhou a ideia de que o Estado precisaria ser mais forte. Era uma época de intensas guerras civis na Inglaterra. Claro que em época de guerra, o pensador nunca iria falar nada contra o Estado absoluto ou do Rei. Hobbes que escreveu Leviatã era, inclusive, a favor da escravidão. A filosofia de Hobbes nunca pregou a criação de estatais, para promoção de desenvolvimento, nem criação de bancos para promover investimentos para gerar bem-estar social da população ou gerar industrialização.
O Estado brasileiro em nada tem de parecido com o Estado pregado por Hobbes. O ministro então seguiu falando que pretende tirar o Brasil do Estado de Hobbes para um Estado pregado por Russeu. Talvez o ministro não saiba, mas Russeu foi o grande inspirador de Karl Marx. Russeu também foi o inspirador da Revolução francesa. Russeu se contrapunha ao Estado de Hobbes e ele era contra a propriedade privada. Será que o ministro Guedes quer nos levar ao comunismo ou foi só um caô (conversa fiada) intelectual para impressionar?
Guedes também afirmou nesta entrevista que o modelo anterior de previdência foi feito por picaretas. Seria bom perguntar a ele se serão santos que comprarão o Brasil que ele está vendendo. Será que ninguém vai ganhar bônus pelas vendas de nossas empresas e recursos naturais?
O ministro Guedes também falou que as vendas de nossas riquezas, e estatais, precisam ser vendidas no modelo “Fast Track”. Fast Track é um modelo americano onde os americanos criam Leis que são imutáveis. Ou seja, depois de vendida uma estatal brasileira um reservatório de recursos naturais o país não poderá fazer nada para recuperá-lo. Ações de retomadas do patrimônio se tornou muito comum, por exemplo na Inglaterra, Alemanha e França já há alguns anos. Estes países perceberam, por exemplo, que a privatização da água, energia, saneamento, fornecimento de merendas só gerou baixa qualidade de serviços, corrupção e lucros para as empresas privadas.
Ao ser questionado pelo repórter sobre a revolta no Chile que usa o modelo que ele aplica. Ele prontamente respondeu que há passeatas na China, e Venezuela e ninguém fala nada. Quanto a capitalização compulsória, aquela que não daria escolha ao trabalhador e deveria por tanto depositar em bancos privados, ele respondeu que o modelo seria melhor por que na Previdência havia casos de corrupção. No modelo de Guedes, nem as empresas, nem o Estado contribuiria para a aposentadoria, apenas o trabalhador e em bancos privados.
Guedes também atacou os servidores públicos e afirmou que no Brasil existe servidor público demais. Vamos então conferir como são em outros países. A porcentagem de servidores públicos em relação à população, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é a seguinte: França (21%), Canadá (18%), Grécia (18%), Reino Unido (16%), Espanha (15%), EUA (15%), Itália (13%). O país com menor número de servidores públicos desta lista é o Japão com 6%, pois é desenvolvido. O Brasil possui apenas 1,6%. Isso desmancha o mito de que o Brasil tem muito funcionário público.