Artigo – Tempos de incertezas econômicas, devido à pandemia, é tempo de entender como funciona o Bitcoin
Por Oswaldo Bezerra
Não só o bitcoin mas todas as criptomoedas estão marcando uma revolução no mundo. O bitcoin não é uma revolução por que você investirá nele e ganhará muito dinheiro. Bitcoin é mais que um investimento. Para entender isso, você precisa saber como entrar neste mercado e como usar esta moeda virtual.
O conceito do bitcoin, como funciona e, principalmente, sua trava de segurança chamada de “blockchain” é fundamental para entrar no mundo das moedas virtuais. Sabendo isso, você entenderá como o bitcoin determinará o fim das fraudes do mercado financeiro internacional relativo à emissão de moedas FIAT (o dinheiro comum) ou juros negativos.
Satoshi Nakamoto, o criador do bitcoin, o definiu como dinheiro eletrônico “peer to peer” (pessoa a pessoa). Isso significa que o bitcoin é como um dinheiro FIAT, tipo Dólar, Euro ou Real para realizar transações como compra e venda. A diferença é a tecnologia de como ele funciona.
O funcionamento do bitcoin não é regulamentado por um banco central, é um sistema descentralizado. Por exemplo, como usuário do bitcoin e se você for a um bar, você não terá moedas físicas para pagar por sua cerveja. Você usará um celular para transferir valores para efetuar seu pagamento. Nesta transação não haverá intermediário, como por exemplo um Itaú ou Bradesco ou qualquer instituição financeira. Será uma transação entre você e o dono do bar diretamente. O custo da intermediação fica assim eliminada. Sem a segurança que o intermediador nos oferece como saber se isso será seguro?
Às vezes você negociará com uma outra parte anônima ou alguém que você nem sabe quem é. O pulo do gato é que qualquer um pode validar sua transação. Um validador poderá criar em seu computador um sistema de validação. Para que houvesse alguém fazendo validação foi criado um sistema de incentivo. Quem valida e processa estas negociações recebem unidades de bitcoin. É assim que novas unidades de bitcoins são incluídas no ecossistema deste mercado. Assim é feita a mineração de bitcoin.
Para que não haja inflação no mercado, devido a criação de bitcoin por validação, foi criada a POW (proof of work). Isto torna este sistema muito caro, e árduo. Para que um usuário consiga validar uma operação o sistema do computador precisa resolver um problema matemático complexo em 10 minutos. Depois disso o computador envia ao ecossistema a comprovação que a operação foi feita de fato.
Como são muitos computadores tentando resolver este problema matemático, o custo fica alto, mas o mercado acaba por se alinhar. Hoje em dia um PC normal já não compensa mais fazer uma mineração de bitcoins. É necessário um certo investimento em máquinas capacitadas para tal atividade.
Tudo gera uma competição no mercado, pois todos lutam para resolver o problema primeiro. Quem consegue resolver o problema matemático primeiro e enviar ao sistema consegue um registro no “blockchain” e ganha unidades de bitcoin.
Blockchain é um sistema onde todas as estas operações são registradas. O blockchain (blocos de resoluções de problemas de dez minutos ligados a resolução anterior) mantém todo os registros da história de negociações desde o primeiro bitcoin.
Para se conseguir quebrar um blockchain seria necessário quebrar o sistema de blockchain inteiro desde o primeiro bitcoin. Algo que é impossível. Ai está a segurança do negócio. É este sistema que está revolucionando o nosso mundo. Este sistema é tão perfeito que os bancos estão estudando o blockchain do bitcoin para aplicar para a sua segurança.
Qual a vantagem e a desvantagem de possuir uma moeda desregulada como o bitcoin? A desvantagem do bitcoin é que se você for enganado por uma corretora não haverá amparo legal. Por isso, é necessário fazer negócios com uma corretora de confiança. Com a febre do bitcoin corretoras asiáticas andaram aplicando golpes.
A vantagem é que em tempos de impressão de moedas, como agora na pandemia, que claramente levará a uma inflação, isso não será sentido no bitcoin. Tão pouco você sofrerá prejuízos com programas políticos do governo que desvalorizem suas moedas FIAT. A moeda virtual é blindada da má gestão governamental e dos comuns golpes do mercado financeiro global.
As transações são imediatas e em um sistema público. Isso revela o fim de burocracia e de diversos intermediários. Em uma transação internacional, por exemplo, você consegue fazer em questão de minutos e sem pagamento de nenhuma taxa.
Outra característica importante do bitcoin é a preservação da privacidade. Hoje, seus dados de como você se locomove, o que compra, sua localização, o que você viu pela internet não é mais privacidade sua. Muitas empresas e organizações de espionagem sabem de tudo o que se passa na sua vida e as vezes essas informações vão parar em mãos erradas. Claro que esta privacidade pode favorecer também transações no mercado negro.
As pequenas transações ainda são um problema. Estima-se que em um futuro próximo isso deve deixar de ser um problema. Bitcoin não é investimento para ficar rico. O bitcoin gerou muitos milionários em sua febre há poucos anos, mas estabilizada é apenas uma moeda, não gera juros nem rendimento.
Contudo, o bitcoin é uma excelente opção de reserva de valor, principalmente em crises financeiras, mesmo fora das crises, é o uso de maior sucesso. Como o Bitcoin é uma moeda finita (apenas 21 milhões de unidade) sua inflação é positiva para quem já os tem. A forma mais popular do seu uso é como especulação. Com especulação algumas pessoas, de poucos recursos, já ganharam até um milhão de dólares. O bitcoin no entanto é uma operação de baixa liquidez. O terceiro uso do bitcoin é como diversificação.
No Brasil já existem corretoras certificadas onde você pode abrir uma conta para comprar e vender bitcoins. Também existem maquinetas de cartão e lojas que aceitam pagamento em moeda virtual. O bitcoin hoje vale em torno de 48 mil reais, mas ele pode ser desmembrado em mil partes. Assim com 50 reais você pode comprar 0,001 bitcoin.
Após a compra na corretora, por segurança, não é recomendável você deixar em sua conta. Você deve transferir sua moeda virtual para seu computador pessoal. Para isso, você precisa abrir uma “carteira digital”. Pode ser feita em sites como, por exemplo, a Exodus. Assim você guarda em seu computador seus valores. Mesmo que você perca seu celular, ou seu computador dê pane, você pode recarregar sua carteira digital com a senha e as palavras de segurança, que nunca devem ser perdidas, em outro dispositivo.
Do mesmo modo que você transfere seus valores da corretora para sua carteira digital, você pode transferir o valor para uma outra pessoa ou empresa por QR Code, durante uma compra, por exemplo, usando seu celular. A transação é imediata, mas a validação pode demorar até 10 minutos. Hoje no Brasil você já pode comprar imóveis, automóveis e até compras comuns na internet usando bitcoins.
RG 15 / O Impacto