Assentados da Transamazônica concluem curso de Agente Comunitário de Saúde
Em 2002, Manoel José Leite, 68 anos, do Projeto de Assentamento (PA) Bom Jardim, Município de Pacajá (PA), decidiu resgatar o tempo e as oportunidades ao interromper um período de 30 anos sem estudar. Concluiu o ensino fundamental e, agora, o ensino médio, acumulado com a formação técnica em ACS, que durou cerca de cinco anos. Além dele, outros 77 trabalhadores rurais, de 20 assentamentos no eixo da Rodovia Transamazônica, concluíram o curso, cuja outorga ocorreu no último sábado (2). A execução coube à Universidade Federal do Pará (UFPA), instituição com a qual o Incra assinou um convênio no valor de R$ 922 mil.
“Para os alunos, esse momento representa uma transformação, uma mudança de vida, o aumento da autoestima e um envolvimento grande na comunidade. Para a reforma agrária, entregamos 78 agentes comunitários de saúde muito qualificados, politicamente conscientes e comprometidos com a realidade da Amazônia e do assentamento”, avalia o professor doutor Plácido Magalhães, da UFPA, campus Altamira, que foi o coordenador geral do projeto de formação dos assentados.
Os alunos do curso realizaram as atividades sob o regime de alternância, revezando-se entre o ‘tempo-escola’, com aulas intensivas, e o ‘tempo-comunidade’, na vivência do cotidiano no local onde residem. “A interação com os profissionais que ministraram as aulas foi grande. Eles produziram elementos, fruto das disciplinas, que deixaram a gente muito contente com o resultado. Nós vimos o crescimento dessa turma, e como os alunos evoluíram enquanto cidadãos”, acrescenta o professor Plácido Magalhães.
A parteira Maria Aparecida de Sousa Braga, 53 anos, do assentamento Bom Jardim, trouxe à vida 22 bebês e acompanhou a gestação de centenas de mulheres. Agora, une o conhecimento popular à qualificação do Pronera. “Foi mais um avanço na minha vida e na minha comunidade. Eu aprendi a conhecer mais os meus direitos e deveres; agora, eu sou uma pessoa capacitada e vou trabalhar com garra. O meu objetivo é continuar estudando com o Pronera”, planeja a assentada.
Fonte: Ascom/Incra