Artigo – O grande Pepino que nossa política externa está criando

Por Oswaldo Bezerra

Imaginem um cenário em que o Brasil tenha problema com EUA e China ao mesmo tempo. Além disso, isolado devido a brigas com a União Europeia e com os países vizinhos aqui na América Latina. Isso tudo pode ser possível afinal de contas temos nossa política exterior sob a batuta do pior diplomata do mundo segundo uma revista especializada norte-americana.

Desde a posse de Bolsonaro tudo mudou na política externa brasileira. A China que compra 30% de tudo o que o Brasil exporta passou a ser abertamente hostilizada pelo governo. O ex-ministro da educação atacou com xenofobia o povo chinês de maneira mais baixa possível. Ataque este que foi caracterizado pelo ministro das relações exteriores como normal.

Por outro lado, os EUA passaram a ser tratados de maneira servil. Posicionamento este que Bolsonaro definiu como alinhamento automático. Este relacionamento deu como frutos muitos mimos aos norte-americanos.

O Brasil cedeu sem contrapartida a isenção de visto para os norte-americanos. Deu ao país de Donald Trump cota mínima isenta para ele nos venderam ao preço que eles quiserem trigo, etanol e óleo diesel. Empresas brasileiras tentam reverter estas isenções de Bolsonaro para reverter a reserva de mercado. O Brasil também cedeu aos norte-americanos a base de Alcântara que se tornará proibida a acesso aos brasileiros.

Durante as últimas décadas os norte-americanos cobiçaram a base de Alcântara. Isso dava ao Brasil uma boa margem de barganha que Bolsonaro abriu mão até de negociar. Trump comemorou a decisão, pois diminui em muito o custo de lançamentos de satélites. O que o Brasil ganhou em troca? Ganhou 2 milhões de comprimidos de cloroquina, isso um pouco antes do FDA revogar a aprovação do uso de cloroquina nos EUA.

O Brasil está alinhado ao império norte-americano, mas não vai ganhar imensas doações de dólares, como Japão e Coreia do Sul, por exemplo, pelo simples fato de não estarmos próximos a fronteiras de nenhum inimigo poderoso dos EUA. Pra piorar a situação, o governo brasileiro apostou todas as fichas em uma base efêmera e passageira: Donald Trump.

O governo brasileiro está atuando de forma aberta e descarada, esperemos que não com nosso dinheiro público, na campanha de Trump. Esse é um problemão da política externa brasileira, pois deixou de lado o posicionamento histórico para atender anseios particulares. Bolsonaro também tentou intervir na eleição da Argentina e seu apoio fez o candidato Macri perder. Como resultado disso a Argentina, depois de 35 anos, trocou o Brasil pela China como maior parceiro econômico.

É exemplar. O Brasil escolheu o candidato argentino, tentou intervir na eleição de lá, perdeu e agora perdemos dinheiro, empregos e crescimento econômico que gerava o intenso comércio com a Argentina. Imagina o grande pepino que será se Trump perder.

Os democratas nos EUA estão muito furiosos com a intervenção brasileira na eleição de lá. O pior de tudo é que Biden, candidato dos democratas, está na frente das pesquisas. Já existem precedentes nada saudáveis para o Brasil em relação a isto.

Em 1976, Jimmy Carter assumiu a presidência já confirmando que não seria tolerante com as comuns violações dos direitos humanos da Ditadura no Brasil. Dito e feito, todo seu governo foi todo para estragar tudo o que o Brasil tentava fazer como, por exemplo, o acordo nuclear com a Alemanha.

O alinhamento direto com os EUA nos afasta do resto do mundo. Além disso, nossa política externa não considerou uma vitória de Biden. Caso isso aconteça nosso isolamento será maior ainda. Brigamos com árabes, muçulmanos, com países vizinhos por ideologia. Brigamos com europeus por causa do meio ambiente, e com as passeatas imitando neonazistas compramos briga até com associações israelitas. Perder o guarda chuva dos EUA será muito ruim. Nossa sorte é que se Biden for eleito, terá tanto trabalho para resolver a destruição que Trump fez ao país, que ele não terá tempo de se vingar do Brasil.

RG 15 / O Impacto

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