Artigo – Os males da infotoxicação
Por Oswaldo Bezerra
Grande parte da minha vida profissional foi corriqueira a estadia em hotéis. Durante a mudança dos anos 90 para os anos 2000, senti uma mudança nos períodos de descanso nos hotéis. Quanto mais o tempo passou mais senti que o descanso em hotéis perdia a qualidade.
O motivo é que, cada vez mais, os hotéis passaram a oferecer distrações que roubavam horas de descanso. As distrações que surgiam eram principalmente ligadas à sobrecarga de informação.
O termo “sobrecarga de informação” foi cunhado por Bertram Gross, um Professor de Ciência Política no Hunter College, no ano de 1964, no artigo The Managing of Organizations. A sobrecarga de informações ocorre quando a quantidade de entrada, em um sistema, excede sua capacidade de processamento.
As causas da sobrecarga de informações hoje são muitas. Os motivos mais comuns da sobrecarga de informações modernas incluem: grandes volumes de novas informações criadas constantemente; pressão para criar e competir no fornecimento de informações no marketing das indústrias.
Recentemente, a coisa piorou quando se iniciou, através das redes sociais, a simplicidade de criar, duplicar e compartilhar informações online. Também ocorreu um aumento exponencial de canais para receber informações; rádio, televisão, mídia impressa, sites, e-mail, telefonia móvel, feeds RSS, etc.
Para os altos volumes de informações conflitantes, contraditórias e totalmente imprecisas, as fake news, ainda não encontramos uma metodologia simples para processar, comparar e avaliar este lixo informativo. As agências de verificação ainda não são utilizadas para filtrar e destruir as falsas informações.
O início da era da informação trouxe acesso a uma coleta de dados poderosa e de baixo custo, de forma automatizada, nos trouxeram mais informações do que em qualquer outro momento da história. Hoje, uma criança de dez anos recebe muito mais informação que um imperador romano, no início do primeiro milênio.
A questão é como poderemos evitar a alta carga de informações. Existem sequelas devido à superinformação que são fugas de responsabilidades, isolamento, perda de atenção, perda de foco, estresse, angústia, ansiedade e desinteresse por coisas banais, como uma conversa com um amigo.
Os tomadores de decisão têm capacidade de processamento cognitiva bastante limitada. O gestor de hoje pode ser superado, em termo de decisões, por um imperador romano do primeiro século. Isso ocorre porque a sobrecarga de informações é uma “infotoxicação” que traz redução na qualidade da decisão.
RG 15 / O Impacto