Artigo – Os 5 bens culturais brasileiros considerados patrimônios únicos culturais imateriais de toda humanidade
Por Oswaldo Bezerra
Os bens culturais de natureza imaterial são àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas.
A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial. Durante 15 anos, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tem registrado patrimônios imateriais brasileiros.
Das 38 manifestações culturais imateriais reconhecidas pelo IPHAN, cinco saberes, celebrações e formas de expressões são reconhecidas pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. São eles:
Roda de Capoeira
Era uma mistura de dança e luta, teve suas origens no período da escravidão. A capoeira desenvolveu-se como rito social e de solidariedade entre os escravos. A estratégia para lidarem com o controle e a violência é uma manifestação cultural que reúne canto, toque dos instrumentos, dança, golpes, jogo, brincadeira, símbolos e rituais africanos. Hoje é um dos símbolos da identidade brasileira, mas já é praticada em mais de 160 países.
Frevo
A expressão artística do carnaval de Recife é uma forma musical, coreográfica e poética enraizada em Pernambuco. É um gênero musical urbano que surgiu no final do século XIX, no carnaval. A manifestação artística desempenha importante papel na formação da música brasileira.
Samba de Roda
No Recôncavo Baiano é uma expressão musical, coreográfica, poética e festiva das mais importantes da cultura brasileira. Exerceu influência no samba carioca e, até hoje, é uma das referências do samba nacional. Está presente em toda a Bahia. A herança negro-africana no samba de roda se mesclou de maneira singular a traços culturais trazidos pelos portugueses com a viola e o pandeiro.
Arte Kusiwa
A pintura corporal e arte gráfica dos povos indígenas Wajãpi, no Amapá, sintetizam o modo particular de conhecer e agir sobre o universo. São 48 aldeias onde vivem mais de mil índios. A arte está vinculada à organização social, uso da terra e conhecimento tradicional. Os indígenas usam composições de padrões Kusiwa nas costas, na face e nos braços. A pintura é para todos os dias e quando os adultos se pintam, os jovens aprendem a fazer composições de kusiwarã no corpo.
Círio de Nazaré
Durante os anos em que vivi em Belém, só participei de uma procissão do Círio no circuito completo, desde o início até o fim. Acompanhei toda a procissão de forma muito confortável; sentado nos ombros da minha avó. Minha avó havia feito uma promessa para que eu sobrevivesse a uma doença incurável, que tive na minha primeira infância.
Sim; caso você esteja lendo este artigo, pelo menos um milagre da Virgem de Nazaré você está testemunhando; é um relato que existe graças ao milagre de que eu esteja vivo. A celebração religiosa de Belém do Pará é considerada uma das maiores do mundo.
O Círio tem como ponto alto a dita procissão da qual participam mais de dois milhões de pessoas. Instituído em 1793, no segundo domingo de outubro, o traslado da imagem percorre cinco quilômetros, da Catedral da Sé, na Cidade Velha, onde Belém nasceu, até a Praça do Santuário, no bairro de Nazaré. Os paraenses consideram a festa um grande momento anual de demonstração de devoção, solidariedade, reiteração de laços familiares e pagamento de promessas.