Prefeito Marcelo Crivella é preso no Rio em operação contra o ‘QG da Propina’
A três dias do Natal e a nove do fim de seu mandato, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Bezerra Crivella (Republicanos), foi preso na manhã desta terça-feira. O político era investigado em um inquérito que ficou conhecido como o QG da Propina — um esquema de corrupção que acontecia dentro da prefeitura. Além de Crivella foram presos Rafael Alves, homem de confiança do prefeito e apontado como operador do esquema, e o delegado aposentado Fernando Moraes; e o ex-tesoureiro Mauro Macedo. A decisão é da desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita.
O ex-senador Eduardo Benedito Lopes também é alvo ação, que é comandada pela Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF) e pelo Ministério Público estadual, mas não foi encontrado em casa. Ele está no Pará e já é considerado foragido.
Os investigadores chegaram pouco antes das 6h à casa de Crivella, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Quatro carros com policiais e promotores pararam no local. Crivella foi levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte.
— Isso é uma perseguição política. Lutei contra todas as empreiteiras, tirei recursos do pedágio, do carnaval, é isso é perseguição. Quero que se faça justiça — disse Crivella logo após a prisão.
Quando os policiais chegaram à casa de Rafael Alves, ele estava dormindo. Segundo fontes do MP, a empresária Shana Arouche teria brigado com os investigadores.
— Ela criou uma confusão. Rafael Alves passou que fosse mais uma busca e apreensão. Mas, ele tremeu quando falamos que ele estava preso.
Já o ex-tesoureiro Mauro Macedo, ao ser preso, segundo fontes da Polícia Civil, perguntou se os policiais não deveriam esperar seu advogado chegar. No entanto, foi informado que teria que ser conduzido para a Cidade da Polícia.
Revelada com exclusividade pelo GLOBO em dezembro, a investigação QG da Propina teve como alvo o governo Crivella e está baseada na colaboração premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso pela operação Câmbio, Desligo no ano passado.
Na delação, homologada pelo Tribunal de Justiça do Rio, Mizrahy se referiu a um “QG da Propina” dentro da Riotur e apontou Rafael Alves, homem de confiança do prefeito, como operador do suposto esquema.
O doleiro afirmou na delação que Rafael Alves se tornou um dos homens de confiança de Crivella ao articular doações para sua campanha eleitoral de 2016. Ele ainda contou que Alves emplacou o irmão na presidência da Riotur e viabilizou “a contratação de empresas para a prefeitura e o recebimento de faturas antigas em aberto, deixadas na gestão do antigo prefeito Eduardo Paes, tudo em troca de pagamentos de propina”.
Aos promotores, Mizrahy disse que recebia semanalmente de Rafael cheques de prestadores de serviço da prefeitura. O doleiro contou que um deles era uma propina da empresa Locanty, que faz serviços de limpeza, coleta de lixo e locação de veículos. Embora não tenha contratos na gestão Crivella, a companhia cobra dívidas deixadas pela administração anterior.
Fonte: Jornal Extra