A fila da morte – Pacientes evoluem a óbito à espera de leitos
Além dos acometidos de covid-a9, doentes de câncer e outras patologias morrem sem assistência necessária.
Desespero e indignação tomam conta da rotina de pacientes que precisam de leitos clínicos e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), em Santarém. Com o avanço de novos casos de covid-19, até mesmo leitos de enfermaria já não tem vaga.
De portas abertas para pacientes de Santarém e região, o Hospital Municipal e Upa 24h lidam diariamente com incertezas. A grande dificuldade de tentar gerenciar o caos reside na constante falta de leitos de média e alta complexidade no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA).
Como resultado de tanto descaso do Governo do Estado, não somente pacientes contaminados pelo novo coronavírus estão morrendo à espera de leitos. A fila que deveria ser de esperança de vida; tornou-se verdadeira fila da morte, com doentes de diversas patologias, especialmente de câncer.
“É muito difícil, ver os dias passando, sem ter solução. Você olha para o lado, e ver corpos sendo recolhidos. Pessoas que morreram esperando tratamento que foi negligenciado. Algo precisa ser realizado para resolver isso”, diz a acompanhante de um paciente internado.
Apesar de não haver uma estatística oficial por parte da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), um número considerado de vítimas da covid-19 morreu aguardando transferência para unidades de saúde mais avançadas. No contexto de uma segunda onda de casos, o cenário fica mais dramático quando observado os casos de pacientes oncológicos e de nefrologia, entre outros, que tiveram seu quadro agravado em decorrência da pandemia, com consultas e exames que remarcados, por exemplo. As consequências serão sentidas simultaneamente. O pior disso tudo, que na primeira onda, Santarém e região contaram com os mais de 50 leitos do Hospital de Campanha, que não está mais disponível.
Além disso, os Hospitais Particulares vinculados aos Planos de Saúde continuam sem UTI’s, sobrecarregando o SUS, que já não comporta os pacientes sem condições de pagar um plano.
JUDICIALIZAÇÃO
No desespero de tentar salvar a vida de pacientes, familiares procuram à Justiça e seus órgãos auxiliares para obter o tratamento digno. O laudo médico é a principal forma de comprovação da necessidade de um leito que fundamenta a decisão judicial. Sem ele, não há processo. As unidades de saúde não podem se recusar e emiti-lo. Em situações como imposição de prazo ou negativa para a entrega do documento, os familiares podem realizar uma reclamação na ouvidoria do hospital ou no Conselho Regional de Medicina.
Se não for resolvido, a Defensoria Pública pode interceder e enviar um ofício cobrando que o equipamento repasse a declaração. O profissional de saúde não pode deixar de fornecer laudo médico ao paciente ou a seu representante legal quando aquele for encaminhado ou transferido para continuação do tratamento ou em caso de solicitação de alta.
Por Edmundo Baía Jr.