Artigo – Washington ainda não percebeu, mas seu Império ruiu

Por Oswaldo Bezerra

O imponente Império norte-americano antes da presidência de Donald Trump já virou farelo. É coisa do passado. A invasão do Capitólio dos EUA foi apenas uma pequena coceira desta fatal alergia. A era pós-americana tem uma data de início, foi no dia 5 de janeiro de 2021.

Não sou eu quem afirma isto, foi ninguém menos que o chefe do Conselho de Relações Exteriores, o maior “think tank” do Império em Washington. Ele disse isso logo após a tomada do Capitólio, na quarta-feira passada, por várias centenas de apoiadores de Trump, protestando contra a certificação da eleição para Biden. “É provável que ninguém no mundo nos veja, respeite, tema. ou dependa de nós da mesma maneira novamente”, lamentou o presidente do CFR, Richard Haas.

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Durante esta emissão de opinião de Haas, o secretário-geral da OTAN tuitou sobre as “cenas chocantes” em Washington e exigiu que a eleição de Joe Biden “fosse respeitada”. Os líderes britânicos e franceses seguiram o exemplo, assim como a Organização dos Estados Americanos. A Turquia “expressou preocupação”. Canadá e Índia concordaram.

Até mesmo a Venezuela entrou em ação, condenando “atos de violência” em Washington e “polarização política” nos Estados Unidos, enquanto expressava esperança de que os americanos “possam abrir um novo caminho em direção à estabilidade e justiça social”.

Imagine agora que os EUA se recusaram a reconhecer o presidente eleito ou parlamento da Venezuela. Tentou nos últimos dois anos instalar um “presidente autoproclamado” não eleito e chamá-lo de democracia. Embora o governo Trump tenha liderado esse esforço, os democratas, agora com poder absoluto nos EUA, também entraram nesta barca furada.

Da mesma forma, Republicanos e Democratas se uniram em uníssono foi para anular o veto de Trump ao projeto de financiamento militar da NDAA (National Defense Authorization Act). O compromisso com o Império está profundamente enraizado no ‘pântano’ de Washington, como Trump costumava chamá-lo.

“Estamos vendo imagens que nunca imaginei que veríamos neste país – em alguma outra capital, sim, mas não aqui”, disse Haas. Esta admissão involuntária de “excepcionalismo americano” basicamente diz que é bom, para ativistas apoiados pelos EUA, invadirem parlamentos em “regimes” que Washington quer mudar, mas quando os americanos se rebelam contra seu próprio governo eles acreditam que está agindo de forma ilegítima, hipocrisia.

Não foi uma das “revoluções de coloridas”, como aquelas financiadas, mundo afora, pelo Departamento de Estado Americano. A “insurreição” do Capitólio não causou o fim do Império Americano. Foi apenas um último dominó a cair.

Mais uma vez afirmo, não é este autor quem afirma. Ishan Tharoor, colunista pró-establishment do famoso Washington Post, declarou na quinta-feira passada que, para “muitos no exterior”, a visão dos EUA como uma cidade brilhante em uma colina com influência moral e autoridade “morreu mil mortes”.

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Para algumas dessas pessoas, argumentou Tharoor, essa narrativa “sempre foi uma ilusão para validar os golpes de Estado arquitetados por Washington e os regimes militares clientes”.

Os democratas e seus aliados, neoconservadores, passaram os últimos quatro anos culpando a política ‘America First’ de Trump, lamentando que ele estivesse agindo unilateralmente, antagonizando “aliados” e criando um “vácuo de liderança” no mundo. Serão importantes pontos de discussão da nova administração.

Não esqueçamos os eventos de janeiro de 2020, quando Trump ordenou o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani. Não houve protestos de “aliados” dos EUA, ou deveríamos dizer vassalos? Em vez disso, eles se alinharam com surpreendente entusiasmo. O atual presidente americano abraçou o Império, simplesmente dispensou as ficções educadas que ele usou para se vestir como outra na promessa de governo.

Ironicamente, foi uma mobilização do establishment político dos EUA que mobilizou para derrubar Trump, começando com ‘Russiagate’ e o circo de impeachment por telefone para a Ucrânia, com motins em todo o país sobre “justiça racial” além dos bloqueios devido ao coronavírus, politicamente armados. Por outro lado, isso fez os mitos, que mantiveram a hegemonia dos EUA, tanto em casa quanto no exterior, se esfacelarem.

Lembram do “estado profundo (deep state)”, que era uma teoria da conspiração trumpiana? Sua existência foi confirmada nas audiências de impeachment, por um ex-diretor da CIA.

A guerra da mídia convencional em guerra, mais tarde acompanhada por plataformas de mídia social, a censura da história legítima e precisa do laptop Hunter Biden, pouco antes da eleição são os exemplos mais marcantes da decadência.

No final, eles baniram Trump de todas as plataformas de mídia social enquanto ele ainda estava no cargo, mesmo quando ele disse que sairia pacificamente. Ironicamente, a única plataforma de rede social a não banir Trump foi o “Tik Tok” que ele mesmo quis banir.

Basicamente, podemos dizer que todo o estabelecimento dos Estados Unidos estava tão consumido pelo desejo de destruir Trump, que acabaram por quebrar a sustentação de todo o Império e todos estão caindo juntos. Algo parecido com a Lava Jato, tentando destruir o Partido dos Trabalhadores, que acabou destruindo o Brasil.

Em um discurso recente, Joe Biden prometeu “reconstruir, recuperar o lugar da América no mundo” como um país que “defenderá a liberdade e a democracia mais uma vez”. Ironicamente, a única coisa que poderia reparar o prestígio americano no mundo seria consertar a República Americana, quebrada pelos quatro anos de “resistência” a Trump. Isso será altamente improvável.

RG 15 / O Impacto

Um comentário em “Artigo – Washington ainda não percebeu, mas seu Império ruiu

  • 10 de janeiro de 2021 em 09:08
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    Pronto, fraudaram descaradamente o resultado da eleição americana, com a China distribuindo grana aos corruptos, começando com o presidente eleito, agora os comunistas de todo mundo vem contar vantagens, como se estivessem implantando a democracia nos USA ! Com a matriz China mergulhada numa ditadura marxista, esquecem do fracasso comunista em todo o mundo, quando a Europa voltou à liberdade a partir de 1989, com a queda do muro de Berlim, dando um ponta-pé no traseiro dos opressores vermelhos . Vejamos até quando os americanos irão suportar as costumeiras asneiras e arbitrariedades dos incompetentes, e corruptos, assaltantes do poder !

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