Artigo – Qual o motivo de Bolsonaro ser considerado genocida mundo afora? Não é por causa da pandemia!
Por Oswaldo Bezerra
O ex-primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi o primeiro a confessar que via risco de Bolsonaro ser julgado por “genocídio”. O ministro do STF Gilmar alertou Bolsonaro sobre riscos de ações no STF e em cortes internacionais.
Apesar de ser improvável uma condenação, o presidente Jair Bolsonaro já é alvo de quatro representações criminais no Tribunal Penal Internacional (TPI), Corte sediada em Haia, na Holanda, que julga graves violações de direitos humanos, como genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Ao contrário do que as pessoas podem imaginar o risco de julgamento de Bolsonaro por genocídio não tem relação com a pandemia e a péssima administração do seu governo no combate a Covid-19. O que está em jogo é a questão indígena.
Rondônia é um estado brasileiro com grandes lideranças indígenas. O nome do estado é em homenagem ao marechal Rondon. Ele foi o maior indigenista da história do Brasil, ou seja, foi um indivíduo atuante na política de integração e proteção das populações indígenas.
Morei em Rondônia na cidade de Guajará Mirim na fronteira com a Bolívia na década de 1970. Foi nesta época que nasceram 2 dos maiores líderes indígenas do Brasil. E eles são o maior exemplo de relação da repugnante relação do governo federal com os índios. Temos que destacar que a relação governamental com os índios sempre foi algo desastrosa.
Claro que houve momentos de certa melhora, como na época do Marechal Rondon. O marechal criou em 1910 o “Serviço de Proteção aos Índios” que originou a atual FUNAI.
A Funai sempre se destacou como um órgão que lutou pela proteção do índio. Adivinhem, no atual governo a Funai está processando duas das maiores lideranças indígenas do Brasil. Claro que isso teria que ocorrer ser neste governo que tem a Fundação Palmares que ataca a liderança da negritude, que ataca os heróis negros brasileiros. É um governo onde o ministro do meio ambiente é que ataca o meio ambiente em sua famosa frase “passando a boiada”. Claro que teria que ser no governo onde há um ministro da saúde que ataca a Ciência. Claro que teria que ser em um governo que foi democraticamente eleito, mas que a ataca a Democracia. Em um governo do oposto claro que seria coerente que a Funai, em vez de defender, passaria a atacar os índios.
A Funai está atacando duas lideranças indígenas, que nasceram em 1974 um em Rondônia e outra no Maranhão. São internacionalmente conhecidos. O primeiro deles é o sábio Almir Suruí. Almir nasceu quatro anos depois da sua tribo ter o primeiro contato com o homem branco. O encontro foi forçado devido a construção de uma BR que passou pelo meio de sua tribo. A mãe de Suruí morreu no final do ano passado por Covid-19.
Almir Suruí criou algumas instituições de defesa do meio ambiente como a Canindé por exemplo. Mesmo tendo aprendido português de forma tardias, Suruí conseguiu se formar em Biologia na Universidade de Rondônia.
Suruí é tão conhecido internacionalmente que se tornou alvo de grileiros e madeireiros. Ele só pode andar nas ruas acompanhados de agentes da Polícia Federal, pois desde 2012, ele vem sendo alvo de assassinos de aluguel. O velho oeste norte-americano com a guerra contra os indígenas ainda não acabou no Brasil. Agora foi intimado e está sendo processado por “calúnias ao governo”. No Brasil está proibido divulgar a destruição do meio ambiente que de fato ocorre.
A outra liderança acossada pelo governo é a Sônia Guajajara, também nascida em 1974 no Maranhão. A tribo Guajajara é uma das tribos mais notáveis do Brasil. Os Guajajaras têm confrontos com os homens brancos desde o século XVIII.
A famosa “Guerra dos Capuchinhos” foi a travada contra a tribo dos Guajajaras. Em 1895 os capuchinhos italianos se instalaram próximo aos Guajajaras e começaram a sequestrar crianças indígenas para “evangelização”. Em 1901 estourou uma revolta desta tribo. Os indígenas invadiram o assentamento dos italianos queimaram tudo e expulsaram os fanáticos religiosos. A mais ilustre guajajara dos dias de hoje, a Sônia, também está sendo processada pela Funai e pela Polícia Federal por calúnia contra o governo.
Madeireiros, pecuaristas, gigolôs de vacas, grileiros, latifundiários, todos estes são bem representados na política nacional. Os índios não têm quase representação nenhuma. A única defesa que os índios tinham era a Funai, que no atual governo passou a ser mais um órgão de ataque aos índios.
No último capítulo desta guerra governamental contra os índios, mais de 35 povos originários fizeram uma mobilização pacífica contra projeto que retira seus direitos. Eles foram recebidos com bombas na Funai em Brasília.
O banquete antropofágico foi um ritual praticado pelos índios, nos tempos idos, mas tinha uma peculiaridade. Eram servidos como alimentos apenas os opositores que eram destacados guerreiros. Capitão expulso pelo Exército parece que não faria parte deste cardápio. Quanto ao menu do Tribunal Penal Internacional ainda não sabemos.
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RG 15 / O Impacto