DADOS SOBRE O ABUSO E A EXPLORAÇÃO SEXUAL NO ESTADO DO PARÁ

Por Diego Martins

O estado do Pará é dividido em 12 regiões de integração (Araguaia, Baixo Amazonas, Carajás, Guajará, Guamá, Lago Tucuruí, Marajó, Rio Caeté, Rio Capim, Tapajós, Tocantins e Xingu) e uma das fontes de dados que possuímos para verificar os índices de violência sexual em nosso estado é o Registro Mensal de Atendimento (RMA/CREAS) que coleta os dados a partir dos atendimentos realizados nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) distribuídos pelos 144 municípios do estado.

Os principais dados coletados são:

  • Tipo de violência (abuso ou exploração sexual);
  • Ano de ocorrência da violência;
  • Município em que a violência ocorreu;
  • Gênero da vítima;
  • Idade da vítima;

Os dados a seguir contemplam vítimas de abuso e de exploração sexual de 0 a 17 anos de idade tanto do gênero masculino e quanto do gênero feminino e representam 2.706 casos de violência sexual cometidos contra crianças e adolescentes paraenses no período de 01.01.2020 a 30.04.2021.

Neste contexto, de acordo com a Lei 13.431/2017, abuso sexual é entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiros, enquanto que a exploração sexual comercial é entendida como o uso da criança ou do adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico.

Tabela 1 – Quantidade de abusos sexuais e de exploração sexual cometidos contra crianças e adolescentes de acordo com a região.

TIPO DE VIOLÊNCIA: ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL
ANO: 2020 ANO: 2021 (Jan. a Abril)
REGIÃO Nº DE CASOS DE ABUSO Nº DE CASOS DE EXPLORAÇÃO REGIÃO Nº DE CASOS DE ABUSO Nº DE CASOS DE EXPLORAÇÃO  
ARAGUAIA 97 2 ARAGUAIA 26 0  
BAIXO AMAZONAS 187 17 BAIXO AMAZONAS 62 2  
CARAJÁS 140 11 CARAJÁS 25 2  
GUAJARÁ 269 9 GUAJARÁ 49 2  
GUAMÁ 246 7 GUAMÁ 71 3  
LAGO TUCURUÍ 171 7 LAGO TUCURUÍ 41 0  
MARAJÓ 138 13 MARAJÓ 52 3  
RIO CAETÉ 126 5 RIO CAETÉ 38 9  
RIO CAPIM 184 14 RIO CAPIM 46 1  
TAPAJÓS 57 1 TAPAJÓS 15 0  
TOCANTINS 318 8 TOCANTINS 80 0  
XINGU 110 2 XINGU 35 5  
TOTAL 2.043 96 TOTAL 540 27  

Fonte: Ministério da Cidadania

Ao analisar a quantidade de casos de abuso sexual ocorridos de 01.01.2020 a 30.04.2021, conforme tabela 1, percebe-se uma grande quantidade de abusos sexuais concentrada nas Regiões do Tocantins, Guajará e Guamá. Na região do Tocantins, os municípios com maior incidência são Abaetetuba, Moju e Mocajuba. Na região do Guajará, os municípios com maior incidência são Belém, Ananindeua e Marituba. Na região do Guamá, os municípios com maior incidência são Castanhal, São Francisco do Pará, Santa Isabel do Pará e Vigia.

Já em relação aos casos de exploração sexual comercial, percebe-se uma grande concentração dos casos nas regiões do Baixo Amazonas, Rio Capim, Marajó e Carajás.

Tabela 2 – Municípios com maior quantidade de abusos sexuais e de exploração sexual cometidos contra crianças e adolescentes.

TIPO DE VIOLÊNCIA: ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL
ANO: 2020 ANO: 2021 (Jan. a Abril)
REGIÃO MUNICÍPIOS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE ABUSOS MUNICÍPIOS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE EXPLORAÇÃO REGIÃO MUNICÍPIOS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE ABUSOS MUNICÍPIOS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE EXPLORAÇÃO
ARAGUAIA Santana do Araguaia, Xinguara, Conceição do Araguaia e São Félix do Xingu Cumarú do Norte ARAGUAIA Redenção, Santana do Araguaia e São Félix do Xingu
BAIXO AMAZONAS Santarém, Prainha e Oriximiná Faro, Santarém e Almerim BAIXO AMAZONAS Santarém, Prainha, Oriximiná e Mojuí dos Campos Prainha e Terra Santa
CARAJÁS Canaã dos Carajás, Marabá e Parauapebas Marabá e Canaã dos Carajás CARAJÁS Canaã dos Carajás, Marabá e São Geraldo do Araguaia Canaã dos Carajás e São Geraldo do Araguaia
GUAJARÁ Belém, Ananindeua e Marituba Belém GUAJARÁ Marituba, Ananindeua e Belém Marituba e Ananindeua
GUAMÁ Castanhal, São Francisco do Pará, Santa Isabel do Pará e Vigia Marapanim, Santa Isabel do Pará e São Caetano de Odivelas GUAMÁ Castanhal, São João da Ponta, São Domingos do Capim e Igarapé-Açú São João da Ponta
LAGO TUCURUÍ Itupiranga, Breu Branco e Novo Repartimento Itupiranga LAGO TUCURUÍ Goianésia do Pará, Breu Branco e Tucuruí
MARAJÓ Portel, Afuá, Cachoeira do Arai, Muaná e Ponta de Pedras Breves e Portel MARAJÓ Muaná, Portel e Curralinho Curralinho e Gurupá
RIO CAETÉ Quatipuru, São João de Pirabas, Bragança e Capanema São João de Pirabas RIO CAETÉ Tracauteua, Capanema, Salinópolis, Santerém Novo e São João de Pirabas Salinópolis, Santa Luzia do Pará e Santarém Novo
RIO CAPIM Ipixuna do Pará, Mãe do Rio e Tomé-Açú Irituia, Mãe do Rio, Paragominas e Rondon do Pará RIO CAPIM Ipixuna do Pará, Irituia, Mãe do Rio e Aurora do Pará Dom Eliseu
TAPAJÓS Itaituba, Novo Progresso e Rurópolis Novo Progresso TAPAJÓS Itaituba, Novo Progresso e Aveiro

 

TOCANTINS Abaetetuba, Moju e Mocajuba Abaetetuba TOCANTINS Abaetetuba, Cametá e Moju
XINGU Uruará, Altamira e Porto de Moz Pacajá XINGU Altamira, Placas e Pacajá Altamira

Fonte: Ministério da Cidadania

A tabela 2 demonstra que a maioria dos municípios que tiveram os maiores números em 2020 permanecem com números elevados no 1º quadrimestre de 2021, com destaque negativo para os seguintes municípios:

  • Santana do Araguaia a São Félix do Xingu na região Araguaia;
  • Santarém, Prainha e Oriximiná na região Baixo Amazonas;
  • Canaã dos Carajás e Marabá na região Carajás;
  • Belém, Ananindeua e Marituba na região Guajará;
  • Castanhal na Região Guamá;
  • Breu Branco na região do Lago Tucuruí;
  • Muaná na região do Marajó;
  • São João de Pirabas e Capanema na região do Rio Caeté;
  • Mãe do Rio e Ipixuna do Pará na região Rio Capim;
  • Itaituba e Novo Progresso na região Tapajós;
  • Abaetetuba e Moju na região Tocantins;
  • Altamira e Pacajá na Região do Xingu.

Tabela 3 – Gênero das vítimas de abusos sexuais e de exploração sexual cometidos contra crianças e adolescentes de acordo com a região.

TIPO DE VIOLÊNCIA: ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL
ANO: 2020 ANO: 2021 (Jan. a Abril)
REGIÃO GÊNERO DA VÍTIMA DE ABUSO

MASCULINO / FEMININO

GÊNERO DA VÍTIMA DE EXPLORAÇÃO

MASCULINO / FEMININO

REGIÃO GÊNERO DA VÍTIMA DE ABUSO

MASCULINO / FEMININO

GÊNERO DA VÍTIMA DE EXPLORAÇÃO

MASCULINO / FEMININO

ARAGUAIA 14 83 0 2 ARAGUAIA 1 25 0 0
BAIXO AMAZONAS 39 148 8 9 BAIXO AMAZONAS 14 48 0 2
CARAJÁS 20 120 2 9 CARAJÁS 5 20 0 2
GUAJARÁ 57 212 0 9 GUAJARÁ 15 34 2 0
GUAMÁ 30 216 0 7 GUAMÁ 16 55 0 3
LAGO TUCURUÍ 35 136 1 6 LAGO TUCURUÍ 9 32 0 0
MARAJÓ 12 126 3 10 MARAJÓ 9 43 0 3
RIO CAETÉ 22 104 1 4 RIO CAETÉ 3 35 2 7
RIO CAPIM 19 165 2 12 RIO CAPIM 3 43 0 1
TAPAJÓS 7 50 0 1 TAPAJÓS 0 15 0 0
TOCANTINS 40 278 0 8 TOCANTINS 4 76 0 0
XINGU 9 101 0 2 XINGU 3 32 0 5
TOTAL 304 1.739 17 79 TOTAL 82 458 4 23

Fonte: Ministério da Cidadania

Tabela 4 – Idade e gênero (masculino – M ou feminino – F) das vítimas de abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes de acordo com a região.

TIPO DE VIOLÊNCIA: ABUSO SEXUAL
ANO: 2020 ANO: 2021 (Jan. a Abril)
REGIÃO IDADE DA VÍTIMA

0 a 6       / 7 a 12 /    13 a 17

REGIÃO IDADE DA VÍTIMA

0 a 6       / 7 a 12 /    13 a 17

ARAGUAIA 3 M

15 F

8 M

34 F

3 M

34 F

ARAGUAIA 1 M

5 F

1 M

12 F

0 M

7 F

BAIXO AMAZONAS 13 M

25 F

16 M

50 F

10 M

73 F

BAIXO AMAZONAS 4 M

10 F

3 M

17 F

7 M

21F

CARAJÁS 8 M

19 F

4 M

46 F

8 M

55 F

CARAJÁS 2 M

3 F

2 M

6 F

1 M

11 F

GUAJARÁ 19 M

37 F

24 M

91 F

14 M

84 F

GUAJARÁ 2 M

5 F

7 M

16 F

6 M

13 F

GUAMÁ 6 M

24 F

13 M

86 F

11 M

106 F

GUAMÁ 6 M

10 F

7 M

25 F

3 M

20 F

LAGO TUCURUÍ 5 M

22 F

24 M

65 F

6 M

49 F

LAGO TUCURUÍ 4 M

7 F

4 M

15 F

1 M

10 F

MARAJÓ 4 M

15 F

3 M

47 F

5 M

64 F

MARAJÓ 0 M

1 F

6 M

16 F

3 M

26 F

RIO CAETÉ 13 M

27 F

6 M

44 F

3 M

33 F

RIO CAETÉ 2 M

5 F

1 M

15 F

0 M

15 F

RIO CAPIM 4 M

16 F

10 M

62 F

5 M

87 F

RIO CAPIM 0 M

7 F

2 M

23 F

1 M

13 F

TAPAJÓS 2 M

11 F

3 M

21 F

2 M

18 F

TAPAJÓS 0 M

5 F

0 M

5 F

0 M

5 F

TOCANTINS 16 M

45 F

17 M

114 F

7 M

119 F

TOCANTINS 2 M

13 F

2 M

25 F

0 M

38 F

XINGU 2 M

19 F

6 M

41 F

1 M

41 F

XINGU 2 M

3 F

1 M

13 F

0 M

16F

TOTAL 370 835 838 TOTAL 99 224 217

Fonte: Ministério da Cidadania

Tabela 5 – Idade e gênero (masculino – M ou feminino – F) das vítimas de exploração sexual cometida contra crianças e adolescentes de acordo com a região.

TIPO DE VIOLÊNCIA: EXPLORAÇÃO SEXUAL
ANO: 2020 ANO: 2021 (Jan. a Abril)
REGIÃO IDADE DA VÍTIMA

0 a 6       / 7 a 12 /    13 a 17

REGIÃO IDADE DA VÍTIMA

0 a 6       / 7 a 12 /    13 a 17

ARAGUAIA 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

2 F

ARAGUAIA 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

0 F

BAIXO AMAZONAS 1 M

1 F

0 M

5 F

7 M

3 F

BAIXO AMAZONAS 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

2 F

CARAJÁS 2 M

2 F

0 M

1 F

0 M

6 F

CARAJÁS 0 M

0 F

0 M

1 F

0 M

1 F

GUAJARÁ 0 M

1 F

0 M

3 F

0 M

5 F

GUAJARÁ 1 M

0 F

0 M

0 F

1 M

0 F

GUAMÁ 0 M

0 F

0 M

4 F

0 M

3 F

GUAMÁ 0 M

0 F

0 M

1 F

0 M

2 F

LAGO TUCURUÍ 1 M

2 F

0 M

2 F

0 M

2 F

LAGO TUCURUÍ 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

0 F

MARAJÓ 1 M

0 F

1 M

3 F

1 M

7 F

MARAJÓ 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

3 F

RIO CAETÉ 1 M

0 F

0 M

4 F

0 M

0 F

RIO CAETÉ 0 M

0 F

1 M

3 F

1 M

4 F

RIO CAPIM 0 M

1 F

1 M

2 F

1 M

9 F

RIO CAPIM 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

1 F

TAPAJÓS 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

1 F

TAPAJÓS 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

0 F

TOCANTINS 0 M

1 F

0 M

5 F

0 M

2 F

TOCANTINS 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

0 F

XINGU 0 M

0 F

0 M

0 F

0 M

2 F

XINGU 0 M

0 F

0 M

2 F

0 M

3 F

TOTAL 14 31 51 TOTAL 1 8 13

Fonte: Ministério da Cidadania

Com base na tabela 3, é possível perceber que as crianças e as adolescentes do gênero feminino são vítimas deste tipo de violência cinco a seis vezes mais que o gênero masculino.

A maior incidência de abusos sexuais, independentemente do gênero, conforme tabela 4, ocorre quando as vítimas possuem entre 7 a 12 anos de idade.

Além disso, embora em menor número, temos uma quantidade significativa de abusos sexuais que são cometidos contra crianças de 0 a 6 anos de idade.

Entretanto, quando analisamos a tabela 5, é possível observar que a maior quantidade de casos de exploração sexual comercial é praticada contra vítimas na faixa etária de 13 a 17 anos de idade.

Fonte: Ministério da Cidadania, 2020, Dados Tratados pela CVIS – Seaster, 2021

RG15/O Impacto

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