Nélio Aguiar: “Despesas públicas com réveillon e carnaval serão utilizadas na saúde”
Por Thays Cunha
Mais um ano se encerra e apesar de ainda estarmos vivendo uma pandemia já conseguimos sentir os ares de uma leve melhora não somente na área da saúde como também no cenário econômico. Porém, ainda há muitos desafios a serem enfrentados pelo município para que se recupere, cresça e proporcione melhor qualidade de vida para os seus moradores.
Conversamos então com o atual prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, que fez um balanço da sua gestão no enfrentamento ao coronavírus, medidas tomadas em prol da contenção do vírus e cuidados com a cidade. Além disso, Nélio também conta uma novidade, pois apoiará a candidatura de um novo rosto para as eleições estaduais 2022.
O Impacto – Prefeito, fale um pouco sobre a condução da pandemia em sua gestão.
Nélio – Está tendo uma mudança em relação à questão da condução da pandemia. Com a vacinação da população já percebemos claramente os efeitos positivos da vacina. Fiz uma análise comparando novembro, outubro e setembro do ano passado e desse ano, e quando pegamos o número de óbitos desse trimestre do ano passado comparado com o desse ano nós tivemos 58% de óbitos a menos, mesmo com o crescimento do número de infectados. Mas poderia ser melhor, pois ainda não ultrapassamos os 70%, que é o ideal. Tem muita gente que ainda não foi se vacinar, e chega a 50% quem não tomou a segunda dose. Sabemos que quando existe uma dose de reforço é porque se faz necessário. Porque quem enfrenta o vírus são os anticorpos, soldados que nós temos dentro do organismo nessa guerra. Então quando o vírus penetra, se você está com a imunidade alta consegues produzir mais rapidamente e maior quantidade de anticorpos e vai vencer a guerra. Mas se o teu organismo está com a imunidade baixa, tu demora a responder e produzir. O vírus é mais rápido do que o teu corpo, aí tu perde a guerra, paralisa os rins, a pneumonia avança e acaba evoluindo pro óbito.
O Impacto – Então qual a vantagem da vacina?
Nélio – Ela simula como se fosse uma infecção do vírus, mas sem agredir o organismo, então o sistema de defesa produz essa defesa. Não é uma barreira física que o impedirá se ser infectado pelo vírus, mas quando ele entrar no seu organismo, como você já tem um exército de anticorpos eles vão derrotá-lo. Não impede a infecção, mas garante maior proteção para evitar casos mais graves, necessidade de UTI’s e óbitos. E vai ser melhor ainda se todo mundo for tomar a segunda dose direitinho, procurar os postos de vacinação, lá não temos problema com vacina para atender a população. O Brasil é um dos países que mais que tem comprado vacina no mundo inteiro e é só a população ter consciência.
E não vamos culpar o aumento da covid por causa de eventos, restaurantes, shopping. A gente não está trabalhando isso de encontrar um culpado para a covid, até porque já percebi que a covid tem uma sazonalidade. Foi pior na primeira onda de dezembro a março, passamos, e de novo está crescendo o número de casos em novembro e dezembro. A tendência é que as infecções virais e infecções respiratórias têm muito a ver com a época do ano, que é tempo chuvoso para nós na Amazônia. Não foi por causa das aberturas, pois em setembro estava aberto e não aumentou. E outubro também. Então a tendência é que a gente vai estar passando toda esse época, assim como o H1N1 e outras viroses. O que temos que fazer é estar imunizados, tomado a vacina para enfrentar isso.
Os voos para o mundo estão funcionando, mas só embarca no avião quem apresentar carteira de vacina e testes das últimas 48 ou 24 horas que seja negativo para covid. Então se a pessoa quer ir para o restaurante e está vacinada, ela vai. Se não tomou a vacina tem que ter o atestado justificando o motivo de não poder tomar. Sem esse atestado tem que fazer o teste antes de ir para o restaurante. É uma coisa muito mais difícil. Então é melhor é ser vacinado, que já tem resultado favorável. E o critério é esse. Não serão mais as bandeiras, mas permitir que as atividades estejam funcionando, porém exigindo a vacina para acessá-las.
Inclusive, nosso posicionamento em cancelar o réveillon e o carnaval é porque não tenho como estar cobrando das pessoas numa praça de vento o acesso foi vacinado ou não. É diferente do evento privado, que tem uma portaria e só passa por ela quem apresentar ingresso e carteira de vacina para respeitar o decreto estadual e o municipal. Além disso, tem a questão de eu não usar recursos públicos nesse momento que a gente ainda tá precisando pra UPA, Hospital Municipal, para as unidades de saúde, para as nossas equipes que estão vacinando, pois precisamos continuar com a vacinação, ou seja, ainda estamos nas estratégias de enfrentamento contra a covid e precisamos de recurso público. Então a gente acaba evitando esse investimento, essas despesas públicas em relação ao réveillon e o carnaval, e vamos utilizar na saúde. Essa é a decisão nossa.
O Impacto – O réveillon está proibido então?
Nélio – Para ficar bem claro para as pessoas, eu não proibi, só disse que a prefeitura não vai fazer. Mas no privado, se quer fazer, tem que cumprir as exigências dos decretos estadual e municipal, que vamos fiscalizar. Vai ter evento privado porque vai ter controle sobre. Tem que olhar a questão da saúde, mas a gente tem que olhar o emprego, a renda das pessoas que também se faz necessário.
O Impacto – Como estamos no quesito emprego?
Nélio – Estamos encerrando o ano de 2021 com saldo positivo de emprego por carteira assinada em Santarém. São quase 3 mil novos empregos e isso demonstra a recuperação da nossa economia no pós-pandemia. Agora a economia começa a ter sinais de recuperação e a gente vai estar caminhando nesse sentido, olhando para a saúde das pessoas, que é a vacina, então eu faço o apelo: acredite na vacina, e mesmo que você tenha alguma dúvida vá lá se vacinar. Ninguém está dizendo que é 100% de eficácia, mas para o não vacinado a cobertura é zero. Então o que é que você quer para você: o nada, o zero, ou você quer um instrumento que lhe dá pelo menos 60% a 65% ou mais do que isso de segurança? É melhor ter a vacina do que não ter nada.
Quem não adoeceu ainda acaba correndo um risco desnecessário, acho que é um momento de união agora. Todo mundo seguir rigorosamente e incentivar que as pessoas possam ser vacinadas para a gente não ter que voltar o que aconteceu ano passado: bandeiramento, lockdown, impedir a circulação das pessoas. Hoje se fala muito na questão de lockdown dos não vacinados. Se precisar parar, atuar na circulação das pessoas, quem vai ficar impedido de circular serão os não vacinados. Não vão dizer que estou afirmando isso ou que está no nosso planejamento, só estou fazendo uma análise de que se for necessário, acredito que não vai ser necessário, mas o critério daqui pra frente que tá sendo usado é a vacina.
O Impacto – Um pouco mais sobre saúde: como está a obra do Hospital Materno Infantil?
Nélio – A obra do Materno Infantil estamos fiscalizando. Já está bem avançada, mas estamos tendo problemas com a empresa. Porém, ela já foi notificada para que possa aumentar o ritmo dessa obra.
Em relação ao Hospital Municipal, Upa, a gente melhorou muito, tem avanço, mas saúde não é fácil, é sempre uma demanda crescente, temos às vezes uma falha ou outra, é normal, mas tenho certeza de que temos o melhor hospital do interior do estado do Pará.
Atendemos toda a região e estamos fazendo parceria com o governador Helder incrementando mais serviços de ortopedia e traumatologia para aumentar o número de cirurgias realizadas e reduzir a fila por atendimento. Temos uma situação mais crítica na obstetrícia, por isso é importante e estou pegando no pé pra gente concluir o Materno Infantil, porque na verdade ficou pequena a nossa maternidade pro tamanho da demanda. A gente tá realmente com um serviço sobrecarregado, mas todo dia, 24 horas, o nosso hospital tá salvando vidas, são cerca de 10 mil atendimentos por mês. É claro que o percentual que dá problema é exceção e não a regra. A regra lá é ser atendido, ser operado, receber alta e voltar pra casa. Isso que o hospital tem feito.
O Impacto – Mudando de assunto… Há rumores de que de a primeira dama seria uma pré-candidata a deputada estadual. É verdade?
Nélio – Ainda não dei entrevista sobre isso, nunca ninguém me fez essa pergunta. Mas já que você está perguntando eu vou ter que responder. Não passava pela minha cabeça e muito menos pela da Celsa entrar para a vida pública, política, ou vir com uma candidatura. Mas acompanhando o cenário político eu vi a necessidade dela também entrar, colocar o nome à disposição de Santarém, pois tem me ajudado muito como secretária da assistência social, uma brilhante equipe que está fazendo um brilhante trabalho. Nós passamos seis anos sem ter nenhum deputado estadual e Santarém precisa ter essa força política em Belém, pois tem muitos projetos aqui que a gente depende de decisões da nossa capital. Por exemplo, teve um programa de financiamento de investimento em pavimentação, drenagem e esgoto que contemplou muitos municípios, exceto Santarém, pois não havia ninguém lá para fazer a nossa defesa e trazer o benefício.
E nós estamos fazendo um trabalho conjunto com as lideranças para ver se a gente consegue reduzir o número de candidaturas a estadual, porque Santarém não precisa de candidatos, a gente precisa de mandatos, concentrar e unir forças pra eleger os nossos representantes tanto na assembleia quanto na câmara federal. Essa é a nossa ideia. Vamos ver o que vai ser pela frente.
Hoje quem tem mandato de estadual no nosso grupo é o deputado Zé Maria Tapajós, que está fazendo um excelente trabalho. Não vamos trabalhar pra eleger só um. Quanto mais a gente tiver de mandatos é melhor, e o Zé Maria foi a primeira pessoa que eu fui pessoalmente falar da mudança da situação, porque não estava planejada essa dinâmica, e devido a lealdade e respeito fui o primeiro a informá-lo, a conversar, e isso não tira o nosso apoio e o nosso compromisso que nós temos de ajudar o Zé Maria, de trabalhar junto com ele. O que estamos colocando é que as candidaturas conhecidas só em Santarém historicamente têm mostrado que é difícil chegar a um mandato se não tiver o apoio da região. E com a Celsa tenho portas abertas praticamente no estado todo, pois temos uma militância com os colegas e prefeitos de outros municípios, as pessoas já conhecem o nosso nome, o nosso trabalho, é mais fácil a gente sair em busca dos votos fora de Santarém. E ainda é pré-candidatura, deixo claro que não estou pedindo voto, só estou respondendo a pergunta sobre se ela é pré-candidata.
O Impacto – Finalizando…
Nélio – Agradeço a oportunidade, é sempre um prazer estar nO Impacto prestando maiores esclarecimentos e discutindo temas importantes para Santarém. Estamos entrando num período meio difícil das chuvas, enxurradas e alagamentos, mas estamos com todo o esforço concentrado: Defesa Civil, Seminfra, Semurb. É importante também que a própria população nos ajude e não deixe o lixo pela rua. Os alagamentos, quando a gente vai ver, os bueiros foram entupidos por sacolas plásticas, garrafas pet, latinhas que jogam na rua. Não é fácil, quem acompanha sabe que nas fortes chuvas até as capitais do Brasil não estão preparadas. O que a gente precisa é ter um esforço conjunto. Já vem amenizando, as obras que estamos fazendo de drenagem e pavimentação tem reduzido essa demanda, mas o plano de drenagem tá muito longe do ideal. Temos que fazer muita coisa ainda para avançar. Enquanto nossa cidade não tiver 100% de drenagem eficiente nós vamos ter muita dificuldade no momento do inverno amazônico. Ele já chegou, mas tem uma hora que vai passar e estamos preparados. Teve um problema, a gente vai pra cima para amenizar o sofrimento da população.
Por fim, sou prefeito de todo mundo, não sou prefeito somente daqueles que votaram em mim. Sou prefeito dos santarenos, então quando faço uma rua, uma praça, é para todos os moradores do bairro e aqueles que precisam circular. Esse é o meu pensamento, rezem e torçam por mim, porque quanto mais o governo der certo é melhor para todo mundo.
RG 15 / O Impacto