Servidor da Alepa sacava até R$ 150 mil na boca do caixa, diz promotor
O promotor de Justiça Nelson Medrado, que investiga as fraudes na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), ouviu em depoimento quatro funcionários do Banpará na última terça. Os funcionários (cujos nomes não foram divulgados) foram questionados sobre o pagamento de cheques relativos às licitações feitas naquele Poder. O promotor analisa 175 licitações feitas em 2010 no Legislativo, das quais apenas três dentro da legalidade. O rombo estimado nos cofres públicos com o esquema pode chegar a R$ 20 milhões, segundo Medrado.
Nos depoimentos, os bancários afirmaram que os pagamentos relativos aos cheques eram recebidos, na maior parte das vezes, pelo engenheiro Sandro de Souza Matos, que fazia parte da Comissão de Licitações da Alepa. De acordo com eles, Sandro apresentava os cheques nominais às firmas (que teriam executado os serviços na Alepa) e recebia os valores ’em confiança’ na boca do caixa. De acordo com o promotor Nelson Medrado, os depoimentos indicam que Sandro saía do banco com os malotes de dinheiro, com quantias que podiam chegar a R$ 150 mil.
Durante o depoimento, os servidores disseram ‘nunca ter suspeitado’ que houvesse algum tipo de ilegalidade naquela situação. Os depoentes sabiam que Sandro era funcionário da Alepa e que dizia que ‘o pagamento seria para comprar material ou fazer pagamentos na Casa’. Um dos servidores afirmou ainda que Sandro vinha, geralmente, acompanhado de outras pessoas que os funcionários do banco supunham serem os proprietários das firmas. Os depoentes disseram também que ‘era conferida apenas a assinatura dos deputados que assinavam os cheques pela Assembleia’ e que a prática de fazer esses pagamentos a Sandro já vinha de anos anteriores, mesmo quando o atendimento à Alepa ainda era feito na agência Palácio, na avenida Presidente Vargas.
Segundo Nelson Medrado, os depoimentos dos servidores do Banpará foram importantes e comprovam, mais uma vez, o amplo esquema de fraudes em processos de licitações que se instalou no Legislativo nos últimos anos. ‘O que eu noto é que esse esquema se prorrogou no tempo, já que os funcionários disseram que Sandro já recebia os valores há anos’, destaca Medrado. Para o promotor, deveria ter havido maior rigor no conferimento de assinaturas e na identificação do recebedor do cheque. ‘Esses pagamentos deveriam ser feitos aos representantes da firma, devidamente identificados, e não a um servidor da Assembleia’, finalizou Medrado.
Fonte: O Liberal