Santarém – Moradores de Ocupação denunciam Paulo Oliveira
“Suposto líder quilombola pede dinheiro de invasores com a promessa de incluí-los no Minha Casa Minha Vida”
A reportagem de O Impacto teve conhecimento que Paulo Oliveira, registrou na tarde de segunda-feira (12), Boletim de Ocorrência, na 16ª Seccional de Polícia Civil de Santarém, relatando que teria sido vítima de extorsão, por parte de uma pessoa não identificada, que teria dito que trabalhava no Jornal O Impacto.
Segundo seu relato à autoridade policial, o fato teria ocorrido na segunda-feira (12), por volta de 9h, na travessa Luiz Barbosa, no bairro do Laguinho.
A pessoa não identificada disse que “se o relator [Paulo Oliveira] pagasse o valor de R$ 40.000,00 para não divulgarem uma notícia “Suposto líder quilombola com passagem em municípios da região oeste do PA, é investigado em MG acusado de dar golpes citando governo”.
Diante da informação, a Direção do Jornal procurou a polícia, solicitando a oitiva de Paulo Oliveira, para que ele apresente detalhes do suposto crime, inclusive, possa apresentar a identificação do suspeito.
O setor jurídico de O Impacto trabalha junto à autoridade policial, visando colaborar para o desfecho da investigação, e que os infratores sejam punidos.
Chamou atenção dos advogados do jornal, o fato da matéria citada no relato de Paulo Oliveira, ter sido publicada há mais de 3 anos, no site de O Impacto, exatamente em 14 de agosto de 2019.
Conforme captura de tela abaixo:
Confira a matéria citada clicando aqui
Portanto, se a matéria já havia sido publicada, é de domínio público. O jornal ressalta, que a reportagem foi reprodução de original publicado pelo O Globo. Na época, vários jornais publicaram a denúncia contra Paulo Oliveira e sua esposa.
A reportagem destacou que Paulo Oliveira e sua mulher teriam coletado dinheiro em uma cidade no interior de Minas Gerais com a promessa de que viabilizariam a construção de casas populares com verba do governo. As autoridades policiais foram acionados, e o casal negou as acusações
Um ano depois, Paulo e sua mulher, Leocionara Silva dos Santos, identificada como Narha Oliveira Munduruku, foram apontados por arrecadar dinheiro irregularmente prometendo a construção de moradias populares. Atualmente, as acusações recaem novamente sobre eles, mas desta vez, por moradores de uma área invadida chamada de “Boa Fé”, situada na rua ‘F’, no bairro Maracanã, entre à margem direita do Rio Tapajós e a Fernando Guilhon I, lado B, em Santarém.
Denúncia
Depois de veicularmos esta notícia, recebemos diversas denúncias a respeito. Mas por medo de represálias, os denunciantes optaram por não se identificarem. Em umas das alegações, moradores afirmaram que a comissão a frente da nova invasão estão cobrando o valor de R$ 150 reais, recolhendo documentos para realizar um possível cadastramento, a qual será enviado à Brasília para implementar no novo projeto do Minha Casa, Minha Vida de 2023.
“O recolhimento aconteceu na sexta, no sábado e no domingo. Os que não tinham dinheiro na hora, eles deram cinco dias para pagar, ou seja, tem gente pra pagar até quinta-feira, dia 15. E tem que pagar urgente. Tem até um Deputado Federal no meio, mas não estou me recordando o nome”, disse uma das denunciantes.
Os envolvidos no esquema argumentaram aos outros invasores, que as notícias mencionando do suposto líder quilombola são fakes e muitos moradores acreditaram por não se atentarem a data de veiculação da notícia.
“A invasão é liderada pela Eliane, que é conhecida como ‘Joia’, só que eles falaram que não tão sabendo de nada. Ontem eles defenderam o Seu Paulo, através do grupo, disseram que isso era jogada suja do dono do terreno que o dono ta comprando todo mundo e que isso era mentira, era uma matéria fake. Só que a gente acabou não se atentando também a data, na verdade eu só me atentei agora por causa dos advogados de você e dessa outra matéria agora”, declarou.
A denunciante disse ainda que a cobrança por lote de terreno era R$ 500 reais, mas o valor foi diminuindo. “Eles baixaram pra 300, como continuou caro eles falaram que ficaria até 200, mas a família só precisaria entrar com 150, que eles entrariam com 50 reais, olha a conversa. Eles falam que é pra juntar uma documentação e eles preenchem aquela ficha da Minha Casa, Minha Vida, Casa Verde Amarela”, detalhou.
A área invadida
Conforme documento obtido com exclusividade pela equipe de reportagem do Jornal O Impacto, a área invadida é o único imóvel de propriedade das vítimas, adquirido através de indenização trabalhista e economias de mais de 15 anos do casal.
No processo tramitado na Justiça, há a declaração de um dos responsáveis por cuidar do terreno. Ele afirmou à autoridade policial que já sofreu ameaças dos invasores e que frequentemente avista a presença de invasores conversando com motoristas de carros de luxos e caminhonete. O declarante destaca também, que estas pessoas podem está financiando a invasão para se beneficiarem de vendas futuras.
Na manhã do dia 1 de outubro deste ano, o responsável por cuidar do terreno percebeu que o local havia sido invadido por cerca de 120 dias, a quais se instalaram com barracas improvisadas e outros se organizaram para comercializar as terras por lotes pela quantia de R$ 800 a 1.000 reais.
Além de que, de acordo com boletim de ocorrência anexado no processo, os advogados responsáveis pelo caso foram ameaçados de morte, inclusive o próprio dono do imóvel que mora no perímetro. No dia 25 de outubro, durante a noite invasores embriagados gritavam palavras de ordem no sentido de invadir a residência. Em outra ocasião, os invasores adentraram a casa e ameaçaram eliminar os residentes se não se retirassem do local.
A proprietária do terreno ressalta que a invasão está sendo patrocinada por pessoas que já possuem imóveis e estão usando laranjas para auferir vantagens indevidas e que embora avisados no local, continuam levando cestas básicas aos invasores que atualmente possuem casas e residem no local.
Por Diene Moura
O Impacto