Como a prisão de 2 traficantes pode revelar o esquema de lavagem de dinheiro em Santarém
O que parecia ser só mais uma viagem tranquila de Santarém para o município de Uruará, ganhou uma reviravolta por volta das 19h47, do último sábado (4), na PA-370 (Curuá-Una), situada na Comunidade Nova Conquista do Chapadão, no bairro Urumari, em Santarém.
O proprietário de uma loja especializada em moda masculina, Bruno Silva de Moura, de 22 anos, dirigia um veículo FIAT MOBI LIKE, da cor vermelha, placa QVT3A53, acompanhado do DJ Kaio Vinicius de Castro Viana, de 29 anos. Os dois foram flagrados com 2 kg de drogas escondidos embaixo do portas luvas, que fica em cima do painel em meio a fiação do carro e mais 14 cheques, totalizando o valor de 120 mil reais, além de um notebook da marca Samsung e dois aparelhos celulares (1 Iphone e 1 Redmi).
Uma denúncia chegada através do rádio patrulha ao Posto Policial Militar Destacado (PPMD) da Comunidade Boa Esperança, deixou os policiais atentos quanto as características do veículo e os dois ocupantes. Ao avistarem no perímetro, realizaram o acompanhamento até darem o sinal sonoro alertando para encostarem e pararem.
Na abordagem, foi realizada a busca pessoal nos indivíduos, que não encontram nada. Em seguida, decidiram averiguar minuciosamente o carro, até que encontraram os dois tabletes, 1 kg de maconha e 1kg de cocaína, ambas condicionadas em plástico transparentes. Ainda foi possível constatar em posse da dupla, dez cheques no valor de 10 mil reis cada e outros 4 no valor de 5 mil, todos estavam assinados e preenchidos em nome de Artineia Silva de Moura, mãe de Bruno Moura.
Imediatamente receberam voz de prisão e foram encaminhados para prestarem esclarecimentos na 16º Seccional de Polícia Civil, no plantão do Delegado Jair de Assunção Castro, onde foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e associação ao tráfico.
Em depoimento na delegacia, os dois com a presença de um advogado, usaram do seu direito constitucional disposto no Código de Processo Penal e decidiram ficar em silêncio, pretendendo responder as perguntas das imputações, somente perante o juiz.
O veículo em nome da pessoa jurídica Bruno Silva de Moura Eirelli foi apreendido e se encontra no pátio da 16º Seccional de Polícia Civil, onde foi periciado.
Os dois foram transferidos para o Sistema Penitenciário do município e estão a disposição da Justiça em virtude da comprovada autoria e materialidade do delito em análise da conduta prevista no art 33 e 35, disposto na Lei de Crime das Drogas de nº 11.343/2006.
As diligências posteriores a prisão, também contará com o Núcleo de Apoio à Inteligência (NAI), juntamente com a Chefia de Operações da delegacia com objetivo de elucidar a origem do material e quem seria o receptador.
Esquema de lavagem de dinheiro
Os jovens possivelmente são as peças fundamentais da pontinha do ‘iceberg’ que sustenta um esquema de lavagem de dinheiro na região. Acostumados a realizarem o mesmo trajeto freqüentemente sem nunca serem pegos, a abordagem não causou espanto e por isso, estavam aparentemente tranqüilos durante a abordagem da Polícia Militar.
Bruno Moura, empresário, se orgulhava das conquistas alcançadas nos últimos anos. Como ex-proprietário de uma loja de moda masculina, não escondia o espaço luxuoso, com roupas padrões, além de fotos como turista em lugares paisagísticos, tudo postados em seu perfil nas redes sociais. Dentre as publicações, inclusive está a do carro que foi apreendido, um vídeo datado em agosto de 2022, mostra o veículo com uma legenda: “Obrigada papai do céu, por mais essa conquista maravilhosa”, destaca no vídeo.
Já o DJ, morador do bairro Nova república, vivia em união estável e era conhecido na região por participar de eventos e festas. Segundo informação de testemunhas, os dois vendiam ‘balas’ (droga) potente, geralmente comercializadas ilegalmente em raves. Ainda conforme nos informaram, a dupla pretendia trazer as substâncias cetamin para a produção de key, droga que causa sensações psicodélicas e paralisias no corpo.
Os envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro possivelmente utilizavam de artifícios para mascarar o dinheiro adquirido por meio do crime. A movimentação de valores altos, como a qual foi encontrado em cheques, em sua maioria tem relação com empresas de fachadas, a fim de desviar a atenção da polícia e sair do radar da receita federal.
A lavagem de dinheiro é caracterizada para esconder a origem do dinheiro ilegal. Como fazem? Na prática, os recursos obtidos de forma errada, fazem parecer que foram adquiridos de maneira legal, daí surgem, a falsa limpeza.
Matéria atualizada no dia 11/2 às 11h42.
Por Diene Moura
O Impacto – colaborou Baía