Depois de 30 anos, Monte Alegre volta a plantar banana-prata
Com o apoio do Governo do Pará, agricultores de Monte Alegre, no Baixo Amazonas, estão voltando a plantar banana-prata depois de quase 30 anos de estagnação da cadeia produtiva no município. Nos anos 80, Monte Alegre chegou a ser o maior produtor estadual da variedade, de acordo com mapeamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas perdeu tudo por causa de surtos de mal-do-panamá e sigatoka-negra, doenças que dizimam as lavouras.
Aliando difusão de tecnologia e incentivo à organização social, o projeto do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater), em parceria com a Prefeitura, desde 2021, busca revitalizar a atividade a partir da introdução e distribuição de mudas resistentes e de fortalecimento de boas práticas. Ao todo, 60 famílias das comunidades Ari, Três Bocas, Terra Preta e Serra Azul já receberam 5 mil mudas no total.
“A Emater tem feito um trabalho muito importante de orientação às famílias aqui da Comunidade sobre a forma correta do manejo, melhorando a qualidade da produção da banana. Agora, com a doação dessas mudas, além de resgatar um cultivo antigo das famílias daqui, vai aumentar a variedade de produção para a comercialização”, destacou o produtor Luís Paulo da Silva, de 45 anos, da Comunidade Serra Azul.
A ação é uma oportunidade de geração de renda também para as mulheres da comunidade, pontua a produtora Ivonilde Santos Souza, de 53 anos, que tem expressiva representatividade entre as mulheres da região. “Essas mudas de banana vão alavancar nossa produção e possibilitar que mais mulheres tenham a sua própria renda”, pontuou.
Projeto
O “Programa de Fortalecimento e Resgate da Cultura da Banana no Município de Monte Alegre” inclui, ainda, a instalação de uma Unidade Demonstrativa (UD) no prazo de dois meses. O empreendimento funcionará como pólo comunitário de compartilhamento de experiências.
A Unidade Demonstrativa de bananicultura tem o objetivo de demonstrar, através de um plantio modelo, as boas práticas para o cultivo da banana, com utilização de técnicas e tecnologias acessíveis ao produtor. “O programa prevê o compromisso dos produtores beneficiados em repassar futuramente perfilhos das mudas que receberam, como forma de atender novos produtores e a expandir a área plantada, além da introdução de novas variedades da fruta de linhagem mais produtiva e resistente a várias doenças”, explicou o supervisor regional da Emater no Baixo Amazonas, o técnico agrícola e veterinário Alain Xavier.
O programa conta ainda com a consultoria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) que adquiriu as mudas produzidas em laboratório no Estado da Bahia.
Economia
O secretário de agricultura de Monte Alegre, Jean Vasconcelos, também destacou a importância do programa para o incentivo a economia no município. “A entrega das mudas aliada as orientações aos produtores, é a garantia que teremos produção e produtividade, mas desde que sejam obedecidas as orientações técnicas. Teremos um produto de valor comercial e de resistência à praga. Nós acreditamos que, desta forma, essa parceria firmada entre os órgãos e os produtores rurais colherá resultados satisfatórios e fomentará a cultura na cidade de Monte Alegre”, atribuiu.
O plantio de banana em Monte Alegre encontra-se em ascensão na diretriz da diversificação. “Pelo menos cinco tipos de banana (“branca”, “casada”, “grande”, “prata” e “roxa”) dispõem de mercado fluido em praças como Manaus, no Amazonas, e Macapá, no Amapá, além de abastecerem também o Arquipélago do Marajó e o oeste paraense. “Nossa meta é suprir toda a demanda. Aqui tem mercado com preço e condições de venda”, comemora o secretário de agricultura.
O Impacto com Agência Pará