Servidor da Justiça em Santarém é alvo de busca e apreensão após tentar interferir a favor do acusado da morte de empresário e esposa

Na quinta-feira (16), o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), com a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão em desfavor de Henrique Braga Farias, 30 anos, residente na Rua Aramanaí, nº 1440, no bairro do Maracanã I,  em Santarém.

De acordo com a promotoria, a ação teve como objetivo “angariar maiores provas da conduta delitiva supostamente perpetrada como o crime de corrupção ativa, assim para tentar identificar todos os envolvidos na suposta ação criminosa investigada, angariando elementos que esclareçam as demais circunstâncias do caso”.

As investigações da Polícia Civil no âmbito da Operação Themes, apontam supostos indícios de que o assessor do juizado especial do consumidor procurou Poliana Dyara Gomes Rocha Aguiar, assessora da 3ª vara criminal de Santarém, para lhe apresentar proposta de vantagem financeira de terceiro para revogação de medidas cautelares em favor do réu Dionar Nunes Cunha Júnior, acusado de ser mandante da morte do empresário Iran Parente e sua esposa.

Consta nos autos, que no dia 10 de novembro de 2022, por volta de 19h33, Poliana recebeu uma mensagem de Henrique Braga, informando que estava chegando na sua casa para conversarem. Ele chegou sozinho na residência e após entrar, cumprimentar Poliana e seu marido, o qual ficou sentado por alguns instantes junto a Poliana e Henrique. Uma vez sozinhos, Henrique falou: “AMIGA NÃO SEI POR ONDE COMEÇAR” (Textuais) e continuou a conversa afirmando que tinha um amigo que tem uma casa em Alter do chão, e este amigo, por sua vez, tinha um amigo que é rico em Santarém e que teria um processo na 3º Vara Criminal na comarca de Santarém.

Ainda de acordo com a investigação, ele seguiu relatando que este amigo não sabia como era a conduta de Poliana no trabalho, mas queria que ela “olhasse” um processo, pois esse amigo era muito conhecido, muito rico e que o caso dele era de repercussão, tendo Henrique confirmado que este amigo era Dionar Nunes Cunha Junior.

Na continuidade da conversa, Henrique Braga aduziu que esse amigo falou que estava com problemas com a polícia em relação as medidas cautelares, e que queria derrubá-las, pois não conseguia nem tomar uma cervejinha na sua casa, sem que a polícia batesse e lhe incomodasse.

Em seguida, falou que o amigo em questão tinha falado que pagaria R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) pela impronuncia, com proposta inicial de R$ 100.000,00 (cem mil reais), mas chegou a proposta final de R$ 200.000,00 (duzentos mil) para impronuncia mais a quantia de 10.000,00 (dez mil reais) para a retirada das medidas cautelares, o que foi recusado por Poliana.

Diante da negativa, Henrique chegou a afirmar “Eu falei pra eles que era certeza que você não iria aceitar”, completando que esse amigo que é amigo do Dionar estaria há mais de 30 dias o pressionando a levar a proposta para Poliana.

Após 30 (trinta) minutos da saída da residência de Poliana, por volta de 21h54, Henrique mandou mensagem dizendo que já tinha passado o recado e que eles tinham aumentado a proposta para 500.000,00 (quinhentos mil reais), o que também foi recusado por Poliana, tendo estas mensagens sido extraídas do Celular de Poliana, conforme consta nos autos.

“A modalidade criminosa sob investigação acarreta danos gravíssimos ao seio social, tem consequências funestas à população bem como a sociedade como um todo” disse Alexandre Rizzi, Juiz de Direito Titular da 1ª Vara Criminal de Santarém, ao autorizar a busca e apreensão, solicitada pelo Promotor de Justiça Titular da 9ª Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais, Ações Constitucionais, Defesa da Probidade Administrativa e Fazenda Pública de Santarém, Diego Belchior Ferreira Santana.

O Impacto

Um comentário em “Servidor da Justiça em Santarém é alvo de busca e apreensão após tentar interferir a favor do acusado da morte de empresário e esposa

  • 20 de março de 2023 em 11:57
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    Um canalha esse “servidor”. Mas isso só veio à tona porque as pessoas que foram assassinadas tinham recursos e a família também. Imagina o que servidores e advogados corruptos e a própria justiça que é seletiva mesmo quando não é corrupta fazem com aqueles( pobres) que nem sequer acesso tem a ela? As injustiças já começa por onde se devia fazer justiça.

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