Centro Cultural Inclusartiz, no Rio de Janeiro, abre exposição de 30 artistas amazônidas
Uma das características marcantes da Amazônia, e pouco conhecida fora da região, é a relação dos amazônidas com a religião, com aquilo que consideram sagrado. Este é o aspecto que estará evidente na exposição “O Sagrado na Amazônia” aberta a partir do próximo domingo, dia 24, no térreo do Centro Cultural Inclusartiz, no Rio de Janeiro. A exposição coletiva levará 30 artistas amazônidas com obras de diferentes manifestações do divino.
A curadoria é do conceituado Paulo Herkenhoff — pesquisador que há mais de 40 anos se dedica ao fomento da produção artística no Norte do país e ao debate crítico acerca do conceito histórico de “visualidade amazônica”. Herkenhoff já foi curador do Arte Pará, um dos mais conceituados salões de arte contemporânea do Norte do Brasil.
O Sagrado na Amazônia conta com uma grande presença de artistas originários da região amazônica brasileira, como Denilson Baniwa e Rita Huni Kuin, e também de povos da Amazônia Internacional, como a peruana Lastenia Canayo. No total serão 75 trabalhos produzidos, a partir de diversos suportes, entre pinturas, fotografias, vídeos, objetos e esculturas, além de documentos históricos.
A fotógrafa, artista visual e pesquisadora paraense Paula Giordano participa da exposição com sete fotografias. Quatro fotografias são de uma investigação da relação dos promesseiros com a corda do Círio de Nazaré, duas fotos relacionadas ao contexto histórico da religião evangélica na região, e uma do Pajé Júlio, da Ilha do Marajó.
Paula enxerga o sagrado na Amazônia de maneira rica, sendo “uma grande diversidade, quando lançamos o olhar para as diversas formas de conexão com o divino. Mas precisamos estar atentos e combativos aos preconceitos, estigmas e violências que alguns cultos afro brasileiros vêm sofrendo. É necessário trazer à luz o respeito às diferenças, o conhecimento e o amor, assegurando direitos humanos e o Estado Laico”, detalha. Ela acredita que a Amazônia pode ensinar o mundo “preservando sua pluralidade, diversidade e valorizando as tradições ancestrais. Para isto, a questão religiosa se intersecciona com a questão ambiental”, destacou.
O fotógrafo paraense Guy Veloso tem publicações e mostras nacionais e internacionais. Dele estarão expostas obras sobre diversos ritos: umbanda, candomblé, tambor de mina, Círio de Nazaré e batismo evangélico. “Tudo junto em uma só parede”, adianta. “Amazônia plural e multicultural. Assim como no Nordeste, a religião aqui toma ares mais dramáticos, havendo nas várias religiões sutis adaptações. O catolicismo popular do Círio de Nazaré seria um exemplo”, avalia.