Tite chega com o desafio de pacificar um Flamengo conturbado
Uma semana depois de anunciar oficialmente a contratação de Tite, e usar esse período para ambientação e desconstrução da imagem do técnico junto ao torcedor, através das redes sociais, o novo comandante será enfim apresentado pelo Flamengo com a tradicional entrevista coletiva hoje, em que se revelará uma espécie de pacificador. O desafio é assumir a equipe em uma temporada repleta de fracassos, com dois técnicos demitidos, e animosidade, dentro e fora do clube, inclusive com episódios de agressão entre profissionais e do vice de futebol Marcos Braz a um torcedor.
A volta de Tite ao futebol nos braços da maior torcida do Brasil é um passo surpreendente na carreira do gaúcho que, desde o dia nove de dezembro, não falou mais nada sobre a saída da seleção brasileira após a eliminação na Copa do Mundo. Os planos de trabalhar fora do país não se concretizaram este ano, tais quais as pretensões do Flamengo, e o encontro inusitado, preterindo até o Corinthians, é a prova de que dos dois lados existe a necessidade de seguir adiante na busca por novas conquistas.
Para isso, a imagem do Tite técnico da seleção que ficou desgastada, ora por desfalcar o Flamengo, ora por não levar nomes como Gabigol e Bruno Henrique, precisou ser desconstruída. Saiu o paletó, entrou o conjunto de moletom vermelho. Até um terço rubro-negro para lembrar da falecida mãe o técnico recebeu do clube, que postou a homenagem. No dia a dia e nas palavras até aqui, entretanto, nota-se um Tite muito parecido com o da seleção nos comportamentos e ideias.
Ao privilegiar o coletivo e tratar a todos igualmente, entre jogadores e funcionários, o técnico restabeleceu um ambiente mais harmonioso e funcionou, também, como escudo da diretoria, que abriu mão de intervenções maiores no departamento de futebol para concentrar as esperanças no técnico, de perfil mais humanista que o antecessor. Naturalmente, na apresentação oficial Tite terá que abordar os problemas que antecederam sua chegada, e falar sobre como lidar com os que permanecem após a sua escolha para substituir Jorge Sampaoli.
Apesar disso, a postura do treinador fora de campo vai pesar pouco se comparada ao que se espera de soluções dentro das quatro linhas. Fazer o Flamengo voltar a jogar bem e ter constância é o maior desafio. E nesse sentido, não só fazer as pazes com a torcida, com dirigentes do clube que o ofenderam na época da seleção brasileira, mas dos jogadores com as vitórias.
Gabigol, que vive péssima fase, sintetiza bem a missão. O resgate de Tite como técnico passará por esquecer diferenças e pensar no Flamengo. E ao liderar pelo exemplo, fazer com que os jogadores, por mais ídolos que sejam, precisam seguir o mesmo caminho. O primeiro teste acontecerá na quinta-feira, contra o Cruzeiro, fora de casa. Tite já avisou que sonha com o título do Brasileiro, mas que o foco é na Libertadores.
Fonte: Extra
Imagem: Divulgação/CRF