Santarém – Membros do Comando Vermelho que quebraram pernas e braços de ‘Macaxeira’ serão julgados

Na próxima quinta-feira (19) iniciará o julgamento de Deive Tapajós Henriques, Elizenilton Ferreira da Silva, Paulo Henrique dos Santos Silva, Raimundo Alessandro Vieira Pereira e Jeremias da Silva Vasconcelos acusados da prática do crime de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e meio que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima em concurso de agentes e em concurso material de crimes com o delito de tortura qualificada.

Segundo o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), no dia 18 de março de 2022 a vítima Edivaldo Saraiva da Silva, conhecido por “Macaxeira” (foto em destaque), estava trabalhando na construção de uma fossa em uma casa situada na Quadra 21 do Bairro Bela Vista do Juá, quando, por volta de 12h00, suspendeu suas atividades e saiu do local para buscar almoço.

Quando estava chegando ao seu destino, próximo ao estabelecimento comercial denominado “Estância do Jucá”, um veículo FIAT ARGO, cor branca, aproximou-se e estacionou ao seu lado. Dentro do automóvel estavam os denunciados Elizenilton (Nino), Paulo (Paulinho) e Jeremias (Jeco, condutor do veículo), além da pessoa conhecida por “Profeta” e dois dos seus “soldados do tráfico”, os quais, ameaçando-o de morte, obrigaram-no a adentrar no veículo e continuaram o trajeto com destino a uma área do bairro conhecida como “Favela”.

Já na “Favela”, em um terreno baldio, os denunciados passaram a acusar Edivaldo (Macaxeira) de ter furtado a casa de um deles, subtraindo botija de gás, um aparelho televisor, uma geladeira etc. Com a intenção de obter a confissão da autoria do furto e a indicação de onde os bens estavam guardados, todos lesionaram-no intensamente com golpes de enxada, pá e perna manca.

Diante da negativa da vítima, os agentes delitivos chamaram ao local o ora denunciado Raimundo Alessandro, conhecido como “Capoeira”, chefe do grupo, para que os orientassem. Capoeira, então, mandou que “dessem um fim” na vítima, pois não queria “problemas com a polícia” .

A partir desse momento, considerando a ordem recebida, o animus dos agentes mudou para o homicídio, razão pela qual retomaram as agressões, quebrando suas duas pernas e dois braços com uma enxada (ato praticado por Paulo e Sebastião), golpeando-o com uma tábua (praticado por Elezenilton) e pedaços de pau (praticado por Deives), enquanto filmavam toda a ação e diziam que ele não sairia de lá vivo.

Quando acreditaram que Edivaldo (Macaxeira) não tinha chances de sobrevivência, os denunciados chamaram um homem conhecido por “Neguinho Carroceiro” para que ele levasse a vítima até um local afastado, saindo da “zona” dos denunciados, a fim de lá agonizasse até a morte.

Nesse momento, ‘Macaxeira’ passou a gritar e pedir por socorro, sendo ouvido por moradores das proximidades, razão pela qual os denunciados evadiram-se do local e a vítima foi socorrida e levada ao Hospital Municipal para atendimento.

Frisa-se, por oportuno, que, pela análise das provas colhidas no âmbito policial, houve evidente organização e divisão de tarefas dentro do grupo, tais como a existência da liderança pelo denunciado Raimundo Alessandro (Capoeira), a utilização de veículo, o local afastado para a prática do crime etc. Soma-se a isso o fato de que existem registros policiais de outros vários crimes praticados pelos denunciados, demonstrando que fazem do crime seu meio de vida.

O caso ganhou grande repercussão por ter sido filmado e espalhada pelas redes sociais, além disso, a acusação sustenta que os acusados fazem parte da facção criminosa denominada Comando Vermelho e seriam os então controladores do tráfico no bairro do Juá.

Julgamento

O Júri está previsto para ocorrer em dois dias (19 e 20 de outubro) tem em vista serem 6 acusados e 17 (dezessete) testemunhas a serem ouvidas em Plenário. Além disso, tratando de mais de um réu a ser julgado os debates entre acusação e defesa poderão se estender a até 9 (nove) horas.

O Julgamento está previsto para iniciar as 08:00 de quinta-feira dia 19.10.2022 e será presidido pelo Juiz Titular da 3ª Vara Criminal de Santarém – Dr. Gabriel Veloso de Araújo.

A acusação ficará a cargo do Promotor de Justiça titular da 5ª Promotoria de Justiça Criminal de Santarém Dr. Diego Libardi Rodrigues.

Já as defesas dos acusados ficarão a cargo dos advogados Dr. Jadson Soares da Silva (acusado Paulo Henrique Santos da Silva), Dr. Igor Célio de Melo Dolzanis (acusado Raimundo Alessandro Vieira Pereira), Drs. Apio Paes Campos Neto e Gabriela Nascimento Campos (acusado Jeremias da Silva Vasconcelos), Dra Ana Caroline Lopes da Costa Damasceno (acusado Deive Tapajós Henriques) e pela Defensora Pública do Estado do Pará Dra Jane Telvia Amorim (acusados Sebastião Andrade Pereira e Elizenilton Ferreira da Silva).

A sessão é pública, ou seja, aberta ao público santareno em geral.

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