Mundo – Embaixador israelense nas Nações Unidas coloca estrela amarela no peito como ‘símbolo de orgulho’
O uso de estrelas amarelas por parte da delegação de Israel nesta segunda-feira durante reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi mal recebido por alguns setores da sociedade israelense e gerou críticas contundentes de Dani Dayan, presidente do Centro de Memória do Holocausto Yad Vashem, sediado em Jerusalém.
Após criticar a comunidade internacional por não condenar o ataque do Hamas, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, e outros membros da delegação usaram estrelas amarelas com as palavras “Nunca mais” escritas durante um debate sobre a subsequente guerra contra lançada por Israel na Faixa de Gaza. Erdan que na semana passada pediu a renúncia do secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou: “A partir de hoje, cada vez que vocês olharem para mim, vocês vão se lembrar do que significa permanecer em silêncio diante do mal. As estrelas são um símbolo de orgulho, um lembrete de que juramos lutar para nos defender”. Ele acrescentou que os antissemitas foram fortalecidos e que o ódio aos judeus estava crescendo em muitos países.
Mas Dani Dayan, presidente do museu Yad Vashem, reconhecido em todo o mundo como uma fonte autorizada de estudos sobre o Holocausto e um lugar de memória, disse que o ato desonrou as vítimas do genocídio, bem como o Estado de Israel.
“A estrela amarela simboliza o desamparo do povo judeu e o fato de ele estar à mercê de outros. Agora temos um Estado independente e um exército forte. Somos os donos de nosso próprio destino. Hoje prenderemos em nossa lapela uma bandeira azul e branca, não uma estrela amarela”, disse Dayan, que em 2015 chegou a ser indicado como embaixador no Brasil, mas nunca chegou a assumir o posto por causa da oposição de Brasília, que não simpatizava com a associação de Dayan ao movimento de assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada.
O tema do Holocausto tem sido trazido à luz desde o ataque do Hamas em 7 de outubro quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e outros líderes do Estado de Israel fizeram comparações diretas entre o ataque que vitimou mais de 1400 pessoas e a perseguição nazista aos judeus e o sentido sobre o símbolo mostra o quão sensíveis as comparações com o holocausto podem ser.
A estrela amarela
Um dos principais símbolos de perseguição e segregação aos judeus, que em diferentes momentos históricos foram obrigados a usá-la como um sinal de identificação, a estrela amarela foi usada pela primeira vez no século VIII, por imposição do governante muçulmano durante Omíada Omar II. Mais tarde, foi introduzida na era medieval europeia pelos cristãos para distiguir os não-cristãos. Seu uso mais recente e conhecido ocorreu durante o Holocausto, quando os nazistas obrigaram os judeus de territórios ocupados a portarem variações da estrela com a palavra “judeu” inscrita no meio.
Por Rodrigo Neves
Imagem: Reprodução/ Twitter Gilad Erdan
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