Governo do Irã dá nova condenação à Nobel da Paz Narges Mohammadi

A ativista dos direitos humanos e vencedora do prêmio Nobel da Paz Narges Mohammadi recebeu uma nova pena do tribunal iraniano por “propaganda contra o estado”. Presa desde 2021 por denunciar ataques de autoridades iranianas contra ativistas e mulheres, Mohammadi, que hoje tem 52 anos, tinha marcado um novo julgamento, mas se recusou a comparecer para denunciar o que ela diz ser “uma guerra em grande escala contra as mulheres” na República Islâmica. A nova pena é de mais 15 meses de prisão além de dois anos de exílio.

Mohammadi encabeça o movimento que denuncia o excesso na vigilância da autoridade islâmica e o consequente abuso por parte da polícia principalmente contra mulheres que não usam o hijab, o véu islâmico. A severidade na vigilância vem em um momento de grande instabilidade e tensão no Irã originado na profunda crise econômica e na contestação da legitimidade do regime por setores da população. A guerra na Faixa de Gaza e a morte do presidente Ebrahim Raisi em um acidente de avião também contribuíram para a instabilidade.

Um caso que chamou a atenção e acirrou a discussão a respeito dos excessos da polícia iraniana foi o caso da estudante e jornalista Dina Ghalibaf que foi agredida sexualmente enquanto estava sob a custódia policial por não usar o véu da maneira que a lei islâmica ordena. A resposta do governo iraniano foi abrir um processo judicial contra Ghalibaf sob a justificativa de que a jornalista “proferiu acusações falsas contra o governo”.

Quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2023, Narges Mohammadi já cumpria uma sentença de 10 anos na prisão de Evin no Teerã por incitar protestos após a morte de Mahsa Amini, golpeada na cabeça enquanto estava sob a custódia de autoridades estatais. Nos últimos anos enfrentou cinco julgamentos e foi condenada quatro vezes. As sentenças acumuladas somam 13 anos e três meses de prisão, além de 154 chicotadas e quatro meses de limpeza forçada de ruas.

 

Por Rodrigo Neves

O Impacto

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