Odair: “Não tenho pretensão de disputar a Prefeitura de Santarém”

O ex-vice-governador do Pará e atual superintendente regional do Trabalho e Emprego do Estado, Odair Corrêa, em uma breve entrevista concedida ao colunista Ronaldo Campos, do Portal na Hora e jornal O Impacto, fez um breve relato sobre alguns temas que se acentuam no cenário político local. Na oportunidade, Corrêa mencionou sua passagem pelo Governo do Estado, quando ocupou o segundo cargo mais importante do Pará e agora sua titularidade no MTE estadual. Ele também falou sobre a sucessão municipal de 2012 em Santarém e a criação do Estado do Tapajós. Acompanhe a íntegra da entrevista.

RC – Como se sente depois de deixar o cargo de vice-governador?

Odair Corrêa: A experiência de quatro anos como vice governador e algum tempo assumindo como governador, no estado do Pará, deu-me a oportunidade de ampliar os meus conhecimentos administrativos em relação às ações desenvolvidas em função do governo estadual, na busca de entendimentos a nível de Amazônia, principalmente quando criamos o Fórum de Governadores da Amazônia, cujo projeto entregamos para o comando de instalação à então governadora Ana Júlia. Assim, sinto-me à vontade para dizer hoje que tenho conhecimento de uma administração pública do porte do Pará. Desta forma, assumi o comando da Superintendência do Trabalho no Estado, de menor tamanho, não menos importante, mas de uma abrangência muito grande e também de muita responsabilidade.

RC: O que conseguiu realizar por Santarém e região?

Odair Corrêa: Graças a Deus, conseguimos realizar muitas ações em favor de Santarém e região e do próprio povo paraense em diversas regiões do Pará. Cito como exemplo, a construção para instalação da Ufopa/Uniam, onde, durante muitos meses, trabalhamos em parceria com o professor Seixas Lourenço junto ao Ministro da Educação, Fernando Haddad, para essa concretização que sempre foi um sonho nosso. O aeroporto de Santarém, inserido no PAC, já por duas vezes, sua ampliação (agora) e construção do novo terminal de passageiros, cujo custo da obra deve envolver R$ 150 milhões. O asfaltamento da rodovia STM/Curuá-Una, rodovia do Mojuí dos Campos, a rodovia Fernando Guilhon e a rodovia Everaldo Martins que leva a Alter do Chão. Além disso, colocamos, como coordenador político do CredPará, antigo Banco do Cidadão, na forma de microcrédito, mais de R$ 54 milhões, nas mãos de 22 mil famílias  empreendedoras, em 80 municípios e destes R$ 15 milhões em Santarém e Oeste do Pará. E alguns milhões de reais do PAC, via Ministério das Cidades, para a construção dos sistemas de água de Santarém. R$ 10 milhões para Oriximiná e outros R$ 10 milhões para Itaituba.

RC: O que pediu a governadora que não foi atendido?

Odair Corrêa: Pedi da então Governadora à época, 2007 e mandei para a ALEPA, projeto de criação da Secretaria de Mineração Metalurgia e Recursos Hídricos do Pará, mas infelizmente não fui atendido, mesmo tendo a deputada Bernadete Ten Katen (PT), do meu lado. O Pará, somente agora viabilizou, no atual governo, a criação de uma secretaria que envolve a mineração, o que faz-me contente. Pois, pelo menos vamos saber como e quanto somos explorados sobre nossos recursos minerais. A rodovia que liga Mojuí dos Campos à rodovia Curuá-Una, também não fui atendido. Solicitei, pessoalmente que fosse criados pólos de desenvolvimento pelo Governo do Estado, para atender as demandas regionais, nas cidades de Santarém e Marabá, da mesma forma, ficou parte disso no papel. As escolas de ensino médio, que podem estar caindo ou caíram, incentivei para que fossem construídas, já que recursos haviam para realizá-las, do mesmo modo ficaram apenas no papel, sem  concretizá-las, exceto uma ou outra que tiveram essa realização efetivada.

RC: Acredita que a ampliação da estação de passageiros do aeroporto de Santarém se deva a sua atuação?

Odair Corrêa: O aeroporto de Santarém sempre recebeu de minha parte muita atenção e as pessoas sabem disso, desde que fui Secretário de Turismo de Santarém, época em que colocamos o Pará como um dos melhores destinos turísticos do mundo, pela Europa. Aliás, acredito que o projeto atual do TP de Santarém deve sofrer atualização se já realizado, pois necessita de inclusão de túneis que façam o transbordo de passageiros desde a porta das aeronaves, como é feito em outros lugares, pois a tendência é de aumento do número de passageiros/ano, passar de 500, para mais de um milhão, nos próximos cinco anos. E enquanto puder esse aeroporto terá minha atenção voltada para a sua realização, seja em Brasília, junto a Infraero, seja na regional, aqui no Pará.

RC: À frente da superintendência do Trabalho, o que está fazendo para acabar com os falsos profissionais da pesca em Santarém e em muitos outros municípios no Oeste do Pará?

Odair Corrêa: Na Superintendência Regional do Trabalho e Renda no Pará temos desenvolvido um trabalho que tem o reconhecimento das pessoas e estamos avançando rapidamente, com o apoio do MTE, no sentido de atendermos as mudanças na infraestrutura física de todas as unidades, incluindo a própria superintendência, na forma de permuta/construção e outros. Estamos também, aumentando a velocidade de internet em nossos sistemas com fibra ótica, para 8megas, isto dará um impulso muito forte na execução dos nossos trabalhos no Estado, que inclui provável ação em parceria com o PRODEPA, nas outras unidades espalhadas pelas outras cidades. As gerências de Santarém, Castanhal, Marabá e Altamira serão contempladas com 01 mega. Isto tudo dará mais condições para trabalharmos com mais transparência na recepção do Seguro Defeso do Pescador, pois já realizamos dois seminários, 20 e 22, nas cidades de Belém e Santarém, respectivamente, envolvendo o MP, MPT, MTE, SINE, MPA, PF, IBAMA, INSS e Federação mais Colônias de Pescadores do Pará, exatamente no intuito de eliminar possíveis fraudes nesta operação que só neste ano, SD-2010/2011, já disponibilizou para os pescadores do Brasil, mais de R$ 1,1 bilhão, destes, 161 mil pescadores foram pagos no Pará.

RC: A conversa que rola pelos bastidores é que o senhor pode ser candidato a prefeito de Santarém pelo PDT, se o atual vice Helenilson também sair, é verdade?

Odair Corrêa: O que passa neste momento pelo meu pensamento é ampliar nossas ações fazendo o atendimento no mundo do trabalho em meu Estado, desde que estou responsável também pelo controle de mais de 22 mil trabalhadores diretos e 80 mil indiretos que desenvolverão seus afazeres na construção da usina Belo Monte, onde recentemente criamos uma Gerência do MTE/Altamira. A disputa para a prefeitura de Santarém terá candidatos competentes para o pleito. Só desejo ao futuro vencedor, que adote a política positivista adotada em Manaus, do quanto melhor, melhor, ou seja, cada um eleito, sempre procurando realizar melhor administrativamente.

RC: O senhor acredita na possibilidade de se criar o Estado do Tapajós?

Odair Corrêa: O Estado do Tapajós é uma realidade já há muitos anos. O que precisa agora e a sua legalização pelo plebiscito que ocorrerá no dia 11 de dezembro, oportunidade que a população terá para decidir pelo que é melhor para a região. Tenho trabalhado ao longo de 26 anos para que esta emancipação venha a acontecer. Espero que o meu povo, que a nossa gente, compreenda que uma nova Unidade Federativa trará muitas novas possibilidades de crescimento em todos os setores da sociedade. O Estado do Tapajós trará uma nova esperança para o soerguimento regional e soberano da Amazônia, só não enxerga isso quem não quer ver. Pois as experiências traduzidas pelo Tocantins, Mato Grosso do Sul, Amapá, mais recentes, o Paraná mais antigo, todos têm tido ótimos resultados de crescimento, demonstrando que o melhor projeto de desenvolvimento regional, passa pela emancipação de grandes áreas territoriais como o Pará e Amazonas.

RC: O senhor, como o mais antigo trabalhador do movimento, foi convidado a fazer parte da comissão pró-novo Estado?

Odair Corrêa: O convite que esperei não veio. Exceto aqueles famosos ‘tapinhas’ nas costas de alguns membros da comissão. Mas acredito que o reconhecimento se dá pelo trabalho que tenho desenvolvido até agora e graças a Deus, com otimismo sempre renovado, até para reconhecer as pessoas que conheço e que antigamente não queriam criar o novo Estado e sequer pensavam nisso, preferindo declinar o enxovalhamento de dois bravos lutadores. Eu e o Orlando Pereira temos esta marca, taxaram-nos de sonhadores, equivocados, utópicos e outras coisas mais que não vale a pena citar aqui. Temos em Belém, hoje, o Comitê Pró Tapajós – Belém e uma forte aproximação com a turma de Manaus. Mas a perseverança animou-nos e hoje, quando vejo a realização de um plebiscito, isto encoraja-me a dizer que: “Os nossos filhos, netos e a posteridade poderão falar tudo de nós, mas jamais poderão taxar-nos de loucos ou equivocados, quanto à necessidade de realização de um povo”.

Por: Ronaldo Campos