Líder do massacre em presídio de Altamira é condenado a mais de 396 anos de prisão
Luziel Barbosa, um dos cinco acusados pelo massacre no presídio de Altamira, sudoeste do Pará, foi condenado a mais de 396 anos de prisão em regime fechado. A sentença foi proferida após dois dias de julgamento, no Tribunal do Júri da 3ª Vara, em Belém, pelo juiz Cláudio Hernandes Silva Lima. O réu, considerado responsável por 58 das 62 mortes ocorridas no Centro de Recuperação Regional de Altamira, em 2019, recebeu a pena de 396 anos e 10 meses de reclusão, 4 anos de detenção e 1.380 dias de multas. O julgamento estava previsto para acontecer em Altamira, mas por motivos de segurança, foi transferido para a capital.
No total foram ouvidas 09 testemunhas da promotoria de justiça e outras 09 da defesa. Durante o julgamento, houve desistência de testemunhas. Uma pelo Ministério Público, já a defesa do réu, a desistência de outras três.
O massacre, que chocou o país, é considerada a segunda maior tragédia carcerária do Brasil, superada apenas pelo Massacre do Carandiru, em São Paulo, ocorrido em 1992. Durante o ataque, 16 vítimas foram decapitadas, e as investigações revelaram que Luziel foi o mandante das execuções. Sob suas ordens, internos decapitaram e exibiram as cabeças das vítimas, em cenas que repercutiram internacionalmente.
O julgamento de Luziel, que está preso em um presídio federal em Porto Velho, ocorreu de forma remota, por videoconferência. O réu manteve-se em silêncio durante parte do depoimento no segundo dia de julgamento. De acordo com as investigações, Luziel era um dos líderes de um grupo criminoso que entrou em confronto com a facção rival, no presídio de Altamira. A disputa pelo controle da unidade penal resultou na rebelião que terminou nas mortes. Um ex-agente penitenciário, que foi refém no dia do massacre, relembra as tensas primeiras horas do dia 29 de julho de 2019:
“Ele puxou meu braço, eu pensei que era brincadeira, mas quando ele colocou o estoque no meu pescoço e disse ‘abre, abre, abre’, eu não tive escolha. Entreguei a chave.”, falou o ex-agente.
Manoel Murrieta, promotor de justiça responsável pelo caso, declarou que Luziel é visto como o líder de um dos grupos criminosos dentro da unidade prisional, e por isso foi julgado separadamente dos outros acusados.
“O Ministério Público pede a condenação por 58 homicídios, organização criminosa, motim, dano ao patrimônio público e cárcere privado,”, disse o promotor.
Fonte: Confirma Notícia