Pastor admite abertura de empresa para arrecadar dízimos e se contradiz em depoimento

No dia 11 de setembro de 2024, o pastor Luiz Marinho, da Igreja Presbiteriana Renovada de Santarém (PA), diante da autoridade policial, confessou em depoimento ter aberto no dia (25/02/2021) uma empresa em seu nome com o objetivo de auxiliar na arrecadação de dízimos e ofertas, além de ajudar a escola de música da igreja.

Conforme o depoimento, as transações financeiras da igreja eram realizadas através de uma conta MEI (Micro Empreendedor Individual), junto com uma conta corrente (Pagbank). Inclusive, os dados bancários eram exibidos na igreja durante os cultos, através de um projetor, para que os fiéis repassassem os valores dos dízimos.

O pastor alegou ainda à autoridade policial que a abertura da referida conta foi informada aos membros Conselho da igreja e ao ex-tesoureiro. O pastor Luiz Marinho alegou também que realizava a prestação de contas ao tesoureiro enviando prints das transações bancárias. Ressaltou que o ex-tesoureiro era o responsável pelo preenchimento do livro-caixa da igreja e que cabia ao Conselho realizar os relatórios fiscais para que atestasse a regularidade.

À nossa reportagem, um ex-membro da igreja que preferiu não se identificar, informou que o pastor tenta repassar a responsabilidade a terceiros, sendo que a igreja é ele próprio quem preside. Na prática, ele estava acusando a si mesmo de omissão no controle financeiro da igreja.

“A contradição se intensifica quando o pastor afirma ter realizado o pagamento de cadeiras por meio de dez cheques pessoais no valor de R$ 27 mil. Ora, se ele tinha os recursos das doações na conta destinada à igreja, por que fazer o pagamento por meio de sua conta pessoal? A explicação não foi satisfatória, deixando uma lacuna na narrativa e aumentando as suspeitas de manobras financeiras obscuras”, contou.

No depoimento, o pastor revelou que recebeu da própria igreja o pagamento de três anos de férias atrasadas e 13º salários, no valor total de R$46.998,00.

“Aqui, a ironia atinge seu ápice: o pastor, que gerenciava as finanças, se “auto-remunerou”, enquanto o controle de funcionários, segundo ele, deveria ser feito pelo tesoureiro. O fato parece ser uma tentativa de atribuir ao ex-tesoureiro e ao Conselho a responsabilidade por um pagamento que, na prática, foi organizado por ele mesmo, revelando um notório conflito de interesses”, frisou o ex-membro à nossa reportagem.

Ainda segundo o ex-membro da igreja,  o ex-tesoureiro durante o seu depoimento tentou amenizar a situação do pastor, demonstrando certa lealdade a Luiz Marinho. No entanto, em contrapartida, o pastor não mostrou a mesma consideração, transferindo a responsabilidade das irregularidades financeiras diretamente a ele e ao Conselho.

“As contradições em seu depoimento são gritantes. Ele alega não ter mais acesso aos extratos bancários, mas afirma lembrar perfeitamente das transações mais relevantes. Também admite que possui todos os comprovantes das operações financeiras, mas se recusa a apresentá-los”.

E acrescentou: “os membros da igreja que solicitaram a prestação de contas sobre essas movimentações financeiras foram sumariamente excluídos da congregação, e até o momento, os comprovantes não foram entregues à comissão interna da igreja que apura os fatos. Por que, se ele diz ter os documentos, eles não foram apresentados para esclarecer as dúvidas dos membros e deixou a situação ganhar essa proporção?”, concluiu.

Com os depoimentos coletados, o próximo procedimento a ser adotado será possivelmente o indiciamento do pastor e a denúncia pelo Ministério Público, que poderá resultar na ação penal.

VEJA OS PRINCIPAIS TRECHOS DO DEPOIMENTO DECLARADOS PELO PASTOR

QUE no dia 25/02/2021 o depoente abriu uma empresa (MEI) em seu nome, sob o CNPJ n 41.000.010/0001-04, como também, utilizando desta empresa, uma conta corrente junto ao PagBank; Que teria aberto a referida empresa e a conta corrente, com o intuito de auxiliar na arrecadação dos dizemos e ofertas; QUE durante os cultos, era exibido na igreja, através de um projetor, os dados bancários e chave Pix, para que os fiéis pudessem realizar dizimos e ofertas;

QUE ao abrir a referida conta, informou ao conselho da igreja; Que sempre realizava a prestação de contas de todas as movimentações bancárias ac tesoureiro da igreja, enviando os prints das transações bancárias via whatsapp: QUE o tesoureiro era o responsável pelo preenchimento do livro-caixa da igreja, e que cabia ao Conselho, realizar os relatórios fiscais da igreja, atestando a sua regularidade;

QUE não tem mais a conversa de whatsapp onde enviava os comprovantes das transações para o tesoureiro, visto pelo lapso temporal (2021), ter trocado de aparelho celular e perdido os dados, QUE não tem os extratos bancários da referida conta; QUE em virtude do encerramento da conta, não tem mais acesso aos extratos bancários da mesma; Que não sabe informar porque o livro caixa da igreja não estava devidamente preenchido;

QUE quanto a alegação de que a igreja teria recebido uma doação no valor de R$70.000,00 (setenta mil reais) e outra no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) na sua conta pessoal, o depoente se recorda do fato; QUE os valores das ofertas foram revertidos na compra de 150 cadeiras almofadadas e personalizadas, no valor aproximado de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais); QUE o pagamento das cadeiras foi realizado diretamente em nome do depoente, e este pagou através de dez cheques pessoais;

QUE também houve o pagamento por parte da igreja, de três anos de férias atrasadas e 13º salários, no valor total de R$46,998,00 em favor do depoente; QUE a igreja, por meio do tesoureiro, deveria ter todo o controle de funcionários e seus devidos pagamentos; Que tem todos os comprovantes dos pagamentos, porém não quer apresentá-los no momento; Que toda a questão referente ao pagamento de remuneração do quadro de funcionários da igreja, fica a cargo do tesoureiro.

O Impacto

2 comentários em “Pastor admite abertura de empresa para arrecadar dízimos e se contradiz em depoimento

  • 25 de setembro de 2024 em 14:33
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    Tem uma irmã dessa igreja que defende o pastor com unhas e dentes, como se ele fosse um verdadeiro santo injustiçado! E o melhor de tudo: ela ainda afirma que o pobre coitado tem mais R$ 30 mil de férias atrasadas para receber. Parece que, além de “trabalhar a finco”, ele também se especializou em tirar férias acumuladas a preço de ouro!

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  • 25 de setembro de 2024 em 11:56
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    Quando se fala em Pastor, vale lembrar que ele pode sim ser remunerado pela igreja, mas sua atuação é de cunho atípico, ou seja, não é considerada uma relação empregatícia ou de vínculo profissional.

    Por isso, como a função de Pastor não é uma função empresarial ou comercial e sim ESPIRITUAL, o Ministério do Trabalho não dá a possibilidade de se abrir um MEI exercendo a atividade de Pastor.

    Então, e a igreja, pode ser um MEI? Há uma CNAE para as igrejas, a CNAE: 9491-0/00 Atividades de organizações religiosas ou filosóficas, entretanto, essa CNAE não pode ser MEI de acordo com as leis atuais.

    Quais documentos devo ter para minha Igreja? As Igrejas Evangélicas, são enquadradas em organizações religiosas, devem possuir os seguintes documentos para serem regularizadas:

    – Estatuto;
    – Ata de Fundação;
    – CNPJ com Natureza Jurídica de Organização Religiosa.

    Fonte: Google

    Inclusive, essa igreja possui um CNPJ que passou alguns anos Inapto e como responsável um Pastor que foi desligado da Igreja a mais de 10 anos. Foi realizado um trabalho deixando o CNPJ Apto e pronto para repassar para esse Pastor e que até agora nada. Daqui alguns meses esse CNPJ ficará Inapto novamente!

    Não está na hora de acordar?

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