Em acordo inédito, Pará vende R$ 1 bilhão de créditos de carbono
Com o mercado de venda de créditos de carbono em alta, o Estado do Pará está fazendo a maior venda de créditos da história, no valor de R$ 1 bilhão, resultante da comercialização de 12 milhões de toneladas de carbono, ao preço de US$ 15 por tonelada.
O anúncio foi feito nesta terça-feira, 24, em Nova York, pelo governador Helder Barbalho, que participa da Climate Week 2024 na cidade americana. Empresas como Amazon, Walmart, entre outras cinco empresas concordaram em comprar créditos de compensação de carbono que apoiarão a conservação da floresta amazônica no Pará, em um negócio avaliado em cerca de 180 milhões de dólares, cerca de R$ 997 milhões. Os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos são também prováveis compradores.
A compra está sendo feita com o intermédio da iniciativa de conservação florestal LEAF Coalition, grupo de empresas e governos, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido. A compra de crédito de compensação de carbono é uma maneira de apoiar a conservação da floresta amazônica no Pará. O acordo é o primeiro negócio da LEAF na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, que é vital para conter as mudanças climáticas devido à enorme quantidade de gases de efeito estufa que suas árvores absorvem.
Os detalhes sobre a transação foram revelados pela agência de notícias Reuters, que entrevistou, com exclusividade em Nova York, o governador Helder Barbalho. “Tem uma mensagem importante, uma companhia que tem como nome uma referência à Amazônia, está fazendo essa primeira comercialização com um estado da Amazônia”, destacou o governador à Reuters.
A Amazon confirmou à agência de notícias a compra em um comunicado, enfatizando a importância da preservação das florestas tropicais no combate às mudanças climáticas. Cada crédito de carbono representa uma redução de 1 tonelada métrica de emissões provenientes da redução do desmatamento no Pará nos anos de 2023 a 2026
Embora a demanda por créditos de carbono tenha se estagnado globalmente, as gigantes da tecnologia Microsoft, Meta e Google fizeram compras de compensações no Brasil este ano.
“A Amazon, a fabricante de medicamentos e produtos químicos Bayer, as consultorias BCG e Capgemini, a varejista de roupas H&M e a Fundação Walmart comprarão coletivamente 5 milhões de créditos a US$ 15 por crédito. Esse valor está muito acima da média da semana passada, de US$ 4,49, para créditos de carbono ligados à natureza, de acordo com o provedor de dados Allied Offsets”, revela a Reuters.
Cada crédito representa uma redução de 1 tonelada métrica de emissões de carbono provenientes da redução do desmatamento no Pará nos anos de 2023 a 2026. Outros 7 milhões de créditos serão disponibilizados para outras empresas comprarem. Os governos dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Noruega garantiram uma parte desses créditos e os comprarão se as empresas não o fizerem.
POVOS TRADICIONAIS E REDUÇÃO DE GASES
A maior parte dos recursos será destinada às comunidades tradicionais, com a menor fatia indo para o governo, que investirá na continuidade das políticas de redução de emissões de gases, antecipou Helder Barbalho.
A parte que caberá ao Pará será obrigatoriamente vinculada à continuidade da política de redução de emissões de gases de efeito estufa. “Essa é uma agenda extraordinária, será a maior venda de créditos de carbono da história. Temos o sonho de fazer com que a floresta viva possa valer mais do que a floresta morta. É necessário virar a chave e transformar isso em realidade” afirmou, ressaltando a importância de transformar a preservação da floresta em uma fonte de renda sustentável.
Para o governador, a preservação da floresta precisa ser economicamente valorizada, enfatizando ser fundamental manter a floresta em pé.
O uso dos créditos de carbono no Pará é parte de uma agenda mais ampla, que inclui concessões florestais e políticas de restauração ambiental. O crédito de carbono é derivado do Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, no qual se estabeleceram metas de reduções de gases de efeito estufa entre os países do primeiro mundo.
Esse movimento faz parte de uma estratégia ampla do governo para promover a bioeconomia como uma nova “commodity”, além de estimular a recuperação e concessão de áreas florestais. Helder também afirmou que o estado deve continuar a ser um líder ambiental, especialmente com a expectativa de sediar a COP30, em Belém, em 2025.
Os principais consumidores de crédito de carbono são grandes multinacionais que adquirem seus créditos por meio do mercado voluntário de crédito de carbono. No Brasil, recentemente houve a aprovação de um Projeto de Lei que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que estabelece limites para emissões e cria um mercado de venda de títulos.
E O QUE É O CRÉDITO DE CARBONO?
É a representação de uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera, fator que contribui para a redução do efeito estufa. Uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂), como é usualmente mensurada neste mercado, equivale a um crédito de carbono. Essa unidade de medida é utilizada nas aquisições das empresas e pessoas físicas que querem compensar suas emissões de CO₂ na atmosfera.
Fonte: Agência Pará