Aumento da Selic: O desafio econômico e as oportunidades no Mercado Imobiliário
Por Ítalo Melo*
Nos últimos dias, o Brasil tem enfrentado um cenário de juros elevados, com o aumento da taxa Selic pela quarta vez consecutiva, chegando a um patamar de 13,25%. Esse movimento do Banco Central é uma resposta às pressões inflacionárias que o país tem experimentado. O aumento da Selic, que tem como propósito principal o controle da inflação, acaba gerando uma série de consequências para a economia, especialmente no acesso ao crédito, um dos principais motores do consumo e dos investimentos.
O cenário macroeconômico atual é marcado por uma expectativa de que a taxa de juros continue subindo até o final deste ano, com uma esperada reversão apenas para o ano seguinte. Esses altos e baixos são comuns na economia brasileira, que, historicamente, enfrenta ciclos de crescimento e retração. Porém, é importante observar que, com as taxas elevadas, o acesso ao crédito torna-se mais difícil, e os custos dos financiamentos se tornam mais elevados.
Ademais, um outro problema enfrentado pelo mercado imobiliário é a escassez de recursos para o financiamento com aportes oriundos da poupança e do FGTS. A Caixa Econômica Federal, tradicionalmente o maior financiador do setor, tem demonstrado sinais de esgotamento desse modelo. Com a diminuição da quantidade de recursos disponíveis, surge uma pressão sobre o modelo tradicional de financiamento imobiliário, o que impõe desafios ainda maiores para aqueles que dependem desses mecanismos para a aquisição de sua casa própria.
Porém, como diz a máxima “enquanto uns choram, outros vendem lenços”, em qualquer cenário de crise também surgem oportunidades. Para os investidores com poder de compra à vista ou que podem se beneficiar de parcelamentos ou financiamentos diretos com as construtoras, esse é um momento potencialmente favorável para barganhar e adquirir imóveis com condições mais vantajosas. O mercado imobiliário brasileiro, que sempre foi considerado um dos mais seguros e resistentes a crises econômicas, continua a ser uma opção de investimento sólida, especialmente quando o cenário macroeconômico se mostra incerto.
Nesse sentido, o planejamento para aquisição de imóveis deve ser encarado como um projeto de longo prazo, em que a compra pode ocorrer nos períodos de baixa da economia, aproveitando as oportunidades que surgem durante as crises, e a venda nos períodos de alta, quando a economia volta a crescer e o mercado se aquece.
Além disso, a Caixa Econômica Federal, ao se ver pressionada com a escassez de recursos, já está na busca de alternativas para financiar o setor imobiliário. A busca por novas fontes de financiamento, como fundos de investimento, pode representar uma mudança importante e positiva para o mercado.
É importante ressaltar que, além das dinâmicas nacionais, a análise de investimento imobiliário deve ser feita considerando as peculiaridades locais. Em regiões de forte demanda por habitação, como o nosso município, que apresenta uma população jovem crescente e uma economia em expansão em áreas muito diversificadas como agronegócio, logística, educação e saúde, por exemplo, o mercado imobiliário tem demostrado uma grande resiliência.
O papel e a postura dos stakeholders, em especial do poder público, serão cruciais para determinar o desempenho local da economia relacionado ao setor imobiliário. As burocracias necessárias ao processo de legalização e licenciamento ambiental, podem reduzir custos e tempo para as construtoras e investidores.
Em conclusão, embora o aumento da Selic e os desafios do mercado de crédito representem um cenário desafiador para esse ano, existem diversas oportunidades que podem ser aproveitadas por investidores estratégicos. O mercado imobiliário, resiliente como sempre, continua a ser uma opção segura de investimento, especialmente em regiões de forte demanda e com perspectivas de crescimento. Com o devido planejamento, tanto os investidores quanto as construtoras podem sair fortalecidos desse cenário, encontrando alternativas para garantir o sucesso de seus projetos.
Sobre o autor:
Ítalo Melo de Farias é advogado especializado em Direito Público e Imobiliário, Mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Coimbra e sócio do escritório Melo de Farias Advogados Associados. Atualmente, é o Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB Santarém. Com mais de 20 anos de experiência, atua na defesa de servidores públicos, questões sucessórias e planejamento patrimonial, sempre com foco em soluções jurídicas estratégicas e humanizadas.
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