Henderson: “Maria não tem compromisso com a coisa pública”

O vereador Henderson Pinto (DEM) é o entrevistado desta semana do colunista de O Impacto, Ronaldo Campos. O parlamentar, ferrenho opositor do governo da prefeita Maria do Carmo, cita algumas chagas da administração pública municipal, que tantos danos causa à população, sobretudo, para quem mora nas áreas que não recebem atendimento com infraestrutura, saúde e educação. Ele também faz menção sobre a incompetência do governo petista em não gerir de maneira transparente os recursos públicos e sua leniência em não conseguir concluir as obras do PAC. Para ele, Maria não tem compromisso com a coisa pública em Santarém. Acompanhe a íntegra da entrevista:

Ronaldo Campos: Como você avalia os 8 anos do governo de Lira Maia, quando ele era o prefeito de Santarém?

Henderson Pinto: Lira Maia, juntamente com Deputado Alexandre Von, na época vice-Prefeito, consolidaram um projeto de desenvolvimento para Santarém. A cidade vivia uma crise, e a falta de investimentos públicos e privados eram os principais problemas. Ao ser eleito em 1996, implementou em Santarém uma nova forma de Governo, garantindo a participação da população, na elaboração de metas. Reuniu com todas as lideranças de bairros e das comunidades rurais e juntos definiram as prioridades de todo o Município. Fortaleceu o setor produtivo, promovendo a geração de emprego e renda para nossa população. Levou água e energia para as comunidades do Planalto e do Eixo Forte. Trabalhou exaustivamente para ajudar na formação superior dos professores. Tem uma marca recorde de construção, reforma e ampliação de mais de 375 escolas do Município. Lira Maia é um visionário. Minha avaliação do Governo dele é muito positiva.

Ronaldo Campos: Você não se sente suspeito na condição de sobrinho do Deputado?

Henderson Pinto: Claro que não. Sempre procurei separar as coisas. É importante que saibamos discernir, isso nos ajuda a manter coerência naquilo que pensamos, falamos ou escrevemos. Lira Maia passou 8 anos como Prefeito e manteve uma avaliação positiva do povo de Santarém. A maior prova disso é que foi eleito duas vezes Deputado Federal, mais votado da história de Santarém, inclusive, com uma votação expressiva em toda a região Oeste do Pará, alicerçada pela referência que tinham dele, quando foi Gestor do Município de Santarém. Hoje se consolidou como a maior liderança política da Região Oeste do Pará, principalmente por sua luta em defesa da criação do Estado do Tapajós.

Ronaldo Campos: E os 6 anos e meio do governo de Maria do Carmo, sem mencionar o tempo que o vereador José Maria Tapajós ficou na condição de Prefeito, qual é a sua avaliação?

Henderson Pinto: Maria do Carmo surgiu em 2004 como uma grande liderança, com sua eleição para prefeita de Santarém. Gerou muita expectativa na população, por suas promessas de campanha. Com o passar do tempo perdeu o comando e direção do Governo. O maior problema deste desgoverno é a falta de compromisso com a coisa pública e falta de planejamento nos principais setores da administração: infraestrutura, saúde, trânsito, etc… Cometeu erros primários: Aumentou o custeio da máquina administrativa. Inchou a folha de pagamento, inclusive com várias pessoas recebendo sem trabalhar. Criou Secretarias sem necessidade (passou de 12 unidades orçamentárias, para 18 Secretarias e 6 Coordenadorias, com o objetivo de agasalhar os companheiros e aliados). Na saúde, vivemos uma verdadeira crise, por falta de planejamento. Pessoas morrendo na fila, exames que nunca são marcados, consultas atrasadas, que muitas vezes o paciente, já está curado, ou até mesmo morto, quando ligam para informar depois de vários meses que marcaram a consulta. Há uns dois anos recebi um relato de uma mãe, que foi informada da marcação de sua ultra-sonografia obstétrica, após o nascimento do bebê. Greve de médicos. Falta de medicamentos e equipamentos no Pronto Socorro e nas unidades de saúde. Na infra-estrutura o caos está instalado. A malha viária de Santarém nunca tinha ficado na situação que se encontra hoje neste desgoverno.

Ronaldo Campos: Acredita do deputado Lira Maia se desvincular dos processos que responde junto ao Supremo até junho de 2014 para sair candidato e sua reeleição não ser atingido pela lei da Ficha Limpa?

Henderson Pinto: Com toda certeza ele estará apto a disputar qualquer cargo eletivo. O deputado Lira Maia tem se mantido firme e forte, apesar de todas as tentativas fracassadas de seus adversários em denegrir sua imagem e diminuírem sua liderança. Algumas pessoas até hoje, não admitem que um homem simples, que veio do interior e com uma história de vida fantástica e de superação, tenha assumido o comando do Município. Isto incomodou e incomoda muita gente. Nos processos ele tem vencido cada um deles provando sua inocência.

Ronaldo Campos: Você tem sido um crítico do governo do PT, como vê as obras bancadas com recursos do PAC e as mais de 3 mil casas populares anunciadas para serem construídas na Fernando Guilhon?

Henderson Pinto: O PAC em Santarém se tornou uma referência da incompetência, do desrespeito e da falta de compromisso deste desgoverno com a população Santarena. Esta era pra ser a maior obra de infraestrutura já realizada em Santarém. A ordem de serviço foi assinada em setembro de 2007, em uma festa no ginásio da cidadania no Bairro do Mapiri completamente lotado por moradores de vários bairros da cidade. O valor da obra do PAC do Mapiri e Uruará era de aproximadamente 45 milhões de reais e hoje já está na ordem de 53 milhões. O valor do PAC do Jardim Santarém era na ordem de 29 milhões e hoje já está em 31 milhões. Destes recursos já foram liberados 30,8 milhões e 22,7 milhões de reais respectivamente. Porém, infelizmente a Prefeitura começou a execução da obra de forma totalmente errada, o que vem ocasionando o sofrimento da população das áreas de risco do Uruará e Mapiri por 4 anos. Um verdadeiro absurdo e desrespeito com a população. A Prefeitura veiculou uma propaganda, que apresentava a entrega das casas do bairro do Uruará e afirmava que todos estavam felizes. Fui visitar a obra e constatei que não passava de uma grande mentira, ou seja, uma tentativa de enganar o Povo de Santarém. As casas estão inacabadas e sem o mínimo de instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias. Na reportagem do JN no Ar, foi apresentada a verdadeira obra da prefeitura no bairro do Uruará: As pessoas morando ainda em situação de risco e as casas continuam inacabadas. Quero saber agora qual será a desculpa, pois, o Brasil todo viu a verdade.

Ronaldo Campos: Recentemente, taxou o secretário de Planejamento de ‘Ditadorzinho’, qual a motivação para o desabafo? Continua a manter este conceito?

Henderson Pinto: Outro erro crucial do Governo Maria foi dar poder demais ao Everaldo, que logo após o primeiro ano de Governo já se ouvia pelos quatro cantos da cidade, que o Prefeito de fato era ele. Esse foi um dos motivos que fez a prefeita perder o comando e o controle do Município. O Everaldo anda sumido, inclusive, na questão de minha denúncia sobre a propaganda enganosa do PAC, não ouvi e nem vi a manifestação dele. Continuo tendo a mesma visão sobre ele. Esta também é a opinião de muita gente na cidade.

Ronaldo Campos: Acredita na eleição do deputado Alexandre Von para prefeito e do DEM em abrir mão da indicação do vice para o médico Nélio Aguiar, depois do mesmo recusar o convite para se filiar no seu partido?

Henderson Pinto: O Alexandre é a pessoa mais preparada para assumir o comando do Município de Santarém. Ao mesmo tempo será um grande desafio, pois, não tenho dúvidas que o Governo atual vai deixar uma prefeitura quebrada e com muitos compromissos sem sanar. Convidamos várias lideranças para se filiarem no DEMOCRATAS e estamos formando um grande time para concorrer nas próximas eleições. O Vereador Nélio Aguiar é um grande parlamentar e um parceiro em nossa luta por dias melhores a população. O nosso partido sempre construiu qualquer processo de aliança política com responsabilidade. Não fazemos política de interesse próprio. Temos compromisso com a coletividade e saberemos tomar a melhor decisão para beneficiar o povo de Santarém. 

Por: Ronaldo Campos