SEPARATISTA, SIM! MAS DEVOTO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ E TORCEDOR DO PAYSANDU

Parte deste texto foi escrito inicialmente há um ano atrás, 25.10.2010  e publicado no IMPACTO. Hoje, resolvi atualizá-lo e apresentar para o, caro leitor, nessa antevéspera da realização do Plebiscito. Leia e decida pela nossa região.

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Sou santareno, tapuiu, tupaiu, mocorongo e tapajoara. Aqui me criei, hasteando a bandeira, cantando o hino, desfrutando e me deliciando com as coisas regionais, ditas do Pará.

Sou paraense, até o dia em que, esse curral eleitoral dos políticos da capital que aqui carreiam seus votos e, secularmente, logo após as eleições, daqui se esquecem, se separe política e administrativamente, de lá e venha a se tornar estado do Tapajós, Baixo Amazonas ou Oeste do Pará.

Não falamos de outra separação. Aqui em nossa região. Falamos sim, da divisão político-administrativa deste grandioso Estado. Esta sim é que deve ocorrer para ser cortado o cordão umbilical que nos prende e nos subordina à Metrópole.

Os contrários a divisão político-administrativa do estado do Pará dizem que quem quer a divisão é meia dúzia de políticos que não são daqui do Estado, não é devoto de Nossa Senhora de Nazaré, nem torce pelo Remo ou Paysandu. Não toma tacacá. Argumento infantil, sem conteúdo, demonstra a falta de preparo paro o debate, de quem é representante do povo na Assembléia Legislativa, ou na Câmara Federal.

Continuarei torcendo pelo Fluminense daqui e Paysandu de lá. Sou devoto de Nossa Senhora da Conceição, por ser santareno, como paraense, por enquanto sou devoto de Nossa Senhora de Nazaré e como um filho que morou e trabalhou por mais de quinze anos ininterruptos na cidade de Belém, sou devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. E os das outras religiões, perderam o seu direito constitucional da liberdade religiosa?

Sendo tapajoara, não vou perder o meu gosto pelo jaraqui, pelo tucunaré, pirarurcu, sarapateu de tracajá, paxicá de tartaruga, pitiú assada na brasa, tacacá, acari, tambaqui, tarubá, açaí, patauá, buriti, tucumã, mari, mucajá, pupunha, biribá, e da piracaia acompanhada do violão.

Continuarei gostando do Çairé, Alter do Chão, do Açaí de Santa Luzia, festival do charutinho de Ponta de Pedras, Arapiuns e praias do Tapajós. Festival da farinha de tapioca na Boa Esperança e o Festival do Tucunaré no Tiningu. Farinha do Cucurunã, festival folclórico do Dom Amando, botos Tucuxi e Cor de Rosa, do pássaro Tangará, do boi Veludinho e das belezas do Maicá, Arapixuna, Lago Grande, Tapará, Ituqui.

Das músicas do nosso querido e internacional Maestro Isoca, do Beto Paixão, Chico Malta, Nato Aguiar, Sebastião Tapajós, Nem e Maria Lídia, Figarella, Cristina Caetano.  Filarmônica e Banda José Agostinho, Bloco da Pulga. E das águas doces do meu rio azul, Tapajós.

Os demais, do lado do atual Estado, contrários à separação para o desenvolvimento do Nosso Oeste do Pará, os da zona da Capital, não perderão, nem deixarão de gostar e de se deliciarem do açaí, do tacacá (cuja cuia é nossa, de Santarém), do Carimbó do Pinduca, e do mestre Verequete, das músicas do Maestro Waldemar Henrique, do Teatro da Paz, do professor Benedito Nunes, da Leila Pinheiro, Lucinha Bastos, da Orquestra Sayonara, do Arrastão do Pavulagem, do Rancho, do Quenzão, Bole Bole, da Festa de Iemanjá em Icoaraci, do Círio de Nazaré, das Novenas do Perpétuo Socorro, do Remo e Paysandu, do Mangueirão, da Pratiqueira frita, do filhote, da pescada amarela e do caranguejo, do barzinho, a tapioquinha com coco, do cuscuz aos domingos, o rala rala, a pupunha, o Ver-o-Peso, Feira do Açaí, Casa das Onze Janelas, Mangal das Garças, Docas, o Shopping e as praias de Salinópolis, Mosqueiro, Algodoal, Marudá, férias de julho. O que perderão? O que nós lhes tiraremos? Nada!

Não muda nada na cultura, nos hábitos, nas tradições de cada lado com a separação!.

O que vai mudar é a forma de administrar os municípios daqui distantes da metrópole. Essa metrópole acostumada às benesses das cortes, como foi quando não queriam aderir à Independência do Brasil. Foi preciso cortar os elos com a corte portuguesa na força. Eis a razão da adesão do Pará à Independência do Brasil.

Nós da região do Oeste do Pará queremos uma mudança político administrativa, para poder melhor sentir a presença do governo, para melhor cuidar das necessidades da população daqui da nossa região, como na saúde, educação, segurança, estradas (BR163 tem mais de trinta anos de buracos, de poeira no verão e atoleiros no inverno), entre outros como infra-estrutura, ou seja, para melhor dirigir os nossos destinos, gestão que deverá ser feita por aqueles que sentem o problema e convivem com eles e o povo que sofre, e não sofrermos o que sofremos por oito anos, quando o governador do Estado do Pará não era simpático com o Prefeito daqui. Lembram?

E no governo anterior, a Governadora, se dizendo ser do mesmo partido da Prefeita daqui, estivemos como sempre relegados a segundo plano, dificultou por quatro anos o funcionamento do Hospital Regional, mesmo com os equipamentos estarem aqui, fez tudo para inviabilizar o atendimento à população daqui. Para não variar. O mesmo está acontecendo com o governo atual. Agora, sem máscara, ele já assumiu que é contra a nossa emancipação político administrativa (daqui levou noventa mil votos), a criação do estado do Tapajós. O que não aconteceu, até o momento, com os calados deputados daqui da região, estão escondidos e amordaçados, comeram abiu!, lhes são conveniente a omissão. Mostrem as suas caras ou vou lhes dizer que são covardes!

Não termos porque estar nos dirigindo sempre, após uma hora de Boing e dois dias de chá de cadeira na porta dos deputados e do Governador, ou mesmo, da Governadora, e ter que voltar sem resolver nada, na Capital, voltar de mãos abanando.

Estaremos próximos dos nossos administradores, para cobrar a melhor distribuição das verbas para saúde, educação infra-estrutura, do ICMS, melhoria nas vicinais, nas escolas, entre outras vantagens, como a de se ter representação política mais forte, na bancada da Amazônia, em Brasília.

Esse plebiscito, por ser histórico, é importante e é a chance para declararmos o nosso descontentamento. Não faremos pela força bruta, armada, mas pela força da massa. Esta sim é a voz mais forte, razão porque precisamos mobilizar a massa, independente de classe social ou econômica, de credo religioso, de ideologia político partidária ou de paixão clubística. Precisamos, nesses últimos dias, mobilizar os estudantes secundaristas, universitários, as associações de Classe, de bairro. A juventude precisa ser mais atuante nessa luta, no seu primeiro voto para alguns, decidam os seus destinos, para melhor

Os sindicatos, os movimentos das diversas igrejas, ai sim, não apenas com assinaturas, nem em sala de reuniões, com ar condicionado, mas indo para as ruas e massificando o povo para fazer frente ao movimento contrário, que tem dinheiro para pagar uma página inteira, todo final de semana, no jornal de maior circulação da capital, para mobilizar o Não.

É preciso reagir com vigor contra o movimento em andamento na Capital, liderados por aqueles que aqui vêm pedir voto. Fique atento, eles, já fizeram tudo para mudar a opinião do povo, para barrarem a divisão do estado do Pará, contra o, até certo ponto, simplório movimento pelo estado do Tapajós. Os do não dizem que é um movimento político. É sim, mas porque eles não querem perder os seus votos que daqui retiram em todas as eleições e nada dão em troca, a não ser o pagamento pra os seus cabos eleitorais.

Lembre-se, ainda, caro leitor, que mora fora, porque você saiu daqui de Santarém, ou de outras cidades daqui da região, se não foi por melhoria de vida, pela falta de água encanada, de energia elétrica, da poeira das ruas, das estradas mal conservadas, por melhores transportes marítimos, melhores escolas e, principalmente, pela falta de emprego.

Vamos! Eu quero nesse plebiscito a divisão do Pará. É isso aí! Ou ainda, eu quero é o estado do Tapajós.

E nós continuaremos a ir para lá todos os anos no mês de outubro, ver o Círio de Nazaré e nos deliciarmos do pato no tucupi e com a maniçoba.

Quanto a eles, tenho certeza que perderão. Agora sim entendi porque, eles têm razão de dizer que perderão, porque eles não têm o rio Trombetas, o Surubiu, a Serra da Lua e o encontro das águas dos rios Amazonas e Tapajós que só tem em Santarém. Seja qual for o resultado. Tapajós, a luta continua. Sempre!

Por: Eduardo Fonseca

5 comentários em “SEPARATISTA, SIM! MAS DEVOTO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ E TORCEDOR DO PAYSANDU

  • 30 de abril de 2013 em 15:50
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    O \”SIM\” perdeu… A lição que fica é que devemos cobrar mais dos prefeitos, serviços como educação , saúde, saneamento etc., afinal o município é o ente federado mais próximo do cidadão e, teoricamente o que deveria ser MAIS cobrado, infelizmente a tradição brasileira é diferente. Cobra-se o Estado, a União… E o município onde tudo acontece, nesse o gestor sofre pouca ou nenhuma pressão.

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  • 14 de dezembro de 2011 em 10:41
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    Parabéns pelas colocações professor, são pertinentes de uma região sofrida e usurpada….

    Walane Pereira
    Boa Vista-Roraima

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  • 10 de dezembro de 2011 em 08:14
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    A liberdade garante o direito de expressar qualquer palavra, e assim,ouso discordar do emprego da palavra em destaque nesta frase que diz SEPARATISTA,cujo sentido hoje soa como aquele que quer dividir, quer acabar o Pará como dizem os colonizadores da capital. Aqui somos, DESENVOLVIMENTISTAS,SOMOS PELO AVANÇO, CONTRA O ATRASO, assim declino todos os que defendem o SIM.SIM entre os quais eu que estou nesta luta.

    EMAMUEL BENTES
    ITAITUBA-TAPAJOS

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  • 9 de dezembro de 2011 em 14:39
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    Adorei o texto PARABÉNS… não voto no Pará, mas tenha certeza que faço campanha pelo sim, pois logo, logo, pretendo voltar, mas para isso precisamos de melhoria e principalmente emprego…
    Obrigada pelas palavras.

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  • 9 de dezembro de 2011 em 12:42
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    Parabéns Prof. Eduardo Fonseca, belo texto, baseado em fatos reais e com fundamento acima de tudo.
    Mesmo distante, já acionei muitos amigos que residem em Belém e em outros interiores do Pará para fecharem conosco o apoio à Divisão – SIM 77…Vai ser bom pra Tapajós, Carajás e pro próprio Pará…
    Vamos ganhar se Deus quiser…

    Abs,

    Moska.

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