Conselho Federal de Medicina vai acionar MPF para investigar fraude na Unirio
O Conselho Federal de Medicina (CFM) vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) para investigar a fraude na Escola de Medicina e Cirurgia (EMC) da Unirio. Cinco estudantes usaram irregularmente números de matrícula cancelados para ingressar no curso, como mostrou O GLOBO nesta segunda-feira (09). A Polícia Federal, que já havia sido acionada pelo reitor da Unirio, comunicou que vai definir as medidas a serem aplicadas. O presidente do CFM, Roberto d’Avila, disse também que vai se colocar à disposição do Ministério da Educação (MEC) para apurar se as mesmas irregularides ocorrem em outras escolas de medicina.
– Isso aconteceu na Unirio, uma entre as 185 escolas de medicina do país. Quem garante que não está acontecendo em outras escolas? O assunto é muito grave, e temos que abrir um espaço para investigar. Queremos passar um pente fino em todas as escolas médicas, principalmente as públicas. Não é possível que alguém utilize desse expediente se forme médico. Em média, cassamos dois médicos por mês por bandidagem. Somos muito rigorosos com a conduta moral dos profissionais – disse Roberto d’Avila.
Na manhã desta segunda-feira (09), o clima era de indignação e desconfiança entre os alunos do 1º período de Medicina da Unirio. O diretor do Instituto Biomédico da Unirio, Antonio Brisolla Diuna, que preside a Comissão de Sindicância, ouviu depoimentos de dois funcionários responsáveis pelas matrículas, mas não quis falar com O GLOBO. Os cinco estudantes envolvidos na fraude deveriam ter prestado depoimento às 12h, mas sequer compareceram a suas aulas. A universidade informou que os depoimentos foram remarcados para as 14h desta terça-feira (10), pois nem todos haviam sido avisados.
Uma das estudantes envolvidas, que negara ao GLOBO as irregularidades em sua matrícula, não atende mais o celular e apagou sua página no Facebook. O calouro Charles Bruno Trujillo, de 21 anos, custou a acreditar que estudantes que até então estavam participando não apenas das aulas, mas de atividades extraclasses como trotes e churrascos, pudessem estar envolvidos na fraude.
– Achávamos que eram nossos amigos. Mas é uma injustiça muito grande o que fizeram. Tentei vestibular durante quatro anos para entrar aqui. É uma sacanagem com todo mundo – lamentou Charles.
Colega de turma de Charles, Karina Persona veio de Uberlândia para estudar na Unirio, depois de três anos e meio estudando conseguir uma vaga em Medicina. Ela também estava inconformada com a situação.
– Fiquei muito indignada! Ninguém quer chegar num hospital e dar de cara com um médico que já começou a carreira comprando vagas – disse Karina, que tem 30 anos e já é formada em Educação Física.
Entre os estudantes, os boatos que rolam é de que uma vaga na EMC custaria entre R$ 70 e 140 mil. Como mostrou a reportagem de O GLOBO, o problema de vagas ociosas na Medicina da Unirio não é novo. Segundo estudantes, sobraram quatro vagas em 2011 após o término do processo seletivo. Essas vagas seriam destinadas à transferência externa e podem ter relação com a fraude. Até o fechamento da reportagem, a Unirio não disponibilizou as listas públicas de aprovados e reclassificados para Medicina em 2011.
De acordo vários estudantes, a Coordenação de Seleção e Acesso (Cosea) dificulta o acesso às informações sobre aprovações, reclassificações e remanejamentos.
– A única função deles é essa, mas não há transparência. Demorei três anos para entrar na Unirio e estou muito chateado porque a maioria estudou muito para estar aqui. É um desrespeito não só com a instituição, mas com o nosso sonho, que está sendo transformado em mercadoria – desabafou um calouro que preferiu não se identitificar.
Fonte: O Globo
Isso é caso de polícia!
Imagine q/ tipo de médico (não digo nem de pessoa!) q/ iriam se formar e pior, a gente teria q/ encarar!