MILTON CORRÊA
Câmara homenageia enfermeiros
Em solenidade que ocorre neste sábado 12/05/2012, no plenário da Câmara, a partir das 19h, o Poder Legislativo santareno presta homenagem aos enfermeiros (as), pela passagem do “Dia Mundial do Enfermeiro”, conferindo a comenda Ana Nery a diversos profissionais da enfermagem, que se destacam na profissão. O requerimento que solicita a sessão solene é de autoria da vereadora Marcela Tolentino (PDT), em cumprimento a Lei Municipal nº 18.234 de 19 de dezembro de 2008.
Ana Néri
(Primeira enfermeira do Brasil – 1814-1880)
Ana Justina Ferreira, a primeira enfermeira do Brasil, nasceu em 13 de dezembro de 1814, na vila Cachoeira do Paraguaçu, interior da Bahia. Casou-se aos 23 anos com Isidoro Antônio Néri. Ele era capitão-de-fragata da Marinha e estava sempre no mar. Dessa forma, Ana acostumou-se a ter a casa sob sua responsabilidade. Ficou viúva aos 29 anos, com os filhos Justiniano, Isidoro e Pedro Antônio para cuidar. Os dois primeiros tornaram-se médicos e o último, militar. Em 1865, o Brasil entrou na Tríplice Aliança, começou a Guerra do Paraguai e os filhos de Ana foram convocados. Sensibilizada com a dor da separação, no dia 8 de agosto ela escreveu ao presidente da província oferecendo-se para cuidar dos feridos de guerra enquanto o conflito durasse. Logo partiu para o Rio Grande do Sul, onde aprendeu noções de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Apesar das faltas de condições, como falta de higiene e de materiais e excesso de doentes, Ana chamou a atenção por seu trabalho como enfermeira por várias regiões por onde passou. Com recursos próprios, herdados de família, Ana montou uma enfermaria-modelo em Asunción, capital paraguaia sitiada pelo exército brasileiro. No final da guerra, em 1870, Ana voltou ao Brasil com seis meninas órfãs brasileiras. Foi homenageada e D. Pedro II, por decreto, lhe concedeu uma medalha e uma pensão vitalícia. Faleceu no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1880. Carlos Chagas batizou com o nome de Ana Néri a primeira escola oficial brasileira de enfermagem de alto padrão, em 1926.
Desenvolvimento da enfermagem através da história
A enfermagem é uma profissão que surgiu empiricamente e se desenvolveu, através dos séculos, em estreita relação com a história da civilização, mas que nem sempre acompanhou o desenvolvimento no campo científico. Houve época em que a enfermagem era uma atividade regida pelo espírito de serviço e humanismo, associado a crenças e superstições, sem nenhuma fundamentação científica, ou então épocas de maiores conhecimentos e habilidades, mas deficientes pelo padrão moral dos elementos que a exerciam. Podemos dividir a história da enfermagem em períodos assim compreendidos.
Dia Internacional da Enfermagem
Período antes de Cristo
O tratamento do enfermo depende estritamente do conceito de saúde e de doença. Nesta época, os povos primitivos entendiam a doença como um castigo dado pelos deuses, ou então como causada pelos efeitos de um poder diabólico, exercido sobre os homens. Os povos recorriam a seus sacerdotes ou feiticeiros, acumulando estes as funções de médico, farmacêutico e enfermeiro. O tratamento se limitava a aplacar as divindades e afastar os maus espíritos. Os documentos daquela época nos forneceram idéia do tratamento dispensado então aos doentes. Os mais antigos foram encontrados no Egito, do ano 4688 A.C- ao ano 1552 da mesma era. Alguns destes documentos relatam prescrições e fórmulas médicas seguidas de fórmulas religiosas, que o doente devia pronunciar, enquanto ingeria o medicamento. Por outro lado, quem preparava a droga, devia fazê-lo ao mesmo tempo que dizia uma oração a lsis e a Hórus, princípio de todo bem. Esses documentos não mencionam nada sobre os hospitais e enfermeiros, somente sobre a medicina, que era entrelaçada com crenças religiosas, embora com desenvolvimento científico bem significativo para a época. Reconheciam o coração como centro da circulação, embora desconhecessem como esta se processava, e a respiração como um ato de vital importância. Possuíam, junto aos templos, ambulatórios para que os futuros sacerdotes médicos pudessem praticar. Na índia, os documentos do século VI A.C. nos forneceram dados a respeito da enfermagem, medicina e existência de hospitais. Os hindus exigiam que os enfermeiros tivessem: asseio, habilidade, inteligência, conhecimento de arte culinária e de preparo dos remédios. Moralmente, deveriam ser: puros, dedicados e cooperadores. A Grécia marcou esta época, pelo desenvolvimento e domínio da filosofia, das ciências, letras e artes e, principalmente, no campo da medicina. Foi ali que a medicina iniciou suas bases científicas, graças a Hipócrates, que recebeu a denominação de “O Pai da Medicina”.
Enfermagem no Brasil
Desde a colonização do país, já se propunha a abertura de Santas Casas, tipo “Misericórdias”, muito comuns em Portugal. A primeira destas foi fundada em 1543, após a fundação da Vila de Santos, por Braz Cubas. Seguiram-se as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda, Ilhéus e outras. Quanto ao desempenho da atividade de enfermagem naquela época pouco se sabe, a não ser a atuação dos Jesuítas na fundação, direção e manutenção das obras de caridade, auxiliados por voluntárias. Entre os Jesuítas, destacou-se o Pe. Anchieta, que não se limitou só à catequese mas estendeu sua atenção ao campo da saúde e educação, tão carentes naquela época. Também os escravos recebiam orientação de seus senhores para cuidar de doentes particulares. Em 1852 as Irmãs de Caridade vieram para a Santa Casa do Rio de Janeiro, e, à medida que estas aqui chegavam, iam-lhes sendo entregues os estabelecimentos de assistência. No século XIX surgiram algumas iniciativas de abertura de cursos relacionados com a enfermagem. Abriu-se, junto à escola de Medicina da Bahia, o curso de parteiras. Tempos depois os psiquiatras sentiram a necessidade de preparo para os que se dedicassem ao cuidado dos enfermos mentais, fundando no Rio de Janeiro a Escola Alfredo Pinto, mas com bases bem rudimentares.
No tempo do Império, raros nomes se destacaram, merecendo especial atenção o de Ana Néri. Nascida na Bahia, destacou-se no cenário da enfermagem brasileira, como voluntária na guerra do Paraguai. Sua participação na assistência dos feridos, foi marcante, sendo denominada “Mãe dos Brasileiros”. Em 1923, com a fundação da Escola de Enfermagem Ana Néri, no Rio de Janeiro, que procurou seguir o sistema Nightingale, é que a enfermagem brasileira passou por um desenvolvimento maior. Muitas outras escolas foram abertas, seguindo o mesmo sistema, surgindo daí líderes que atuaram em diversas entidades, como diretoras, ou na assistência aos enfermos sempre voltados para os três elementos que são indispensáveis na profissão de enfermagem: Ideal, Arte e Ciência.