Juros finais ainda são incompatíveis com taxas internacionais, afirma Dilma
A presidente Dilma Rousseff voltou a criticar o nível atual das taxas de juros finais praticadas pelos bancos. Ela afirmou que os juros elevados estão entre os três principais entraves ao crescimento econômico brasileiro. “Temos taxas de juros finais incompatíveis com aquelas praticadas internacionalmente e isso compromete o crescimento do País”, afirmou durante o evento da Marcha dos Prefeitos, na capital federal.
Declaração da presidente se dá após o corte de juros em diversos tipos de linha de crédito, anunciado primeiramente pelos bancos públicos e em seguida por bancos privados. Movimento foi iniciado em abril, após forte pressão do governo para forçar uma redução dos spreads bancários em todo o sistema financeiro nacional.
Dilma citou ainda a questão da taxa de câmbio, visto como um dos principais “desafios” macroeconômicos do País. “Nós tivemos ainda nos últimos dias vários fatores que têm de ser considerados; mas nós tivemos taxas de câmbio extremamente sobrevalorizas até recentemente”, disse.
A presidente citou ainda a questão dos impostos como um terceiro entrave e afirmou que quer para o País um ritmo de crescimento constante e equilibrado, com inflação sob controle.
Dilma lembrou que o Brasil precisa estar preparado para enfrentar um longo período de crise mundial. “Essa crise que os países desenvolvidos estão passando pode levar 5, 6, 7 anos. Acaba passando, mas nesse período temos muito o que fazer”, disse. Dilma ainda afirmou que “não passamos pelos mesmos problemas deles, mas é importante que a gente perceba que todos eles acabarão saindo da crise”.
A presidente argumentou que “existe distribuição e tributação inadequada no Brasil”. “A própria tributação é inadequada, se a gente for ver que nós tributamos insumos fundamentais, por exemplo, para o desenvolvimento do País. Não conheço muitos países que tributa energia elétrica, nós tributamos”, disse.
Durante o discurso na Marcha dos Prefeitos, Dilma também comentou os desafios internos que precisam ser superados para garantir o crescimento. “Todos nós sabemos as dificuldades pra implantá-la (a reforma tributária), como foi difícil aprovar a resolução 72. Por quase um milímetro não aprovamos a 72. E a 72 é uma das coisas mais absurdas que o País praticou. O País praticava incentivo à importação contra a produção local. Era como se tivéssemos valorizando o trabalho dos chineses, que agradecera profundamente à 72, e valorizando o trabalho dos europeus e americanos, e desvalorizando o trabalho feito aqui no Brasil”, disse.
Fonte: Estadão