Professores de Juruti participam de oficina de musicalização
Cerca de 40 professores da rede pública municipal de Juruti – área de atuação da mineradora Alcoa, que possui um empreendimento para extração de bauxita no município – participaram esta semana de uma oficina de musicalização, realizada entre os dias 18 e 20 de junho. A intenção é capacitar esses profissionais para que eles utilizem a música como ferramenta de apoio à educação.
“Há uma determinação legal desde 2008, que coloca a musicalidade como algo pelo qual se deve primar por fazer bem à alma, por trazer bem estar. A musicalidade na escola vem não como disciplina, mas para ser trabalhada dentro das disciplinas, nessa questão de interação, de inclusão, de participação maior entre escola, família, aluno… ela vem para dar esse momento de prazer que a própria música traz”, diz a diretora de ensino da Secretaria Municipal de Educação de Juruti (Semed), Lidiane Guimarães.
O curso faz parte do Programa de Apoio e Atendimento a Educação Pública (PAAEP), que integra os Planos de Controle Ambiental (PCAs) de socioeconomia, um conjunto de compromissos assumidos pela Alcoa como forma de sanar desafios mapeados no município pelo Estudo de Impactos Ambientais (EIA), que subsidiou a implantação da Mina de Bauxita de Juruti. O objetivo geral é implementar ações de apoio a educação pública a fim de contribuir com a qualidade do atendimento educacional no município de Juruti, sempre em parceria e atendendo às expectativas da Semed. A ação é executada através da empresa Terra Meio Ambiente.
“Um dos objetivos da oficina é colaborar com a formação e qualificação de profissionais responsáveis na construção do processo de educação pela arte, procurando estimular cada aluno em suas habilidades intelectuais, cognitivas, afetivas e físicas e proporcionando o máximo de aprimoramento e desenvolvimento musical”, explica a consultora de educação da Alcoa, Célia Oliveira.
Esta é a segunda oficina realizada pela iniciativa: no ano passado, outros 40 professores já haviam aprendido através de metodologias simples, como a música pode ser uma aliada do processo de aprendizado. Este ano, participaram profissionais que atuam junto a estudantes da educação básica, isto é, infantil e fundamental, até a nona série. Para a professora Zélia Moutinho, a experiência ajudou a abrir os olhos para novas possibilidades: “Foi muito importante ver uma maneira fácil e prática de trabalhar música em sala de aula, com materiais simples e fáceis, como madeira, garrafa pet… Antes a gente via apenas a disciplina. Hoje, podemos trabalhar a arte dentro da música, a língua portuguesa, a matemática, tudo num processo só”, comemora.
Para o professor Hélcio Gama, que atua em uma escola na comunidade Igarapé-Açu, que já usava a música como ferramenta de ensino, a oficina permitiu descobrir novas possibilidades de desenvolver uma característica fundamental para quem quer crescer nos estudos: a oratória. “Os alunos têm dificuldade de falar, se você pede que ele faça uma leitura em sala de aula, eles ficam tímidos, falam muito baixo, gaguejam… aprendi algumas técnicas para trabalhar a oralidade dos alunos, e vou aplicar em sala de aula”, conta.
“A oficina vem proporcionar a educadores e pedagogos uma sensibilização de como levar música para um aluno em situação especial de aprendizado. Estamos usando uma abordagem neurológica, através de vários métodos, tanto de música quanto da psicologia. Aborda-se muito a potencialidade, o desenvolvimento humano, não avaliando pelo erro, e sim pelo que aquele aluno pode fazer, estimulando o acerto. Nisso, a educação musical vem contribuir por ser arte, poder ser trabalhado como jogo, como lúdico, como algo que sensibiliza, que ajuda a despertar interesse até para outras disciplinas”, diz Antônio Pádua Sales Costa, professor de artes da Universidade do Estado do Pará (UEPA), que ministrou as oficinas.
A intenção é que os professores capacitados se tornem multiplicadores daquilo que aprenderam, repassando o conhecimento aos demais profissionais da rede de educação municipal.
“Os participantes representam 41 escolas-polo, que coordenam as demais entidades de ensino. Essas escolas participantes vão ter a responsabilidade de dividir com as demais os conhecimentos que adquiriram”, explica Lidiane. “A escola não deve ser vista apenas como um local que vai trazer conhecimentos básicos, mas sim como um espaço de interação com o mundo lá de fora. As crianças são muito ativas, e se a gente não procurar uma forma de motivá-los a aprender, de forma prazerosa, o processo de aprendizado fica complicado. Precisamos trabalhar na formação dos nossos professores para que eles possam contribuir para que as crianças aprendam com prazer, para a vida toda”, completa.
Fonte: RG 15/O Impacto e Stephania de Azevedo Amorim (Temple Comunicação)