Garimpos clandestinos devastam Amazônia Legal
A crescente presença dos garimpos na Amazônia brasileira, estimulada pelo aumento do preço do ouro no mercado nacional e internacional, traz à tona um alerta ambiental que vai além da visível degradação de solos e margens de rios. O uso de substâncias como mercúrio e cianeto na separação e limpeza do mineral transforma o garimpo de ouro em uma das atividades mais poluidoras, contribuindo para a contaminação de peixes e animais silvestres e afetando a saúde humana.
O secretário executivo da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (Adimb), Onildo Marini, diz que o problema da derrubada de árvores na região amazônica para exploração mineral, por exemplo, é minimizado ante os efeitos produzidos pelo uso indiscriminado do mercúrio. “Usado na hora de concentrar o ouro, de queimar o ouro, o mercúrio, evapora ou vai para os peixes. Essa é uma cadeia que ninguém sabe de fato qual importância tem, mas efeito é grave”, ressalta o geólogo.
O coordenador-geral de Fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Dutra, cita pesquisas segundo as quais o mercúrio usado nos garimpos vai sendo acumulado na cadeia alimentar local. “Peixes carnívoros acumulam o mercúrio e o ser humano, ao comer tais peixes, ingere tudo.”
De acordo com especialistas, na bacia do Rio Tapajós no Pará, onde existiam mais de 200 garimpos em atividade na década de 1990, foram liberadas, anualmente, cerca de 12 toneladas de mercúrio no ambiente. Conforme levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a concentração de mercúrio analisada no cabelo de pescadores de uma vila da região mostrou que o metal provocou problemas de visão e comprometimento muscular nos ribeirinhos.
Países como Argentina, Índia e Filipinas já proibiram o uso do mercúrio. No Brasil, a retomada do garimpo em larga escala faz com que se intensifique o uso do produto. Depois de encontrar o ouro, os garimpeiros aplicam o mercúrio e aquecem o minério amalgamado. O resultado é o ouro puro e a evaporação de mercúrio na atmosfera e nas águas próximas, afetando peixes e animais silvestres que acumulam facilmente o produto.
Há quase dois meses, sob o argumento de regularizar a atividade do garimpo na região, o Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amazonas aprovou uma resolução estadual liberando o uso do mercúrio pelos garimpeiros, mas com algumas condições, como a comprovação da origem de compra da substância e o uso de equipamentos adequados para sua aplicação.
O Ministério Público Federal no estado recomendou a suspensão da medida, argumentando que substância pode representar ameaça à saúde humana e ao meio ambiente. Ontem (14), representantes de garimpos e do governo do Amazonas começaram a discutir o problema. Segundo assessoria do governo do estado, um grupo técnico, que tem entre seus integrantes alguns participantes do encontro de ontem, apresentará, até o fim desta semana, avaliações sobre o uso do mercúrio para que uma equipe jurídica decida o futuro da resolução.
O geólogo Elmer Prata Salomão acrescenta que, além de mercúrio, os garimpeiros usam outra substância tóxica, o cianeto. “Usado corretamente, não tem problema, mas se deixar cianeto na água, sem neutralizar, todos os animais que bebem esta água vão morrer. O uso do cianeto na mineração é clássico, mas tem que ser feito com todas precauções e cuidados que a tecnologia oferece.”
Assim como o mercúrio foi liberado no Amazonas, órgãos ambientais de outros estados têm autorizado o uso do cianeto e garantido fiscalizações rotineiras. Salomão cita os estados do Pará e de Mato Grosso como exemplos. “Se pegar um rio amazônico e lançar cianeto, vai ser um desastre”, conclui o geólogo.
Fonte: Agência Brasil
O Gremio Recreativo e Bloco Carnavalesco Embaixada do Jacaré manifesta-se contrário à liberação da exploração do solo brasileiro sem o devido acompanhamento por órgãos amabientais. A forma descontrolada irá gerar, obviamente, sérios problemas ambientais. O PAC necessita ser composto por ideais conservacionistas e nacionalistas. Na Amazônia encontra-se o Eldorado do Brasil.
É inacreditável a devastação e os danos ambientais causados nas áreas de preservação permanente, margens dos igarapés e rios nas regiões de Moraes Almeida, Novo Progresso, Castelo de Sonhos, Itaituba, etc; a coloração das águas, a poluição, dezenas e dezenas de máquinas PC\’s – Pás Carregadeiras e diversos outros maquinários utilizados, além dos produtos químicos como o mercúrio e o cianeto. A situação dos garimpos \”Ilegais\” é triste e lamentável, ainda mais quando certificamos a inoperância, inércia do Estado e de seus Órgãos Ambientais no combate a toda essa ilegalidade e poluição crescente. O Governo Federal e Estadual têm que rever urgentemente a política ambiental na região Norte, principalmente em função da situação Social nas regiões mencionadas. São milhares de trabalhadores, cidadãos de nossa sociedade que sobrevivem com a situação drástica nestes garimpos; sem segurança; sujeitos as doenças provocadas pela vida sub-humana em que vivem, além dos riscos do trabalho escravo e mediante os produtos químicos utilizados. Em nossa região, já dá medo de consumirmos peixes provenientes destas regiões, os quais indiscutivelmente estão sujeitos à contaminação. A sociedade e os Governos têm que adotar uma postura mais ativa com relação aos problemas citados; é triste vermos a degradação ambiental e humana que vemos nestas áreas.