Antecipação do 13º dos aposentados ajuda governo a turbinar o PIB
Além de contar com a queda da taxa básica de juros (Selic) e da prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para carros e alguns produtos como refrigeradores, máquinasde lavar roupa e materiais de construção, anunciados na semana passada, o governo terá uma ajuda extra para tentar fazer a economia brasileira deslanchar até o final do ano. Desde segunda-feira passada, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou a antecipar o pagamento da primeira parcela do 13º salário a segurados que recebem até um salário mínimo. Serão injetados R$ 11,3 bilhões extras na economia. Embora nem todo esse dinheiro seja canalizado para o consumo, é uma boa injeção financeira para ajudar o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer além de 2% em 2012, como prevê o mercado.
– Pesquisas feitas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) mostram que historicamente 60% das pessoas que recebem a primeira parcela do 13º salário canalizam os recursos para pagamento de dívidas. No caso, R$ 6,8 bilhões seriam usados para quitar débitos. Os 40% restantes devem usar o dinheiro para consumir. Nesse caso, isso representa cerca de R$ 4,5 bilhões a mais na economia, um valor considerável – diz o vice-presidente da entidade, Miguel Ribeiro de Oliveira.
Esta é a sexta vez que a Previdência paga antecipadamente a parcela do 13º salário. A primeira foi em 2006, resultado de acordo firmado entre o governo e as entidades representativas de aposentados e pensionistas. A antecipação deveria ser encerrada em 2010, mas o governo manteve a antecipação em 2011 e este ano. Além de atender o pedido dos aposentados, a antecipação colabora também para o aquecimento da economia. No ano passado, o pagamento antecipado da primeira parcela do 13º aos aposentados representou uma injeção de R$ 10 bilhões na economia brasileira.
– Ao saldar as dívidas, essas pessoas provocam um efeito positivo na economia. Essa turma que está endividada, antecipa o pagamento ou limpa o nome das listas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e fica liberada novamente para tomar crédito novo – avalia Miguel Ribeiro.
Levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostra que o percentual de famílias endividadas chegou a quase 60% em agosto, um aumento em relação ao mês anterior, quando o índice ficou em 57,6%.
Para a economista Fernanda Della Rosa, da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, o momento é de queda tanto na inadimplência quanto no endividamento das famílias. Com recursos extras, como a primeira parcela do 13º, a tendência é que esses indicadores diminuam ainda mais.
– A primeira coisa que a pessoa faz, especialmente o pensionista, é quitar dívidas e ficar com o nome limpo para poder tomar mais crédito no Natal – diz Della Rosa.
Segundo pesquisa feita pela Fecomércio com 2 mil entrevistados, o nível de endividamento das famílias em São Paulo está em cerca de 50%. A maior parcela dos entrevistados – 27,6% – têm dívidas entre 3 e seis meses, enquanto 25,6% têm dívidas com prazo acima de um ano.
– A maior parte dos endividados têm débitos até o fim do ano. Por isso, com dinheiro extra, essa parcela de devedores vai antecipar o pagamento para fazer novas dívidas no Natal – diz a economista da Fecomércio.
Além consumidores que não têm dívidas devem utilizar esse recursos para adquirir novos produtos e serviços, bens de consumo ou até mesmo antecipar suas compras de final de ano, segundo a economista Fernanda Della Rosa.
Sobre a antecipação da primeira parcela do 13º não haverá desconto de Imposto de Renda (IR). De acordo com a legislação, o IR sobre o 13º só é cobrado em novembro e dezembro, quando será paga a segunda parcela do benefício.
Em São Paulo, o pagamento da primeira parcela do 13º representa uma injeção de R$ 3,2 bilhões na economia do estado. Na Bahia, são R$ 600 milhões e no Rio de Janeiro R$ 1,2 bilhão. O valor da primeira parcela do 13º somado ao valor mensal do pagamento regular do benefício de agosto significa R$ 37,3 bilhões despejados na economia do país.
Fonte: O Globo