Preso homem que mandou matar professor da Ufpa

O engenheiro químico Carlos Augusto de Brito Carvalho

“Não prendemos todos, mas consideramos o caso solucionado”, comemorou o delegado Vicente Gomes, da Divisão de Homicídios, ao apresentar o engenheiro químico Carlos Augusto de Brito Carvalho, 38 anos, e o mototaxista Allan Franklin Ferreira Rego, 21 anos, como sendo respectivamente mandante e ajudante na fuga do assassino do engenheiro e professor Raimundo Lucier, executado na tarde de 4 de agosto com quatro tiros, dentro do próprio carro, na avenida Duque de Caxias, entre as travessas Enéias Pinheiro e Pirajá, no bairro do Marco. Para a Polícia, falta apenas prender o autor da execução.

Segundo declarações do mototaxista à polícia, o engenheiro teria contratado os serviços de Edmilson Ricardo Farias, 22 anos, conhecido como “Juca”, que seria um conhecido pistoleiro do submundo do crime para dar fim à vida do engenheiro. Lucier seria, supostamente, um desafeto do mandante em questões internas do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), do qual ambos faziam parte.

O serviço do mototaxista Allan seria dar fuga ao pistoleiro, que teria sido levado dentro do próprio carro do mandante até próximo a uma oficina na Duque de Caxias, onde a vítima teria ido buscar o carro que estava no conserto. Logo que saiu da oficina, ao fazer o retorno para entrar na outra pista da Duque, Lucier foi interceptado pelo pistoleiro, que fez vários disparos e matou o engenheiro.

Depois de balear a vítima, sem correr, o pistoleiro Juca foi até à moto de Allan, que o aguardava estacionado na própria avenida. A cena foi registrada por uma câmera de segurança de um prédio localizado às proximidades.

FIO DA MEADA

A partir daí, após ter acesso às imagens, a Polícia identificou a placa da moto. Como as imagens foram divulgadas, o engenheiro Carlos Carvalho teria procurado novamente o mototaxista e oferecido mais dinheiro para que ele se livrasse da moto.

“Ele me ofereceu R$ 500,00 para levar o Juca até a casa dele depois do crime. Dias depois, ele foi lá em casa e me ofereceu R$ 400,00 para eu me livrar da moto e prometeu me dar uma nova moto depois”, relatou Allan.

Como parte do acordo para confundir a Polícia, Allan foi orientado por Carvalho a fazer registro na DRCO dizendo que a moto em questão teria sido roubada no dia 31/07 (cinco dias antes do crime). Era um truque para tentar despistar as investigações. Mas a estratégia acabou servindo de elemento para que a prisão preventiva de Allan fosse decretada.

Após a prisão, o condutor confesso do pistoleiro resolveu contar todos os detalhes do plano criminoso, proporcionando o pedido de prisão preventiva dos supostos mandantes e atirador. Ontem, Carlos Carvalho se apresentou espontaneamente à Divisão de Homicídios acompanhado de seu advogado, aonde recebeu voz de prisão.

“Eu contratei apenas alguém pra dar um susto na vítima porque eu descobri algumas irregularidades dele no Crea, o que me rendeu uma surra no início do ano e ameaças de morte. Meu objetivo era fazer ele (Lucier) parar de me ameaçar porque isso estava pondo em risco minha mãe de 80 anos”, afirmou o engenheiro químico, tentando se defender da acusação de homicídio. A forma fria com que o acusado confessou participação no caso surpreendeu até os policiais. Durante o depoimento, fontes ligadas à Polícia avaliavam que Carvalho se apresentou como estratégia do advogado para tentar reduzir uma futura pena pelo crime.

Acusados são indiciados por homicídio triplamente qualificado

Em abril deste ano, Juca, apontado como autor dos disparos que mataram Raimundo Lucier, teria tido participação no assassinato do taxista Luciano Diniz de Souza, de 64 anos, cujo corpo foi encontrado perto de um igarapé no município de Benevides. Juca foi preso dias depois, mas após ficar preso por 60 dias acabou solto por falta de provas materiais.

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública, delegados que já investigaram casos envolvendo a participação dele afirmaram que o acusado tem as características de um executor frio. Ainda segundo relatos da própria Polícia, Juca cobraria taxa de R$ 10 mil para matar pessoas.

Por isso, como a investigação aponta para a participação dele, os policiais não duvidam de que a intenção do engenheiro Carlos Carvalho era mesmo mandar executar Lucier.

“É claro que ele [o suposto mandante] vai negar, mas foram feitas muitas denúncias anônimas de que Lucier tinha algumas informações importantes contra Carlos, o que teria de fato motivado o crime”, declarou o delegado Vicente Gomes.

DENÚNCIA ANÔNIMA

O delegado aproveitou para fazer um apelo à população. “Assim como denúncias anônimas ajudaram nas investigações, nós pedimos para que o paradeiro de Juca seja denunciado através do número 181, telefone pelo qual as pessoas podem colaborar com as investigações sem precisar se identificar”, afirmou. Segundo ele, os três acusados serão indiciados por homicídio triplamente qualificado.

Carlos Carvalho era encarregado pela coordenação do espetáculo de fogos na homenagem que o Sindicato dos Estivadores realiza todos os anos durante o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. No dia da morte de Raimundo Lucier, Carvalho compareceu à Divisão de Homicídios, dizendo-se representante do Crea e procurando saber detalhes dos depoimentos e das investigações policiais sobre o caso.

Fonte: Diário do Pará

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