Em bate-boca, Barbosa acusa Lewandowski de fazer ‘intrigas’
Em mais um embate no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, acusou nesta quarta-feira (12) o revisor do caso, Ricardo Lewandowski, de “estar fazendo intrigas” e cobrou um voto sóbrio.
O mal-estar começou após o revisor abrir mais uma divergência ao voto de Barbosa, defendendo a absolvição de Geiza Dias, gerente da SMPB, agência do empresário Marcos Valério, do crime de lavagem de dinheiro.
Lewandowski citava argumentos da defesa quando Barbosa começou a reclamar. Antes, o revisor chegou a falar que o julgamento não era ortodoxo.
“Isso não é academia. Estamos para examinar fatos e darmos decisão. Não estou entendendo. Vamos parar com esse jogo de intrigas”, disse o relator.
O revisor reagiu: “quer que pare de examinar as provas?”
Barbosa respondeu: “faça seu voto de maneira sóbria, só isso”.
O ministro Celso de Mello interferiu defendendo o revisor e disse que ele não estava censurado Barbosa.
Lewandowwki cobrou uma interferência do presidente STF, Carlos Ayres Britto. “O eminente relator está dizendo que meu voto não e sóbrio. O senhor presidente entende que é adequado?”, questionou.
Britto disse que ele tinha o livre exercício do voto.
O relator questionou a fala do revisor sobre o julgamento não ser ortodoxo e disse os dois têm estilos diferentes. ” Digo uma coisa em duas, três linhas”, disse Barbosa.
Diante do desgaste, Lewandowwki baixou o tom do debate e passou a fazer uma série de elogios a Barbosa. O revisor afirmou que sua função é um segundo olhar e que não pretende dar lição aos colegas.
“Estou perplexo. Não tenho perdido oportunidade de elogiar o seu voto. Sabe que tenho admiração de Vossa Excelência e sei o esforço que fez para chegar aqui com esse processo. Há pontos que discordamos. Jamais ousaria afirmar que o voto seja incompleto.”
Ele disse ainda que Barbosa estava “fazendo ilação descabida”.
Lewandowski também declarou que “não nenhuma crítica ao julgamento”. “Os trabalhos estão fluindo bem.”
Fonte: Folha de São Paulo