Advogado do Piauí é eleito novo presidente da OAB federal
Após muita polêmica e disputa política, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) elegeu nesta quinta-feira, 31, o secretário-geral da entidade, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, como novo presidente. Com 64 votos, Coêlho foi declarado vencedor. O outro candidato, o vice-presidente da OAB, Alberto de Paula Machado, recebeu 16 votos.
Na eleição, na qual votaram os 81 conselheiros federais da Ordem, houve o registro de um voto em branco. Há 15 anos, a OAB não assistia a uma disputa eleitoral – nas últimas cinco eleições, prevaleceu a chapa única.
Novo responsável por presidir uma entidade que conta com orçamento anual de R$ 30 milhões e tem aproximadamente 750 mil filiados, Coêlho disse durante a campanha que pretende adotar na OAB as mesmas regras da Lei de Acesso à Informação, que regulamentou o direito do cidadão a requerer e receber informações de órgãos públicos.
Apoiado por 22 das 27 seccionais da OAB, Coêlho tomará posse nesta sexta-feira, 1, do cargo, sucedendo Ophir Cavalcante, que presidiu a entidade nos últimos três anos.
O novo presidente da OAB completou 41 anos nesta quinta-feira e fez sua carreira no Piauí. É o presidente mais jovem da história da OAB. Ele responde por improbidade administrativa e é alvo de documentos que o relacionam a tentativa de regularizar terras devolutas em nome do seu escritório. O candidato derrotado é do Paraná.
Liminar. A eleição desta quinta envolveu até disputa judicial. Na noite de quarta-feira, 30, a Justiça Federal concedeu uma liminar garantindo ao advogado Danilo Mota o direito de ser reconduzido ao cargo de conselheiro titular da OAB. Reeleito, Mota afirmou que foi afastado por retaliação política pelo fato de ter declarado que votaria em Coêlho.
Durante à campanha, Coêlho afirmou ao Estado que seu nome representa um movimento que deseja “oxigenar” a Ordem e é contra que a entidade seja presidida por “alguém escolhido pelos cardeais”.
Cursos e plebiscito. Ele propõe um congelamento na abertura de novos cursos de direito e a criação de um grupo de trabalho entre a OAB e o MEC para realizar uma inspeção especial sobre os cursos que não conseguem aprovar no exame de Ordem acima da média nacional.
Coêlho promete convocar um plebiscito, em novembro, para que os advogados do Brasil decidam se a eleição para o Conselho Federal deve ser direta. Ele, contudo, não manifesta sua opinião a respeito do voto direto. “Tenho o compromisso de não influenciar de qualquer modo, de não expressar minha opinião pessoal sobre isso.”
Na campanha, ele não poupou críticas à administração do Judiciário e criticou os “gastos exagerados” nos órgãos de cúpula. Segundo Coêlho, os recursos são “encastelados” e sobra pouco para investimento na modernização das varas de primeira instância.
Mariângela Gallucci e Bruno Lupion, de O Estado de S. Paulo
Fonte: Estadão