Instituto Chico Mendes inicia retirada de gado da Flona Tapajós
Uma situação polêmica gerada a partir de uma denúncia de que haveria o prazo de 90 dias para a retirada do gado pertencente aos comunitários que habitam a área da Floresta Nacional do Tapajós (Flona) levou os moradores a buscar esclarecimentos junto ao chefe da reserva, Fábio Carvalho.
Em contato com os moradores, Fábio Carvalho afirmou que existe uma notificação detalhando o prazo para a retirada do gado, porém, o tempo determinado pode se estender por três meses, prorrogados por mais três meses, em um total de seis a nove meses. Caso seja preciso, também há possibilidade da chefia dilatar o prazo.
Para os comunitários, a criação de gado na área da Flona Tapajós constitui uma importante fonte de renda dos ribeirinhos. A atividade da pecuária foi reconhecida pelo chefe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), durante uma reunião do Conselho, feito no último final de semana, no Município de Aveiro.
Na ocasião, foram explicados muitos detalhes que ainda deixavam dúvidas entre os comunitários. O que não há nada de novo, segundo Carvalho, é que já se passaram dois anos desde o início do processo de retirada das cabeças de gado. O chefe da Flona enfatizou que existiam cerca de 10 mil cabeças de gado que pastavam de maneira ilegal na Flona Tapajós. “Existiam grandes proprietários que possuíam 800 cabeças de gado e todos foram retirados”, informou.
Fábio Carvalho enfatizou que todo o gado foi retirado de maneira tranqüila em dois processos. “Em um primeiro momento, foi retirado gado dos grandes criadores, em um total de 4 mil cabeças de gado. Em seguida, foram retirados 6 mil animais, com a exclusão de Aveiro e São Jorge”, explicou.
Fábio disse, ainda, que não é preciso se preocupar, porque segundo ele, o objetivo do ICMBio é retirar o gado ao mesmo tempo em que vão surgindo outras oportunidades que substitua a atividade anterior. Seja com o manejo florestal através da COOMFLONA, convidando-os a trabalhar, criando agro florestas ou com a piscicultura. “Queremos sair do gado organizadamente, buscando outra atividade que eu não tenho dúvidas que vai dar certo”, disse ele.
O chefe da Flona destacou, ainda, que o papel da COOMFLONA que já vem trabalhando na área, é buscar alternativas para fomentar uma segunda fonte de renda para quem criava gados na região e as internas de preservação federal. Na última reunião de Conselho da Flona, realizada no Município de Aveiro, foi criada um grupo para pensar sobre essa nova alternativa de renda para quem ficou sem o gado.
“Nesses seis meses, todos pensando da mesma maneira, será fácil e rápido buscar uma alternativa que seja viável para cada um, não se pode deixar de lado que existe uma diversidade entre o ribeirinho que gosta de criar peixes, outro que gosta de plantar açaí. Será estudado cada caso, família por família, das populações tradicionais”, garantiu Fábio Carvalho.
Fonte: RG 15/O Impacto