Parceria entre empresas e instituições impulsiona economia verde no Pará
Nesta terça-feira, dia primeiro de outubro, dentro da programação do Encontro Anual do Fórum Amazônia Sustentável, será anunciada uma nova iniciativa que visa contribuir com o desenvolvimento da economia verde no Pará: a Aliança Tapajós. Trata-se de um protocolo de cooperação multi-institucional voltado para o fortalecimento de cadeias produtivas florestais não-madeireiras, onde já existam iniciativas junto a projetos de assentamentos agroextrativistas e unidades de conservação de uso sustentável. O protocolo é uma parceria entre a Natura, a Alcoa, o Fundo Juruti Sustentável (Funjus), o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e o Projeto Saúde e Alegria.
A iniciativa terá como foco os municípios de Juruti e seu entorno e Santarém (RESEX Tapajós-Arapiuns, PAE Lago Grande e seus entornos), ambos localizados no oeste do Pará. Inicialmente, será realizada uma avaliação do potencial das cadeias produtivas já existentes, além de estudos técnicos e econômicos para a promoção de negócios sustentáveis a partir de produtos que conservem a floresta em pé. Parceiros como o Funjus e o PSA irão desenvolver e habilitar cadeias sustentáveis ao mercado, dando suporte para a elaboração de projetos de desenvolvimento destas cadeias junto às comunidades.
Por sua vez, a Natura, a partir de sua experiência de 13 anos com o desenvolvimento de cooperativas na Amazônia, irá prover diretrizes, informações técnicas e conhecimento aplicado necessários para o desenvolvimento de lideranças e cooperativismo, e para que estas cadeias atendam a padrões de qualidade, rastreabilidade, boas práticas de manejo e cultivo, agregação de valor, entre outros. Parte dos recursos financeiros para o desenvolvimento das atividades terá como origem a Alcoa e o Funbio (no âmbito do Probio), e outra parte virá de parcerias do Projeto Saúde e Alegria. As cooperativas envolvidas poderão vender seus produtos à Natura e ao mercado, proporcionando, assim, o escoamento da produção local. O protocolo terá vigência de dois anos.
Para formar a Aliança Tapajós, os integrantes somaram experiências de atividades que já desenvolvem na região amazônica. A Natura, por exemplo, mantém desde 2011 o Programa Amazônia, iniciativa que congrega ações para o fortalecimento das cadeias produtivas locais. “Realizamos um trabalho robusto junto às comunidades fornecedoras de outras regiões do Pará e da Amazônia, para garantir a qualidade da produção, além de fortalecer as comunidades e associações capacitação sobre práticas de manejo e cultivo, desenvolvimento de liderança e cooperativismo. Nossa expectativa é que o trabalho na região do Tapajós também resulte em excelentes frutos para todos os envolvidos: empresas, entidades e comunidades”, destaca a gerente de Sustentabilidade da empresa, Renata Puchala.
Já a Alcoa, que acaba de completar quatro anos de operação em sua mineração de bauxita no município de Juruti (PA), aposta na inovação de parcerias como esta para contribuir com os municípios em que está inserida. “Acreditamos que é perfeitamente possível conciliar desenvolvimento e sustentabilidade. Desde que iniciamos a construção de nossa unidade em Juruti, temos buscado atuar de uma maneira diferenciada na Amazônia, com foco na escuta e no diálogo para entender as reais necessidades das comunidades e definir nossas prioridades conjuntas de atuação. Esta parceria inovadora, com a participação de diferentes atores sociais e empresas, demonstra um grande avanço nesta forma de atuar”, explica Fabio Abdala, gerente de Sustentabilidade da Alcoa América Latina & Caribe.
A Alcoa e o Funbio participarão apoiando e potencializando Fundo Juruti Sustentável (Funjus), que investe em ações no município de Juruti e seu entorno. Parte dos recursos do Funjus nesta aliança advém do Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para Biodiversidade – Probio II, que visa mobilizar os setores produtivos investindo em cadeias produtivas que adotam práticas de conservação e uso sustentável da biodiversidade em seus negócios. “O desenvolvimento sustentável na Amazônia demanda novos instrumentos e arranjos, nos quais o setor privado e o terceiro setor têm um papel fundamental. O Funbio e a Alcoa já atuam há quatro anos em Juruti, com a execução do Funjus e alcançaram resultados que comprovam a importância de instrumentos financeiros privados para a aceleração desse processo. Por outro lado, a aliança entre empresas que possuem objetivos comuns, como a Natura e a Alcoa, é o elo que faltava para avançar de forma complementar ao desenvolvimento de políticas públicas para a região”, destaca Manoel Serrão, coordenador da unidade de mecanismos financeiros do Funbio.
Além de parte do financiamento das atividades da Aliança Tapajós, o Fundo Juruti Sustentável também acrescenta ao pacto o seu histórico de união de diferentes atores em prol do desenvolvimento local, conforme conta Gustavo Hamoy, conselheiro da entidade: “o Funjus é sustentado em um tripé composto pelo poder público local, o empresariado que atua na região e a sociedade civil organizada. Para nós, é uma alegria muito grande poder fazer parte desse pacto, com apoio do Funbio, e contribuir com a potencialização de novas ações que visam o crescimento da nossa região”.
Com forte atuação em Santarém, o Projeto Saúde e Alegria também agregará à Aliança a sua análise de cenários e conjunturas locais. Nesse sentido, a entidade produz diagnósticos participativos que facilitam o acompanhamento dos resultados pelas próprias comunidades e o planejamento conjunto das ações, oferecendo instrumentos para apoiar a população na gestão de seu desenvolvimento. “A iniciativa será uma oportunidade importante para o desenvolvimento das cadeias produtivas de forma sustentável na RESEX Tapajós-Arapiuns, com a qualificação da assistência técnica e da produção comunitária, o que permitirá impactar a renda dos agricultores, tanto pela venda direta sem intermediários, como pela comercialização com alto valor agregado diante das perspectivas de beneficiamento in loco dos produtos agroextrativistas”, ressalta Caetano Scannavino Filho, coordenador do Projeto Saúde e Alegria.
A governança das atividades será conjunta, contando com a participação ativa de todos os membros da Aliança Tapajós em encontros quadrimestrais, quando serão desenvolvidos os planos de trabalho e acompanhado o desenvolvimento das ações, bem como a consulta de rumos e rotas dos projetos previstos ou em andamento.
Sobre os membros da Aliança Tapajós:
– A Alcoa vem desde 2006 apoiando o desenvolvimento sustentável de Juruti e entorno, na região do Rio Tapajós, por meio do suporte ao tripé de sustentabilidade composto pelo Conselho Juruti Sustentável, Fundo Juruti Sustentável e os Indicadores de Juruti, sendo este um modelo inovador para empreendimentos da mineração.
– O Probio (Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para Biodiversidade – Probio II), programa existente no âmbito do FUNBIO, é um dos financiadores do FUNJUS e visa implementar estratégias de inserção da biodiversidade na economia, tendo como objetivo principal mobilizar os setores produtivos através de investimento no desenvolvimento de cadeias produtivas para a adoção de práticas de conservação e uso sustentável da biodiversidade em seus negócios.
– O Funjus (Fundo Juruti Sustentável) é um mecanismo financeiro voluntário e privado que compõe um dos pilares do tripé Juruti Sustentável, que conta com recursos em carteira para o financiamento de projetos voltados ao desenvolvimento das cadeias produtivas florestais não madeireiras em Juruti e entorno.
– A Natura busca construir um ambiente favorável ao desenvolvimento de negócios sustentáveis na região amazônica, fortalecendo as bases de uma “economia de floresta em pé” por meio de seu Programa Amazônia, pautado nas frentes de Ciência, Tecnologia e Inovação, Cadeias Produtivas e Fortalecimento Institucional. Entre seus territórios prioritários de atuação, destaca-se o intitulado “Xingu-Tapajós” (compreendendo os municípios de Santarém, Mojuí dos Campos, Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Uruará e Vitória do Xingu).
– O Projeto Saúde Alegria, dentre diversas ações de apoio ao Desenvolvimento Integrado na região oeste do Pará, vem implementando um modelo comunitário de gestão do território por meio de ações demonstrativas na RESEX Tapajós-Arapiuns e entorno, que contribuem para evitar o desmatamento e respectivas emissões de GEE, fixando carbono com base na gradual transição da tradicional atividade agrícola de corte e queima para práticas agroecológicas adaptadas e sustentáveis, além de promover alternativas de geração de renda e segurança alimentar.
Fonte: RG 15/O Impacto Brenda Alvarez