Senado inicia semana com expectativa de analisar voto aberto

Da galeria do plenário, público observa votação de deputados na Câmara
Da galeria do plenário, público observa votação de deputados na Câmara

O Senado começa a semana com a expectativa de analisar em plenário a proposta de emenda à Constituição que estabelece o voto aberto em todas as deliberações do Legislativo. Na Câmara, o destaque é o projeto do Código de Processo Civil, que busca dar celeridade a ações civis, como as relacionadas a dívidas, família, propriedade e indenizações.

A chamada PEC do Voto Aberto poderá ser apreciada em primeiro turno pelos senadores na quarta-feira (30), uma semana após ter sido aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu à Secretaria-Geral da Mesa que “promova todos os meios, sem exceção, para que nós possamos pautar, o mais rapidamente possível, essa proposta de emenda à Constituição”.

Da forma como está, a proposta acaba com o voto secreto em todas as deliberações da Câmara, do Senado e do Congresso Nacional e também estende seus efeitos às assembleias legislativas dos estados, à Câmara Legislativa do Distrito Federal e às câmaras municipais. Em agosto, enquete realizada pelo G1 mostrou apoio suficiente entre os senadores para aprovar a proposta nesses moldes.

No plenário, porém, os senadores ainda poderão modificar a proposta votando dois destaques (alterações no texto) que abrem exceções para o voto secreto. Um dos destaques acaba com as votações fechadas para cassações de mandatos e vetos presidenciais, mas mantém para indicações de autoridades. O outro restringe o voto aberto apenas às sessões de cassação parlamentar.

Caso seja aprovada pelos senadores, a proposta seguirá para promulgação e não precisará de sanção presidencial.

Orçamento impositivo
O Senado também deverá discutir a PEC do chamado Orçamento Impositivo, que poderá ser votada na quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça e, no mesmo dia, passar pela análise do plenário.

O texto obriga o Executivo a liberar recursos para despesas incluídas por deputados e senadores no Orçamento da União, as chamadas emendas parlamentares, em geral voltadas para obras de interesse local. O projeto prevê um escalonamento da destinação de determinado montante à saúde.

Segundo acordo firmado na última terça-feira (22) entre os líderes partidários e o governo, 50% de todas as emendas parlamentares individuais serão destinadas à saúde. A União destinará a essas emendas o equivalente a 1,2% da Receita Corrente Líquida da União (RCL). Ficou acertado ainda que 15% da RCL será usada para o financiamento da saúde. O percentual aumentará gradualmente até atingir esse valor em 2018.

Já está muito madura esta discussão e temos um texto mais ou menos acordado com o governo”

Eduardo Cunha,
líder do PMDB na Câmara,
sobre votação do Código de Processo Civil

Código de Processo Civil na Câmara
Na Câmara a expectativa é que os parlamentares analisem o Código de Processo Civil. A matéria é extensa e traz alterações significativas na legislação, como a vinculação da decisão de juízes a sentenças da 2ª instância e de tribunais superiores. Tanto PT quanto PMDB, partidos de maior representação na Casa, acreditam na conclusão da análise da proposta.

O ponto de maior polêmica no projeto de novo Código de Processo Civil é o que trata da guarda de depósitos judiciais, recursos provenientes de disputas na Justiça. Destaques dos deputados Laércio Oliveira (SDD-SE) e Paes Landim (PTB-PI) querem abrir a possibilidade de bancos privados receberem estas verbas. A redação adotada pela Câmara é rigorosa e prevê que os recursos fiquem exclusivamente com os bancos públicos.

A tendência é votar, nesta parte, a redação do Senado, que prevê que os depósitos fiquem “preferencialmente” em bancos públicos, abrindo assim a possibilidade de que sejam guardados em bancos privados onde não houver agências de bancos públicos.

Para o líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a votação do projeto deverá ser tranquila, com poucas divergências entre os parlamentares.  “Já está muito madura esta discussão e temos um texto mais ou menos acordado com o governo. Há dois anos que estamos debatendo isso e acho difícil haver divergência, mas pode surgir alguma coisa no plenário”, disse Cunha.

O líder do PT, deputado José Guimarães (CE), disse que o partido vai defender a votação da proposta.  “Acho que resolveremos a votação do CPC. Temos que limpar a pauta remanescente e depois entrar em novas propostas, como a lei que libera a publicação de biografias”, disse.

Biografias e Marco Civil da Internet
Na última terça-feira, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDM-RN), chegou a propor na reunião de líderes a votação da lei das biografias, que põe fim à possibilidade de recolhimento de obras não autorizadas por personalidades.

Henrique Alves, no entanto, desistiu de colocar a apreciação da matéria na pauta devido à demora que dos deputados para aprovar os projetos da minirreforma eleitoral e da alteração nas normas para renegociação da dívida dos estados e municípios com a União.

O líder do PT também afirmou que quer votar o projeto que cria um Marco Civil da Internet, com regras e punições em casos de invasão de dados privados na web. No ano passado, houve tentativas em plenário de votar a proposta, mas o PMDB obstruiu. O texto ganhou força neste ano após notícias de que o Brasil teria sido alvo de espionagem pelo governo dos Estados Unidos.

“Temos que votar o Marco Civil da Internet. Isso tem que ser prioridade”, disse o petista. No entanto, parlamentares do PMDB acreditam que é preciso negociar mais antes de colocar o projeto em votação. A proposta começa a trancar a pauta da Câmara nesta segunda (28), mas ainda que não seja votada não impedirá a apreciação do Código de Processo Civil, pois a análise de projetos que alteram códigos não é afetada pelo trancamento de pauta.

Fonte: O Globo

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