PT e PMDB prometem trégua e dizem que crise não comprometerá votações

Os líderes do PT, José Guimarães (esq.), e do PMDB, Eduardo Cunha
Os líderes do PT, José Guimarães (esq.), e do PMDB, Eduardo Cunha

“É um relacionamento que esquenta e esfria.” Foi assim que o líder do PMDB. deputado Eduardo Cunha (RJ), definiu a relação do partido com o PT na Câmara. Na última semana, petistas e peemedebistas protagonizaram cenas de “crise”, com desentendimentos entre líderes em plenário e ameaças de obstrução de votações importantes, como a da MP do programa Mais Médicos e a do projeto da minirreforma eleitoral.
Apesar disso, parlamentares dos dois partidos prometem que os atritos não prejudicarão as prováveis votações desta semana, quando devem ser analisados projetos de renegociação da dívida dos estados e de um piso nacional para agentes comunitários de saúde.
O PT é assim mesmo. (…) É um relacionamento que esquenta e esfria. O comportamento do PT é bipolar”

Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara

Para Eduardo Cunha, as disputas com o PT se dão porque o partido é “meio bipolar”. Mas ele disse esperar que as deliberações em plenário na terça (22) e na quarta (23) ocorram sem maiores divergências.

“O PT é assim mesmo. O PT, às vezes, tem comportamento diferente. Muda, vai e volta. É um relacionamento que esquenta e esfria. O comportamento do PT é bipolar, às vezes”, afirmou.

Ele alertou, contudo, que o PMDB exige que “acordos sejam cumpridos”.  “A confusão é véspera da solução em política. A gente saberá a cada dia discutir o problema. O que a gente não aceita é descumprimento de palavra. Aí, é olho por olho e dente por dente”, declarou.

Na semana passada, Cunha acusou o PT de “descumprir” acordos e ameaçou obstruir todas as votações da Câmara. O atrito se deu durante a votação do projeto da minirreforma eleitoral.

Em reunião com a presidente Dilma Rousseff, o PTx havia se comprometido a viabilizar a análise do projeto. No entanto, na última terça (15), o líder do partido, José Guimarães (CE), defendeu um requerimento do PSB que pedia o adiamento da votação da minirreforma. A atitude irritou Eduardo Cunha.

Após acusar o líder do PT de faltar com a palavra, Cunha disse que impediria todas as análises de projetos em plenário e nas comissões.

O governo federal teve que entrar em ação para acalmar os ânimos, e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, telefonou para o peemedebista a fim de garantir que o PT não iria interferir na votação.

Está tranquilo. Esses atritos fazem parte. Estamos conversando. Não vai afetar as próximas votações. O problema está resolvido”

José Guimarães (CE), líder do PT  na Câmara

O texto-base da proposta foi aprovado, mas emendas e destaques (propostas de alteração e exclusão de artigos) serão votados nesta terça.

José Guimarães também afirmou que o episódio está “superado”. “Está tranquilo. Esses atritos fazem parte. Estamos conversando. Não vai afetar as próximas votações. O problema está resolvido.”

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que o problema é entre partidos e não entre o governo e o PMDB.

“Com o governo não tem problema. Eu fiz questão de me ausentar de plenário para deixar claro que se tratava de uma questão partidária. Não queria que envolvesse o governo. Foi um atrito entre partidos”, destacou.

Votações
Nesta terça, a previsão é de que seja concluída a votação da minirreforma eleitoral, que altera regras pontuais referentes a campanhas. Mais de dez destaques e emendas ainda precisam ser apreciados pelo plenário da Câmara.

Outro projeto que já está na pauta de votações da Câmara é o que prevê a renegociação da dívida de estados e municípios, relatado por Eduardo Cunha.

O texto prevê que as dívidas passem a ser corrigidas pela taxa Selic ou pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), mais 4% ao ano – o que for menor. Atualmente, os débitos de estados e municípios com a União são corrigidos, em geral, pelo Índice Geral de Preços (IGP), mais 6% ou 9% ao ano.

Também deve entrar na pauta projeto que prevê piso salarial nacional para agentes comunitários de saúde.

Marco Civil da internet
Segundo líderes da base aliada, o texto do Marco Civil da internet começará a ser negociado de maneira a que seja viabilizada a aprovação no final deste mês ou no início de novembro.

A proposta passou a ser considerada prioridade pelo Planalto depois das denúncias de que os Estados Unidos estariam espionando comunicações do governo brasileiro.

De acordo com o líder do governo na Câmara, o Executivo deverá participar ativamente das negociações.

“Há um consenso quanto à importância, mas não há consenso quanto ao texto. Temos que nos reunir com Executivo para tratar isso. Creio que ainda há espaços para aproximação entre o que o governo pensa e o que os setores pensam”, disse Arlindo Chinaglia.

Para o líder do PMDBna Câmara, chegou o momento de se buscar um acordo para votar o Marco Civil da internet. “Tem que chegar num diálogo. Acho que está na hora de sentar para chegar a um acordo. Não vai ser do jeito que o relator quer, vai ser um meio-termo”, afirmou Eduardo Cunha.

Fonte: O Globo

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