Zizinho: “São Francisco precisa de jogadores que honrem a camisa”

“Atuais jogadores só querem aparecer, mas jogar futebol que é bom, nada!”, declarou o ex-craque do Leão santareno.

“Não sei o que acontece com esses jogadores. Parece que eles não têm brio. Hoje, eles ganham bem, possuem boa estrutura, e o resultado em campo é desastroso”, desta forma, o ex-jogador do Leão santareno, Zizinho Nunes Ferreira, 59 anos, avaliou a performance do plantel franciscano, até agora, na temporada 2017.

“Quando a gente jogava, honrávamos a camisa do Leão. Eu e meus companheiros dávamos o melhor de nós, pois queríamos que nossos conterrâneos, e a torcida tivessem orgulho de nosso desempenho. A diretoria tem que exigir e acompanhar as contratações. Para vestir a camisa do São Francisco tem que saber honrar a camisa!”, disse.

Para ele, a diretoria do São Francisco errou feio, quando não trabalhou para garantir a permanência, tanto da comissão técnica, como dos jogadores que conquistaram o vice-campeonato paraense. Segundo o ex-jogador, a conquista foi histórica, e possibilitou novas oportunidades – participação na Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro da Série D -, que não foram valorizadas como deveriam.

Depois de ser vice-campeão do Parazão 2016, o time do São Francisco, vergonhosamente, amargou o rebaixamento em 2017. Na Copa do Brasil, apesar de conquistar uma vitória expressiva jogando em casa contra o time do Botafogo da Paraíba, podemos dizer que não teve sorte, e já no segundo jogo teve que enfrentar o time do Cruzeiro, em pleno estádio Mineirão.

Faltando pouco mais de um mês para a estreia no Brasileirão da Série ‘D’, a reportagem do Jornal O Impacto, entrevistou com exclusividade, aquele reconhecido, como um dos principais craques que vestiram a camisa azulina. Zizinho fala sobre o rebaixamento e a perspectiva para nova competição. Acompanhe:

Jornal O Impacto: Zizinho Nunes, na sua visão o que aconteceu com o São Francisco de antes vice-campeão para atualmente rebaixado?

Zezinho Nunes: Aconteceram várias coisas. O São Francisco deveria ter mantido pelo menos a metade daquele plantel do ano passado. Não sei o que houve que não conseguimos trazer pelo menos seis jogadores iguais aqueles do ano passado. O time que vimos ano passado teria condições de derrotar até mesmo o time do Paysandu, não sei porque motivo no último jogo realizado em Belém, o São Francisco praticamente se entregou, o Paysandu estava praticamente caindo em campo, e o São Francisco não teve nenhum poder de reação. O Paysandu estava vindo de uma decisão, da Copa Verde, enquanto o time do São Francisco passou duas semanas treinando, porém, parecia que os jogadores do São Francisco estavam mais cansados que os jogadores do Paysandu, que estavam competindo no meio da semana.

Jornal O Impacto: Onde está o problema? Jogadores, comissão técnica, diretoria ou um pouco de tudo?

Zizinho Nunes: Existe culpa por parte da diretoria, porque quem paga é a diretoria. Eles escolhem um treinador, o treinador por sua vez seleciona os jogadores, mas a diretoria é obrigada a saber se esses jogadores realmente jogam. Não precisa ser um grande craque de bola, sabemos que craque é muito difícil ter. Não é porque um jogador fez um gol em um jogo, que já se torna um craque, nada disso, o cara não ganhou nada ainda. Atualmente, existem jogadores no São Francisco, que, caso tentassem jogar em um campeonato amador em Santarém, havia jogadores que não jogariam uma partida sequer.

Jornal O Impacto: Na temporada deste ano, observamos que um técnico assumiu, obteve duas ou três derrotas e logo após saiu. Você acha que isso motivou essa decadência?

Zizinho Nunes: Acredito que motivou, porque quando contrataram o primeiro treinador, disseram: ‘- Mas não foi esse mesmo treinador que afundou o Tapajós ano passado? Então, ele irá fazer a mesma coisa com São Francisco’. Mesmo, assim insistiram na contratação, ele trouxe um monte de jogadores que não jogavam nada. Com três jogos tiveram que mandar ele embora. Então, trouxeram o Walter, que trouxe uns dois jogadores aptos para jogar, mas também havia jogadores que não mereciam estar no São Francisco ou em qualquer outra equipe profissional disputando campeonatos profissionais. Quando os jogadores estavam em campos, não obedeciam ao treinador. Não se entregavam, não jogavam com raça, não mostravam o mínimo interesse pelo jogo.

Jornal O Impacto: Hoje os jogadores possuem melhores estruturas e condições que o senhor tinha na época que jogava. O que falta para esses jogadores honrarem a camisa do São Francisco?

Zizinho Nunes: A maioria dos jogadores não é daqui, são profissionais que gozam de uma estrutura que oferece tudo do bom e do melhor para eles, mesmo assim eles não se dedicam. Jogadores ganhando um absurdo por um futebol que eles não jogam. Acredito que deveria haver uma base salarial, em que nenhum jogador possa ganhar mais que o outro, ou que, o salário seja de acordo com desempenho, resultado concreto dentro de campo. Atualmente, a torcida não vê um jogador com diferencial. Esse ano não vimos nenhum jogador que fizesse a diferença na equipe do São Francisco, só querem se aparecer e pronto. Futebol que é bom, nada!

Jornal O Impacto: Qual sua perspectiva para a participação do São Francisco na Série D?

Zizinho Nunes: Não tenho mantido contato com a diretoria atual há algum tempo, e não sei de fato como está atualmente o time do São Francisco, mas eu espero que se forme uma boa equipe para realmente competir, e que se esforce para garantir acesso à Série ‘C’, e que não sejam eliminados dessa competição. Campeonato Paraense está fora, não vai haver a Copa do Brasil para fazer pelo menos um ou dois jogos, espero que a equipe do São Francisco faça o possível para se manter na competição da Série D do Campeonato Brasileiro.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

 

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