Vídeo – Casa Azul interrompe atividades e crianças autistas ficam desamparadas

Organização social sem fins lucrativos, hoje sobrevive de doações e voluntariado

Advogado Marlon Azevedo denuncia falta de segurança no local

O advogado Marlon Azevedo, que atualmente é o diretor geral da Casa Azul, esteve no estúdio da TV Impacto e na redação do Jornal O Impacto, onde falou sobre uma situação que aconteceu na semana passada na Casa Azul, que foi invadida por vândalos e de lá foram subtraídos vários objetos, fato que levou a paralisar as atividades da Instituição.

Já é a 11ª vez que a Casa Azul é invadida por bandidos, que não só depredam todo prédio como também levam os objetos. Desde o ano passado a Casa Azul vem sofrendo constantemente essas invasões. Ninguém sabe ao certo quem são esses indivíduos, só sabemos que as pessoas entram lá depredamo prédio e ainda levam os objetos. Por conta disso e por essainsegurança total, fomos obrigados a suspender os atendimentos com as famílias, que é a parte mais triste e mais drástica de toda situação. É dolorido, é muito prejuízo, porque a criança não vai entender, ela está no ritmo célere de evolução da melhora e quando para-no nosso caso vai fazer 30 dias-esse prejuízo é ainda maior, ter de deixar de cuidar das crianças com autismo por conta do alto índice de violência naquele bairro. Nessa última invasão, levaram duas centrais de ar”, denunciou o advogado.

INSEGURANÇA: Sobre essas constantes invasões na Casa Azul, devido à falta de segurança e falta de atenção por parte dos órgãos de segurança, Dr. Marlon Azevedo disse o seguinte: “Justamente, houve uma reunião com as famílias, com a diretoria e com os voluntários da Casa. De comum acordo nós resolvemos suspender os atendimentos até viabilizar uma situação de melhoria para aquela instituição. Foi feita uma reunião com delegado Gilberto Aguiar, que está mobilizando o delegado Castro e outros órgãos da Polícia Militar, para ver se consegue levar mais segurança para aquele local. Só que os pais estão muito ansiosos e resolveram por iniciativa própria procurar o poder público. Esta semana procuraram a Câmara Municipal, foram recebidos pela presidência, ocasião em que marcaram uma sessão para tratar sobre a segurança na Casa Azul. Esperamos que com essa reivindicação dos pais, no poder público, hajaum olhar diferenciado, pelo menos a cedência de vigilância para aquele local”.

Dr. Marlon Azevedo se reportou com relação à quantidade de famílias e crianças que são atendidas na Casa Azul. “Atualmente nós temos 100 famílias atendidas diretamente pela Casa Azul e o banco de espera demais 80 famílias para serem atendidas. São muitas pessoas em busca de ajuda, esperando ansiosamente pela continuidade dos serviços e nesse momento estão bloqueadas,estão se sentindo abandonadas, inclusive pelo poder público e pela comunidade, por não poder continuar seus atendimentos na Casa Azul, que é uma organização social sem fins lucrativos e hoje sobrevive de doações e voluntariado. A lâmpada, papel higiênico, pano de chão, tudo que possam imaginar que tem naquela casa foi alguém que doou. O mais grave, é que alguns órgãos públicos federais fazem doação, mas com essa invasão e roubos, não sabemos até quando essas doações vão continuar. Nossa preocupação é sair dessa situação de alto risco de perigo ou então colocar um sistema de segurança para tentar inibir a continuidade das invasões naquele lugar”.

100% DE DOAÇÕES: Ao ser questionado se já houve contato com a Prefeitura, para solicitar pelo menos um vigia, um prestador de serviço para ajudar na parte da segurança, Dr. Marlon Azevedo disse o seguinte: “Justamente. Na Casa Azul tinham 2 vigias. Só que por ordem da 5ª URE, eles foram retirados. No momento que os criminosos souberam que o local estava totalmente desguarnecido de segurança, eles começaram a invadir. Hoje nós estamos reivindicando, junto ao poder público, a volta de dois vigias ou quatro vigilantes para que o prédio possa ter essa segurança e as famílias possam continuar sendo atendidos por lá. Em 2017 tinha um profissional pedagogo cedido pela Prefeitura atuando na Casa, só que em dezembro ele foi retirado. Era o único profissional cedido pelo poder público municipal, mas no final do ano passado nós perdemos esse profissional. Então, a Casa ficou 100% só com voluntariados e 100% de doações. O prédio foi cedido pelo governo do Estado e já vem com a energia, mas as demais despesas sempre são pagas pelos voluntários, pelos pais da Casa que ajudam dentro das suas limitações e por alguns empresários que se sensibilizam. As universidades vão lá ajudar, fazem gincana, levam material de limpeza, alimentos. É isso, a Casa sobrevive assim, 100% de doação e voluntariado”.

PROPOSTA DE CUIDAR DAS FAMÍLIAS: O advogado falou da fundação da Casa Azul e dos benefícios que ela oferece às famílias. “A Casa Azul inaugurou no dia 20 de Janeiro 2017. De lá para cá houve muitas evoluções, um crescimento muito grande de adesão das pessoas à Instituição. É muito importante frisar que a Casa Azul não só cuidadas crianças com autismo, como de suas famílias, bem como abre um leque de possibilidades para o campo de estágio, pesquisa e extensão às Universidades, que estão lá dentro constantemente. A Casa Azul oferece oficinas, cursos de capacitação voltados para o autismo, que é um tema novo e que todo mundo tem interesse de aprender. É importante dizer,não é porque eu faço parte,mas que a Casa Azul tem uma proposta boa para Santarém, além de cuidar das famílias ela também abre um leque de possibilidades de conhecimento, como se fosse um laboratório de pesquisa lá dentro. A Casa Azul tem essa proposta diferenciada, para estar inscrita na Instituição a família tem de acompanhar a evolução da sua criança e automaticamente tem uma equipe preparada para cuidar da família ao mesmo tempo. E o mais importante de tudo isso, é que nós temos um quadro de profissionais 100% voluntários. Imagine você reunir profissionais das mais diversas áreas, pedagogos, advogados, psicólogos, assistentes sociais, neuropsicólogos. Então, assim é abençoada a Instituição. Se nós fôssemos colocar isso na ponta do lápis, não íamos ter condições de pagar esses profissionais na real conjuntura econômica que a gente vive, mas a Casa Azul tem essa equipe técnica preparada para atender as famílias. Não foi por conta disso e nunca passou pela nossa cabeça que um dia a Casa Azul fosse paralisar suas atividades, foi por conta da insegurança, que não é um problema somente nosso, é um problema público. É bom que fique bem claro, a Casa Azul não fechou, só suspendeu os atendimentos, porém, estamos fazendo reciclagem com os profissionais, todo dia tem alguma roda de conversa, uma oficina etc. Nós não podemos continuar os atendimentos por conta da total insegurança que está acontecendo. Hoje nós somos ao todo 35 voluntários, que vai desde a pessoa que ajuda na limpeza, parte de secretariado, até chegar nos profissionais técnicos,que são os psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, educador físico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional. Tem uma gama muito grande de profissionais lá dentro da Casa”, finalizou o advogado e diretor da Casa Azul, Marlon Azevedo.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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