Dr. Alberto Tolentino: “Câncer de próstata está se alastrando rapidamente”

“Campanha Novembro Azul é para orientar os homens sobre o perigo dessa doença”

Urologista orienta que o homem acima de 45 anos deve fazer o exame periódico anual

O médico urologista Alberto Gusmão Tolentino esteve no estúdio da TV Impacto e na redação do Jornal O Impacto, onde concedeu entrevista exclusiva para falar de vários assuntos, entre os quais destacamos a campanha “Novembro Azul” referente ao câncer de próstata nos homens. Dr. Tolentino também falou sobre política e futebol. Veja e entrevista:

Jornal O Impacto: Depois do “Outubro Rosa”, campanha ao câncer de mama específica às mulheres, agora chegou a vez da campanha “Novembro Azul” relacionada à prevenção do câncer de próstata específica aos homens. Fale sobre esse assunto de grande importância.

Dr. Alberto Tolentino: É um prazer estar aqui para falar a respeito do “Novembro Azul”. A gente pede que o homem não deixe para fazer seu exame somente no mês de novembro, que ele faça durante o ano todo o seu preventivo. É uma doença que vem se alastrando e de cada 7 homens, 1 vai apresentar o câncer de próstata, só perde para o câncer de pele. Então, é uma doença que vem se alastrando e com isso a gente precisa fazer justamente o preventivo, para que possamos diagnosticar, ou seja, descobrir esse câncer. Caso apareça na pessoa em uma fase inicial, é feita a cirurgia e tem cura. Daí a importância da pessoa procurar e ter o seu preventivo religiosamente anual.

Jornal O Impacto: A partir de que idade que o homem deve procurar fazer esse exame?

Dr. Alberto Tolentino: Antigamente esse exame se iniciava aos 40 anos, mas a nova idade que vem sendo preconizada pela Sociedade Brasileira de Urologia é de 45 anos para aquelas pessoas que têm história de câncer na família, e 50 anos para as pessoas que não têm história familiar. Hoje, impreterivelmente com 50 anos o indivíduo deve começar a fazer o seu exame de próstata.

Jornal O Impacto: Exatamente por ser uma doença silenciosa, o cidadão acha que não tem nada e deixa de fazer esse exame?

Dr. Alberto Tolentino: 90% do câncer de próstata inicia na cápsula, ou seja, ele inicia lá fora. Até atingir a uretra, para o cara ter sintoma, vai ser quando ela esteja toda tomada, quando já não tem mais jeito para você fazer a cirurgia, a não ser tratamento que a gente diz paliativo, que seria radioterapia e quimioterapia. O que a gente orienta é justamente para que ele vá precocemente, mesmo sem sentir nada ele obrigatoriamente tem de fazer o seu preventivo todo ano, a partir dos 50 anos, para que justamente se diagnosticado naquele momento um nódulo pequenininho você consiga a cura dos pacientes.

Jornal O Impacto: Como é que é feito o tratamento?

Dr. Alberto Tolentino: Para que a gente possa orientar bem, o PSA isoladamente não tem função, para nós ele é isolado. Em algumas pessoas pode dar aumentado e não ser câncer. O PSA pode aumentar quando o indivíduo tiver um processo inflamatório na próstata, pode aumentar quando ele tiver um aumento exagerado da próstata, que é natural da idade do indivíduo. Então, o PSA isolado não quer me dizer muita coisa. Agora, ele associado a ultra-som transretal ou ao toque retal, aí sim você encontrará um nodulozinho. Com o PSA aumentado você tem grande chance de ter um câncer de próstata, daí a necessidade de fazer uma biópsia prostática, onde vem a confirmação do diagnóstico. Através da biópsia de próstata você confirma o câncer e vai dar o tipo celular desse tumor, se ele é muito agressivo ou se ele é pouco agressivo. Daí você vai instituir o tratamento, que vai desde a retirada total da próstata, completada com a vesícula seminal, que a gente chama de prostatectomia radical. Algumas escolas hoje estão fazendo em câncer inicial de próstata apenas o acompanhamento clínico Inicial e, posteriormente o cirúrgico se ele vier a evoluir, porque o câncer de próstata é 8 ou 80, ou seja, ou ele é muito agressivo ou ele é muito lento na sua progressão, Daí a grande importância de fazermos o diagnóstico e já fazer o tratamento, porque mesmo que você faça o bloqueio hormonal desse indivíduo, inicialmente a gente  sabe que o câncer de próstata se alimenta da testosterona, que é o hormônio produzido no testículo, você vai ter duas formas de bloquear, através de medicamentos ou através da castração. Mesmo, indivíduo castrado, é feita a raspagem do testículo para que ele não produza a testosterona, que é o alimento desse tumor. Então, você pode ter outro tipo de tratamento, que não é tão eficaz como a cura com uma cirurgia, mas que pode pelo menos deixar o indivíduo com o tumor quietinho, dormindo e adormecido ali.

Jornal O Impacto: Qual é a relação que se tem entre a questão da próstata com a redução de potência sexual?

Dr. Alberto Tolentino: Veja bem, quando a pessoa é operada, tem um índice que pode acontecer de ficar com disfunção erétil. Mas, só que hoje, com o advento da prótese peniana, que é uma cirurgia tão simples e barata, não é mais nenhum tipo de problema para o indivíduo ficar com disfunção erétil, porque ele põe uma prótese peniana, faz esse tratamento cirúrgico e aí volta a manter relação tranquilamente, sem problema nenhum. A cirurgia por adenoma prostático não tem disfunção sexual nenhuma, mas no câncer de próstata você é obrigado a retirá-la com a cápsula por completo e a vesícula seminal, então, com isso você pode ter algum tipo de lesão nessa inervação e a pessoa ficar com disfunção sexual. Além disso, outra complicação também aí a incontinência urinária, o indivíduo ficar perdendo urina. São duas complicações que podem advir da cirurgia, mas nem todos os indivíduos apresentam esse tipo de complicações.

Jornal O Impacto: Tem um tabu de alguém falar que não vai fazer o exame preventivo, porque de repente vão pedir uma biópsia e, quando nisso a coisa complica. Isso tem veracidade?

Dr. Alberto Tolentino: Existe esse tabu, mas não é verdade. Hoje é feito através de agulha, a gente faz a ultra-som transretal e com agulhas bem pequenas e fininhas, para colher o material. Não tem como alastrar esse tumor. Nós fazemos a coleta justamente para que a gente possa fazer o diagnóstico mais precoce e com isso já fazer o tratamento. Isso também é uma forma do indivíduo fugir do exame com esse tipo de informação, que não condiz com a verdade.

Jornal O Impacto: Bem Doutor, mande aquele recado direto para acabar com esse negócio de ter vergonha. Aquele papo de dizer que ´eu sou machão e não vou procurar o médico`.

Dr. Alberto Tolentino: Eu acho que não cabe mais na sociedade atual que a gente vive, esse tipo de vergonha. Hoje a gente vê a liberdade sexual acontecendo a torto e a direito, então, eu acho que não temos mais desculpas para que não façamos o preventivo. Você homem acima de 50 anos ou aquele que tem acima de 45 anos com histórico de câncer de próstata na família, faça o seu preventivo, para que você possa ter uma vida normal. É uma doença que quando diagnosticada precocemente tem cura, então, isso é muito bom, você fica curado e com isso vai por aproveitar essa vida maravilhosa que Deus nos proporciona, sem nenhum tipo de patologia e sequelas. Procure o seu médico para que você possa fazer o seu preventivo, não só no “Novembro Azul”, mas durante o ano todo. Eu só tenho a agradecer essa abertura do Jornal O Impacto, pelo convite, porque se faz necessário. Eu acho que é uma doença que a gente vê que está se alastrando muito. Nós atendemos tanto no Hospital Regional como no Hospital Municipal, então, não tem desculpa do indivíduo não chegar porque é de graça o atendimento. Nesse mês de novembro pretendemos fazer algum tipo de campanha também de atendimento pelo Hospital Regional e pelo Hospital Municipal, para que possamos atingir cada vez mais o número maior de homens e diminuir a letalidade dessa doença, porque o indivíduo que tem essa doença e não cuida, o primeiro local que ela vai atingir é os ossos. É uma morte terrível e com muitas dores, por isso que precisamos evitar que chegue nesse estágio de metástase óssea, por isso a necessidade de curar logo essa doença, para que o indivíduo possa desenvolver sua atividade social, sua atividade laborística, de uma maneira tranquila.

Jornal O Impacto: Para encerrar, não podemos deixar de perguntar: cientificamente pode-se dizer que a causa dessa doença, é alimentação péssima e falta de exercício?

Dr. Alberto Tolentino: Veja bem, são conjuntos de fatores. A gente vê que o tabagismo entra sempre como primeiro colocado, bem como a prédisposição genética do indivíduo. Vários fatores se acumulam para que você possa ter essa prédisposição, essa doença. Por isso que a gente diz que o melhor remédio é o que? É a prevenção. Não existe nenhum tipo de medicamento que você tome preventivo, não existe nada assim. É lógico, uma alimentação saudável, exercício físico, você tomar sol, a vitamina D, tudo isso favorece para que você tente evitar o aparecimento dessa doença, mas o que a gente sabe que o melhor mesmo é a prevenção, através do seu exame periódico anual.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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